Por: Constança Ladeiro
A BIGhub, startup portuguesa especializada na integração de lojas nos marketplaces europeus, recebeu um investimento de 2 milhões de euros da Blue Crow Capital, com a possibilidade de mais 1 milhão nos próximos 12 meses.
Além disso, garantiu um financiamento de 8 milhões de euros para criar o BIGcash, um serviço inovador que promete transferências imediatas para lojistas, eliminando o habitual período de espera de 45 dias.
Em entrevista à PME Magazine, Rúben Lamy, fundador e CEO da BIGhub, aponta os benefícios da marca. “Os comerciantes vendem através da BIGhub nos marketplaces, pelo que o pagamento destas plataformas é feito à nossa empresa, o que nos permite adiantar o valor das vendas e, posteriormente, recebê-lo diretamente do marketplace em questão”, sublinha.
PME Magazine (PME Mag.) – Como surgiu a BIGhub e que soluções apresenta?Rúben Lamy (R.L.) – O negócio surgiu da necessidade de integrar empresas nos vários marketplaces da Europa de forma simples, sem burocracias e garantindo o rápido pagamento, procedimento que, em condições normais, tende a ser demorado.
Qualquer lojista ou fornecedor de produtos pode registar-se na nossa plataforma, passando a evitar, desta forma, burocracias e preocupações com normas, pois só é necessário obedecer aos termos e às condições destes marketplaces.
PME Mag. – Quais foram os principais marcos na trajetória da BIGhub, desde a sua fundação, e quais os desafios que encontraram até agora?
R.L. – Como principais marcos na trajetória da BIGhub, mencionaria a sua expansão, visto que, atualmente, já contamos com mais de 400 lojistas na plataforma, 41 colaboradores e presença em cinco países (Portugal, Espanha, Alemanha, Itália e França).
“(…) cada marketplace tem um software diferente, pelo que se torna desafiante gerir as particularidades de cada um”
Quanto aos desafios, posso referir a falta de investimento inicial, que exigiu que a sustentabilidade do negócio se baseasse nas ideias inovadoras e na vontade dos colaboradores em evoluir, e a complexidade das tecnologias. Isto é, cada marketplace tem um software diferente, pelo que se torna desafiante gerir as particularidades de cada um
Neste seguimento, também atualizar constantemente os produtos em cada marketplace é difícil, porque os seus gestores trabalham de forma bastante distante dos clientes, o que atrasa os processos.
PME Mag. – O investimento de 2 milhões de euros irá servir para expandir para que mercados? Já têm mercados prioritários definidos? Como será feita essa expansão?
R.L. – Este investimento não se destina, apenas, à expansão do negócio. O valor será, também, utilizado para reforçar os recursos humanos da BIGhub, permitindo uma resposta mais eficiente que acompanhe este crescimento. Desenvolver as áreas da tecnologia e da otimização de processos é, ainda, um importante foco.
No que diz respeito à internacionalização e ao objetivo de alargar a presença do negócio para novos mercados, consolidando a posição da empresa como aceleradora de vendas nos principais marketplaces europeus e garantindo uma melhor experiência do utilizador, temos planeada a abertura de um escritório em Paris, expandindo, assim, primeiramente, para o mercado francês.
Contamos, ainda, com a exploração de mercados fora da Europa, no Brasil e na Colômbia, por exemplo.
PME Mag. – Com o crescimento da equipa, quais são as principais áreas em que pretendem reforçar talento?
R.L. – Pretendemos reforçar as áreas comercial e da tecnologia. Para o primeiro caso, são necessários mais profissionais para alcançar novos clientes noutros mercados. Já na área da tecnologia, a expansão justifica-se por sermos uma empresa com foco no futuro e na aquisição de novas ferramentas que melhorem o desempenho das empresas e a qualidade de vida de todos os envolvidos.
Reforçar talentos nas áreas de gestão é, também, imprescindível. O negócio apresentou um crescimento exponencial e muito rápido, pelo que a sua gestão se complexificou, algo que pretendemos colmatar.
PME Mag. – O BIGcash promete um pagamento imediato aos lojistas. Como funcionará esse modelo na prática e o que o diferencia de outros serviços financeiros?
R.L. – O BIGcash trata-se de um serviço que adianta o dinheiro das vendas para os lojistas e anunciantes da BIGhub, permitindo o pagamento num dia, em vez de esperar pela transferência dos marketplaces, que pode demorar até 45 dias. Este inconveniente está associado a possíveis prejuízos na reposição de stock, ou na expansão do negócio, devido à falta de um fluxo de caixa adequado.
“O vendedor de comércio eletrónico envia os pedidos e, no dia seguinte, o BIGcash paga até 100% das vendas líquidas”
Agora, o vendedor de comércio eletrónico envia os pedidos e, no dia seguinte, o BIGcash paga até 100% das vendas líquidas. Desta forma, os nossos clientes podem repor o stock, ou até mesmo comprar os produtos e revendê-los. Como resultado, as vendas podem aumentar potencialmente sete vezes nos primeiros 90 dias.
Assim, o nosso diferencial reside no retorno imediato dos pagamentos nos marketplaces e na agilidade dos mesmos, em até 24 horas após as transações.
PME Mag. – Como imaginam a BIGhub daqui a cinco anos? Qual é a visão a longo prazo da empresa?
R.L. – O nosso principal objetivo é que as receitas atinjam os 150.000 € por mês. Daqui a cinco anos, pretendemos estar em todos os marketplaces, a transacionar entre 13 e 14 mil produtos diariamente.
Integrar a IA (Inteligência Artificial) nos nossos processos é, ainda, um objetivo. Estamos a implementar esta tecnologia com a ajuda das Universidades de Évora e do Algarve. A primeira está focada nas traduções das especificidades dos produtos em todas as línguas, enquanto a segunda está focada no desenvolvimento de um agente virtual que conecte os diferentes marketplaces, disponibilizando um suporte de 24 horas por dia ao cliente.