Por: Afonso Godinho
Num ano marcado pela pandemia, a X-Plora, uma App portuguesa especializada em guias multimédias para visitas aumentadas, tem vindo a desenvolver-se e a realizar vários projetos relativos à realidade aumentada e virtual, apostando em tecnologias, ferramentas e conteúdo personalizado e oferecendo uma experiência imersiva e interativa, principalmente direcionada para o turismo, mas atuando em áreas como o retalho, a indústria, o desporto ou a cultura.
Em entrevista à PME Magazine, Mafalda Rica, CEO da X-Plora, fala um pouco deste primeiro ano da empresa, abordando os projetos desenvolvidos, analisando a nomeação como uma das startups mais inovadoras, pelo NEST, e perspetivando aquilo que será o futuro da empresa.
PME Magazine – Como analisa o primeiro ano da X-Plora?
Mafalda Rica – Temos apenas um ano. E somos um bebé Covid. Por este motivo diria que foi um ano intenso. Intenso em Investigação e Desenvolvimento, em decisões e intenso em reflexões estratégicas.
PME Mag. – De que forma é que a atual situação pandémica veio alterar os projetos e desenvolvimentos da empresa?
M. R. – Toda esta situação pandémica poderia ter sido uma bomba atómica em cima da nossa empresa. Tínhamos um negócio totalmente virado para o turismo, com um business plan feito com base nos milhões de turistas que visitam todos os anos os museus e cidades de todo mundo. Fundámos o X-Plora, e passados 5 meses, a razão pela qual existíamos, tinha desparecido. Sem turismo e sem apoios, porque todos estes apoios às empresas, mesmo para as orientadas para turismo, não se aplicam a uma tecnológica como o X-Plora (o nosso CAE não serve), tivemos que nos reinventar. Foi então que antecipámos e melhorámos algo que já estava nos nossos planos, mas nunca de uma forma tão elaborada: as visitas virtuais. No fundo, aplicámos o nosso know-how e as funcionalidades que tínhamos para as visitas físicas, ao mundo virtual. A verdade é que esse mundo cresceu, tornou-se mais maduro e mais atrativo para os biliões de pessoas que estão fechados em casa a consumir entretenimento e, porque não, a consumir experiências em cidades, museus, etc. E tudo isto acabou por ser positivo para nós. Ao dia de hoje, o X-Plora é um produto muito mais completo e com muito mais mercado e potencial de escalabilidade.
Aplicámos o nosso know-how e as funcionalidades que tínhamos para as visitas físicas, ao mundo virtual.
PME Mag. – Para além das ferramentas de realidade aumentada desenvolvidas na aplicação, que outras especificidades tem a X-Plora?
M. R. – O X-Plora é um guia imersivo que aposta na realidade aumentada e realidade virtual, mas que tem outras funcionalidades, como o sistema de contextualização, a Gamification e o Sistema de Incentivo à compra de produtos e serviços de um museu ou de uma cidade, que fazem do nosso produto uma ferramenta de apoio às visitas verdadeiramente única no mercado.
PME Mag. – Qual a ferramenta que mais destacaria?
M. R. – A Realidade Aumentada. Sem dúvida, uma das nossas bandeiras.
PME Mag. – Em que exemplos práticos podem ser aplicadas as ferramentas para o diverso tipo de atividades presentes no turismo (ou noutros setores)?
M. R. – Os nossos guias multimédias, para visitas físicas ou virtuais, servem no fundo para alcançar visitas mais completas e contextualizadas, e para acrescentar novas camadas de informação à realidade que está à nossa frente e que ganha uma nova vida. São tantas as histórias que estão por detrás de um quadro, de uma peça de arte, da fachada de um edifício, de uma máquina numa fábrica, que o X-Plora pode ser aplicado a cada uma destas histórias, cumprindo com o seu propósito de dar uma nova voz a todos estes pontos de interesse. Os melhores exemplos da aplicação da realidade aumentada são, por exemplo, casos de atrações como a Vila Histórica de Almeida. Ao repormos uma realidade, um castelo, que já não está à nossa frente, mas que através da câmara de um telemóvel pode, de uma forma quase mágica, passar a estar. Estamos a explorar tantos novos mundos que o céu passa mesmo a ser o nosso limite.
PME Mag. – Como surgiu e em que consiste o mais recente projeto, “Conhecer Almeida”?
