Por: Ricardo Parreira, CEO da PHC Software
Lembro-me como se fosse ontem e nunca pensei que fosse tão verdade quanto hoje. Estava em Washington D.C. quando vi pela primeira vez a expressão “every business is a software business”, num billboard, como dizem os norte-americanos. Era um anúncio de uma empresa que já não está entre nós, mas o significado dessas palavras ficou para sempre.
Todos os negócios são negócios de software. Que quer isto dizer? Será que todas as empresas se tornarão em produtoras de software? Algumas, sim. Ainda no ano passado vimos fabricantes de automóveis a recrutar programadores em plena Web Summit. Algo que seria impensável há alguns anos, mas hoje tão comum – como se produzir software se tornasse numa competência incontornável dos mercados da era digital.
No entanto, será impensável que todas as organizações se transformem em software houses. Irá uma PME tornar-se numa produtora de ferramentas tecnológicas? Muito dificilmente. Produzir software não é simples, requer mão de obra especializada em várias frentes, metodologias próprias e uma cultura de tecnologia que não é (ainda) transversal a todos os setores. Mas se há ponto incontornável é que todos os negócios se tornaram dependentes da tecnologia para serem bem-sucedidos.
Hoje, para ter e manter o sucesso, uma empresa necessita de ter capacidade de se adaptar e responder ao maior desafio de gestão desde a invenção da máquina a vapor. Falo do poder do cliente – o principal driver da transformação digital. É o crescente poder do cliente que está a provocar uma mudança tão drástica e à qual nenhum negócio ficará indiferente.
“Produzir software não é simples, requer mão de obra especializada em várias frentes, metodologias próprias e uma cultura de tecnologia que não é (ainda) transversal a todos os setores.”
Em todas as frentes, sejam internas ou externas, diferentes tipos de clientes – chamemos figurativamente de clientes a todos os que interagem com as empresas – procuram respostas para as suas diferentes necessidades. E estão cada vez mais exigentes. As empresas têm de estar à altura dessas expectativas. Quem compra um serviço espera qualidade, velocidade e personalização. Quem trabalha numa empresa procura mais do que um salário. Quer bom ambiente, crescimento profissional e propósito no seu trabalho. Quem gere quer rapidez de resposta, melhores processos e acesso a informação.
A parada encontra-se elevada e dificilmente baixará. Para responder a este desafio, os negócios tornaram-se dependentes de ferramentas tecnológicas de gestão. Precisam de equipas ligadas em redes colaborativas digitais, de dashboards de atividade para tomar decisões, de processos automatizados para que as pessoas tenham mais tempo para tarefas de maior valor, de métricas para gerir e liderar melhor, de automatismos de self-service para melhorar a customer experience, entre tantas outras extensões das nossas capacidades que os sistemas de ERP hoje trazem.
O sistema nervoso digital tornou-se num dos elementos mais diferenciadores da atividade empresarial. Depois de áreas como a faturação, o imobilizado, os vencimentos ou as operações, expandiu-se para a experiência do cliente e a produtividade do local de trabalho. Trouxe novos horizontes à gestão, possibilitando ganhos de produtividade não antes possíveis. E que agora se encontram acessíveis a qualquer PME.
“O sistema nervoso digital tornou-se num dos elementos mais diferenciadores da atividade empresarial.”
Porque todos os negócios são negócios de software? Porque não os conseguimos pensar de outra forma. Qual será o futuro de uma empresa que não abrace a transformação digital?