Por: Denisse Sousa
O antigo vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, foi o último orador da Web Summit, mas nem por isso o menos importante. Subiu ao palco após uma apresentação cheia de energia por Paddy Cosgrave e, perante um Altice Arena cheio, Al Gore foi recebido com uma onda de aplausos.
Nos ecrãs gigantes passou o trailer do seu próximo filme, Uma Sequela Inconveniente, e foi o mote para uma conversa em torno de decisões políticas, Donald Trump e dos Estados Unidos.
No entanto, o ex vice-presidente americano, agora ativista ambiental, estava ali para recrutar os participantes da Web Summit para a luta contra as alterações climáticas.
“O meu papel aqui é recrutar-vos para serem parte da solução para as alterações climáticas”, disse Al Gore, enumerando os vários furacões, secas, tempestades que assolaram o mundo, com consequências devastadoras. Relembrou também aqueles que sofrem diretamente com as alterações climáticas, ficando expostos à fome, perdendo os seus bens, ou que se deslocaram por causa destes fenómenos.
No seu discurso, Al Gore referiu três perguntas que achou essenciais na luta contra as alterações climáticas: 1) Temos de mudar? 2) podemos mudar? 3) vamos mudar. Em reposta às três perguntas o ativista acredita profundamente que sim, porque não há outra solução.
“O nosso mundo está à beira de uma revolução sustentável, talvez à mesma magnitude da revolução industrial, mas à velocidade da revolução digital e impulsionada pelas ferramentas digitais e a internet das coisas, máquinas e a inteligência artificial. Muitas destas ferramentas e tecnologias estão a ser desenvolvidas por homens e mulheres nesta plateia! Obrigada pelo trabalho que estão a fazer. Já estão a fazer a diferença”, afirmou Al Gore.
Al Gore deixou uma clara distinção entre os Estados Unidos e as decisões políticas de Donald Trump. Apesar do presidente americano ter afirmado este ano a retirada do Acordo de Paris, um tratado assinado por 195 países para a redução de emissão dióxido de carbono a partir de 2020, Al Gore afirma que os Estados Unidos enquanto nação irão honrar o compromisso.
“O estado de Nova Iorque, da Califórnia, centenas de empresas e empresários, todos disseram “ainda estamos no Acordo de Paris” e lançaram a hashtag #wegotthis. Os EUA irão cumprir e exceder o seu compromisso no Acordo de Paris. Por isso, há que fazer essa distinção entre os Estados Unidos e Donald J. Trump.”
Marcelo encerrou Web Summit com promessa para o próximo ano
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subiu ao palco depois de Al Gore para uma curta intervenção ao lado de Paddy Cosgrove. O chefe do Estado português partilhou a sua preocupação com a existência de “demasiados políticos” que “negam a realidade” relativamente às alterações climáticas, salientando que Portugal permanece fiel aos Acordos de Paris.
Perante a incerteza de uma próxima edição da Web Summit em Lisboa, o Presidente da República manifestou no Altice Arena o desejo de que, não apenas no próximo ano, mas “nos próximos”, Portugal volte a ser o anfitrião deste importante evento de tecnologia.