M. R. – Surgiu da vontade do nosso cliente, em revolucionar a forma como os turistas visitavam Almeida e de trazer de volta o castelo que tinha desparecido com as invasões francesas, em 1810. Além desta experiência de realidade aumentada dentro de um dos túneis do Castelo, esta é uma tour com 25 pontos de interesse acompanhados com conteúdos multimédia, AR, VR e Gamification.
A Realidade Aumentada é, sem dúvida, uma das nossas bandeiras.
PME Mag. – Numa altura crítica para o cenário económico e para o setor turístico, de que forma é que a X-Plora pode apoiar no desenvolvimento e recuperação dos mesmos?
M. R. – O X-Plora, enquanto ferramenta de suporte às visitas às cidades e Museus, pode contribuir para tornar mais atrativos os destinos turísticos, promovendo o seu turismo virtual e real, e dando aos promotores destes destinos a possibilidade de criarem novos modelos de negócio para conseguir fontes alternativas de receita através da nossa APP. As compras in-app e as que são encaminhadas e incentivadas através da nossa APP podem gerar uma receita tão ou mais interessante do que a bilheteira de um museu.
PME Mag. – Quais os principais setores que recorrem aos vossos serviços? Qual o feedback que têm recebido?
M. R. – Qualquer setor que precise de uma ferramenta de apoio às visitas físicas ou virtuais. Museus e Centros de Visita, Cidades, Estádios, Showrooms, Shoppings e até Indústria. O feedback que temos tido é muito positivo. Temos atingido os nossos objetivos e a verdade é que sentimos que avançar para a nossa APP nunca é uma questão do produto, mas apenas da pertinência do investimento.
PME Mag. – Como tem sido feito o desenvolvimento nacional e, principalmente, internacional da empresa?
M. R. – Com uma equipa extraordinária que consegue gerar leads qualificadas através de mensagens no Linkedin, algum investimento em marketing digital e uma enorme aposta em parceiros e business developersnacionais e internacionais. Em Portugal, temos parceria com a Altice e algumas agências e a nível internacional já temos parceiros e business developers na Alemanha, UK, Holanda, Bélgica e Brasil.
As compras in-app e as que são encaminhadas e incentivadas através da nossa APP podem gerar uma receita tão ou mais interessante do que a bilheteira de um museu.
PME Mag. – Como encara a nomeação da empresa como uma das startups mais inovadoras na área do turismo, pelo NEST?
M. R. – Com um enorme gozo e satisfação. O X-Plora é um produto que antes de ser lançado passou por várias fases de investigação e desenvolvimento. Experimentámos várias formas de experiências imersivas e interativas até chegarmos a esta fórmula. As decisões que tomámos, a abordagem tecnológica que adaptámos, não aconteceram por acaso. Foi algo bem investigado, testado e consolidado. Por este motivo, e depois de tanto esforço e dedicação da equipa a este tipo de tecnologias, sermos reconhecidos como uma das startups mais inovadoras faz-nos acreditar que realmente as nossas convicções estavam certas. Que o caminho que traçámos e que tudo aquilo que sonhámos valeu realmente a pena.
PME Mag. – Quais as perspetivas futuras para a X-Plora? Têm algum projeto em desenvolvimento, além dos mencionados?
M. R. – Temos um projeto em desenvolvimento para uma vila histórica em Inglaterra, um outro para um Museu em São Paulo, uma visita virtual a um showroom de uma indústria de referência em Portugal, parcerias a serem estabelecidas com revendedores em toda a Europa e um produto com bastantes novidades e lançamentos previstos para este ano.
Temos parcerias a serem estabelecidas com revendedores em toda a Europa e um produto com bastantes novidades e lançamentos previstos para este ano.
PME Mag. – Quantos colaboradores tem a empresa? Estão previstas contratações?
M. R. – Por enquanto somos 10, mas o nosso objetivo de atingir uma grande escala nacional e internacional faz com que as futuras contratações sejam inevitáveis.
PME Mag. – Qual a principal característica diferenciadora da X-Plora em relação a outras empresas do mesmo setor?
M. R. – O facto de conseguir conjugar na mesma plataforma uma solução de guia que tem sistema de contextualização, tem AR, VR, Gamification, etc. Vemos no mercado muitas APP‘s para visitas guiadas: umas com GPS, outras com beacons, umas com Realidade Aumentada e Virtual, outras com visitas Gamificadas, mas a verdade é que são poucas as soluções que conjugam todas estas funcionalidades numa única plataforma. Também os conteúdos e storytelling que desenvolvemos fazem das nossas visitas guiadas, visitas únicas e de enorme impacto para os utilizadores.