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Lisboa Capital Verde, mas… como?

Por: Mariana Barros Cardoso

Apresentará a capital medidas irrealistas? Ou fazíveis? Fomos à procura de respostas, umas conseguimos com sucesso outras nem por isso. Mas…. como será a Capital Verde Europeia 2020 em medidas, onde não há habitação para os locais, onde o turismo continua a imperar e onde os espaços verdes crescerão a uma velocidade utópica para amenizar os danos da poluição? Porque foi Lisboa eleita para ser a Capital Verde Europeia 2020? Foi distinguida em 2018 por responder a 12 fatores correspondentes ao título e continuará ao largo do ano a apresentar e equacionar medidas, conferências e apelos para que, no fim, Lisboa possa dizer que conseguiu mais do que acabar com os ‘descartaveizinhos’.  

A União Europeia promove um prémio ao vencer a distinção de Capital Verde Europeia. Numa altura em que não existe planeta B e em que se vive um estado de emergência ambiental, a capital portuguesa recebeu a distinção e é a capital para este ano de 2020, sendo assim a primeira capital do sul da Europa a conseguir vestir este título. 

Até aqui, Lisboa teve que se candidatar e apresentar-se como uma “forte candidata nas áreas do desenvolvimento urbano sustentável, mobilidade, uso sustentável da terra, adaptação às mudanças climáticas, tratamentos de resíduos urbanos, crescimento verde e ecoinovação”, conforme se lê no texto de José Manuel Marques, redator da revista Lisboa, distribuída pela autarquia aos munícipes em janeiro deste ano..  

slogan escolhido por Lisboa, para Lisboa é “Escolhe evolui” e conta ainda com uma mensagem (ver caixa) para os mais céticos no que respeita à concretização das medidas apresentadas para corresponder aos 12 indicadores avaliados por especialistas internacionais.  

Sob este mote, Lisboa comprometeu-se a cumprir os objetivos para que seja uma cidade mais sustentável na próxima década. Assim, o desafio foi feito a toda a cidade e em especial a empresas, organizações, associações e instituições (públicas e privadas) para que assumam um compromisso de ação climática para a próxima década.  

As medidas que são pedidas a todos que ajudem a fazer-se possíveis passam pela redução de 60% nas emissões de CO2 até 2030, a neutralização carbónica até 2050 e a resiliência às alterações climáticas. 

Uma mobilidade mais sustentável onde é equacionada uma ciclovia de 200 quilómetros, uma infraestrutura verde no combate às alterações climáticas com a criação de mais 100 hectares de espaços verdes até 2021 com 25% de espaços verdes na cidade até 2022, tendo atualmente Lisboa 250 hectares de zonas verdes.  

Qual o papel das empresas e organizações neste compromisso? 

São várias as empresas e organizações (cerca de 200) que se juntaram a esta causa e assumiram este compromisso junto da sociedade e dos cidadãos. Entre elas estã: a rede de supermercados Aldi, a companhia de seguros Allianz, a Altice Portugal, a ANA – Aeroportos de Portugal, a APIP – Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos, AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, vários bancos portugueses (BPI, Millenium, Banco de Portugal, Santander, Bankinter), Rock in Rio, entre outras que estão unidas para cumprir os objetivos e fazer jus ao título ganho pela capital lisboeta em 2018. 

Na cerimónia que marcou o início das ações climáticas na Capital Verde Europeia 2020 foi assinado um compromisso com a Câmara Municipal de Lisboa onde estavam descriminadas ações concretas que se pretende implementar e que continuem a ser levadas a cabo pelas empresas que se comprometeram em deixar a sua “pegada biológica” nesta caminhada para uma cidade mais sustentável e mais amiga do ambiente.  

A iluminação foi proposta passar a ser ajustada a LED e, de forma geral, existem entidades dispostas a aumentar os espaços verdes nas partes envolventes dos seus edifícios para contribuírem para a criação e aumento de espaços verdes na cidade.  

Lisboa é a terceira cidade da Europa com mais sol, o que permite a colocação de fontes de energia renováveis, como a colocação de painéis solares nos telhados e um valor significativo na poupança energética, criando-se o objetivo de, até 2021, haver mais do dobro de sistemas fotovoltaicos na cidade, que em 2018 quando eram 322.  

A promoção de veículos elétricos é uma das medidas que se pede às empresas que tentem assegurar, tanto para uso privado como operacional, bem como uma solução que passe por uma mobilidade partilhada, como por exemplo um passe de transporte mensal gratuito (pago pelas empresas) para colaboradores para que se possa reduzir a poluição causada pelos transportes utilizados nas deslocações para o trabalho.  

A reciclagem e a diminuição de resíduos está também na implementação de soluções para Lisboa. 

Há espaço para mais ‘arvoredo’? 

O turismo está a afetar o espaço habitacional da cidade, estão bares e lojas centenárias a ser fechadas para dar lugar a hotéis para que a cidade consiga responder à procura turística. Impõe-se, por isso, a pergunta: como é que se resolve esta equação? Quantas mais de 500 mil pessoas caberão numa medida que deseja implementar na cidade 25% de espaços verdes? 

O aumento de espaços verdes será realizado de forma estratégica, através do plano de ação para a biodiversidade e monotorização dos ecossistemas, concessão de hortas, preservação da fauna e flora, alargamento de ciclovias e a criação de pontes ciclopedonais para ajudar a diminuir a camada de CO2.  

Os espaços habitacionais serão melhorados no sentido da criação de todas as comodidades que permitam aos locais fazer a vida dentro do bairro habitacional o máximo possível para que não tenham que se deslocar para longe e contribuir para a produção de CO2. Assim, os edifícios e os espaços verdes construídos podem unificar-se e ser uma construção sustentável e amiga do ambiente através de melhorias nas reforças habitacionais como a utilização das águas de banhos para descarga sanitária, isolamento térmico, entradas de luz natural para as habitações de forma a aquecer os lares naturalmente e ser menos necesária a utilização de aparelhos eletrónicos e poluentes.  

Benfica, Carnide e Lumiar terão estas melhorias ao longo do ano com cerca de 250 novas habitações que fazem parte do programa de renovação do parque habitacional do município.  

Um dos motivos valorizados na candidatura de Lisboa a Capital Verde Europeia, como se pode ler no site lisboagreencapital2020.com, recai sobre as características dos bairros lisboetas que têm uma vida local com serviços integrados e com relações que contribuem para o bem-estar social. 

As medidas são pedidas a todos, cidadãos, e empresas, particulares e famílias, para que cumpram e que abracem esta vontade de ter uma cidade cada vez mais sustentável com a autarquia. 

Aos céticos, Lisboa apela dizendo que “já não dá para salvar o mundo sem eles.”.  

“Aos indiferentes” 

Precisamos dos indiferentes, dos conformados e dos cépticos. 
Precisamos dos que ligam demasiado ao carro. 
E dos que não desligam a luz. 
Precisamos dos que deixam a água a correr. 
E dos que se demoram no banho. 
Precisamos dos que atiram para o mar. 
E dos que lançam para o ar. 
Precisamos dos pessimistas e dos consumistas. 
Dos que querem palhinha. E saquinho. E descartavelzinho. 
Precisamos dos que reciclam desculpas e mais coisa nenhuma. 
Dos que não querem e dos que não crêem. 
Precisamos até dos que não fazem por mal. 
Precisamos dos indiferentes. 
Já não dá para salvar o mundo sem eles. 

Lisboa Capital Europeia Verde 2020 

Escolhe evoluir.