Por: Ana Rita Justo
Liderado pela EDP e com participação da Engie, Repson e Principle Power Inc., o consórcio Windplus pôs em prática, no último ano, o projeto WindFloat Atlantic, com o primeiro parque eólico flutuante da Península Ibérica. A uma turbina da velocidade cruzeiro para abastecer 60 mil casas por ano.
O primeiro parque eólico flutuante da Península Ibérica já é uma realidade. De cunho português, o WindFloat Atlantic é uma iniciativa do consórcio Windplus, que tem a EDP Renováveis como líder (54,4%), à qual se juntaram a Engie (25%), a Repsol (194%) e a Principle Power Inc. (1,2%). O objetivo é trazer energia mais limpa a todas as casas.
O parque conta já com duas turbinas eólicas instaladas, mas quando estiver a todo o gás serão três as turbinas eólicas instaladas, com uma capacidade de produção de 25 megawatts, o equivalente ao consumo de cerca de 60 mil casas por ano.
A instalação da primeira turbina deu-se em julho do ano passado, no porto exterior de Ferrol, em Espanha, seguindo depois rumo às águas ao largo de Viana do Castelo, o seu destino final, a cerca de 20 quilómetros da costa, onde as águas alcançam uma profundidade de 100 metros. Já a segunda plataforma saiu de Ferrol em dezembro passado. A primeira já foi conectada à rede, enquanto a segunda será conectada em breve.
A terceira turbina está pronta para ser transportada para junto das duas primeiras, aguardando condições meteorológicas favoráveis que o possibilitem.
Construídas em aço, cada torre eólica tem cem metros de altura a contar da linha de água [ver infografia], com pás de cerca de 80 metros cada. Estas estarão montadas em plataformas flutuantes – cada uma com 30 metros, o equivalente a um prédio de dez andares – amarradas ao leito marinho, com uma capacidade instalada total de 25 megawatts. A potência instalada em cada turbina é de 8.4 megawatts.
A altura total, desde o fundo da plataforma até à ponta de uma das pás, alinhada na vertical, é de 210 metros, o equivalente a mais de quatro campos de futebol.
“O projeto WindFloat Atlantic é mais um importante aliado no esforço de produção de energias renováveis”, considera o consórcio, num esclarecimento por escrito à PME Magazine.
Porquê plataformas flutuantes?
Um projeto complexo, mas com vantagens notórias, uma vez que permite produzir energia limpa a partir do vento no mar, em localizações de mais de 60 metros de profundidade, minorando o impacto no meio ambiente.
Estas estruturas flutuantes contrastam com as tradicionais, fixas ao fundo do mar, que “implicam meios logísticos bastante mais onerosos para a sua completa instalação”, explica o projeto à nossa revista. Estas estruturas flutuantes podem ser desenvolvidas para águas muito profundas, aproveitando recursos energéticos nestas áreas de mar, principalmente tendo em conta a grande profundidade do mar português. Tal só foi possível através da tecnologia avançada da Principle Power, uma das empresas que compõe o consórcio
A criação destas plataformas flutuantes foi a grande inovação deste projeto, com base nas experiências da indústria de petróleo e gás, para assim suportar turbinas eólicas multi-megawatts em aplicações marítimas.
A plataforma flutuante é semi-submersível e está ancorada no fundo do mar. A estabilidade à tona da água acontece através do uso de “placas de aprisionamento de água” na parte inferior dos três pilares, associada a um sistema estático e dinâmico de lastro.
O sistema WindFloat adapta-se a qualquer tipo de turbina eólica marítima. É construído inteiramente em terra, incluindo a instalação da turbina, evitando, deste modo, o uso dos escassos recursos marinhos.
O projeto piloto, o WindFloat 1, começou em 2011, com a instalação de uma unidade na costa portuguesa, perto da Aguçadoura, que foi conectada à rede no final de dezembro desse ano. O WindFloat 1 operou durante cinco ano, produzindo mais de 17 gigawatts-hora, num mar com ondas de 17 metros.
O projeto evoluiu agora para a fase pré-comercial com o WindFloat Atlantic.
O projeto reflete um investimento superior a 96 milhões de euros. Destes, 60 milhões de euros foram financiados pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), em outubro de 2018. Entretanto, o WindFloat Atlantic receberá 29,9 milhões de euros provenientes do programa NER300, da União Europeia, e até seis milhões de euros do Governo, através do Fundo de Carbono Português.