A Hunter é uma startup portuguesa focada no setor da mobilidade elétrica. A PME Magazine entrevistou Pedro Andrade, CEO da startup que atua num mercado que em 2025 estima chegar aos 4 mil milhões de dólares.
Por: Mafalda Marques
PME Mag. – Onde se conheceram os quatro fundadores da Hunter Boards?
P. A. – O Miguel Morgado (engenheiro por detrás do produto) conheci num evento de networking. O Duarte Lino, quem está responsável pela produção e logistica, já era conhecido do Miguel, veio trabalhar connosco para a Craft Wallet. O João Gomes, responsável por todo o conteúdo, era da minha turma em Gestão de Marketing e apresentei-os ao Miguel e ao Duarte durante o nosso tempo na Craft Wallet.
PME Mag. – Definem-se como uma startup…
P. A. – A Hunter é uma startup de luxury tech focada no setor da mobilidade elétrica. Ágil, pragmática, com mindset global, fléxivel, inventiva, sem medo de arriscar e desenrascada. O Hunter Board é um skate elétrico de 54 km/h com ambições de nível Tesla.
PME Mag. – Já tiveram uma experiência anterior com a Craft Wallet… como correu, que lições aprenderam?
P. A. – A nossa experiência com a Craft Wallet ensinou-nos muitas coisas. Desde como produzir um produto, gerir milhares de encomendas de 112 países, customer service, e-commerce, etc. No fundo aprendemos o necessário para criar um produto de hardware, escalar as vendas a nível global e garantir que as pessoas recebem um produto com qualidade. A grande lição aprendida foi nunca apressar um produto. O tempo poupado no início é mais do que perdido no futuro.
PME Mag. – Onde são fabricados os skates e com que tecnologia associada?
P. A. – Os skates são fabricados na nossa fábrica na zona do Carregado. Optámos por montar uma fábrica própria em Portugal, pois para além de conseguirmos garantir um nível superior de qualidade na construção do produto, torna-se possível dar um serviço ao cliente sem igual, tendo em conta que conseguimos dar resposta aos problemas que vão surgindo muito rapidamente. Este nível de capacidade de resposta reflete-se em toda a empresa, especialmente na hora de inovar. Surge uma ideia de manhã e ao final do dia já está a ser implementada. O facto de esta não ser a nossa primeira fábrica (também montamos uma para a Craft Wallet) está a ser essencial na nossa gestão de recursos e na criação de valor na fábrica da Hunter.
PME Mag. – qual o valor do mercado de skates no Mundo, fizeram esse estudo?
P. A. – Fizemos o estudo e em 2018 o mercado valia $2.5 mil milhões, estimando-se que em 2025 valha $4 mil milhões dólares.
PME Mag. – Porque estão focados no mercado internacional e nem tanto em Portugal?
P. A. – O nosso foco é o mercado internacional porque a comunidade de skaters elétricos está maioritariamente nos EUA, Austrália, Reino Unido, França e Alemanha. Como uma marca de Luxury Tech, também queremos focar-nos em mercados como os UAE (Emirados Árabes Unidos) e a China. Uma das vantagens de criar uma startup em Portugal é que o tamanho pequeno do mercado força-te a adotar um mindset global desde o primeiro dia. Se não tivermos ambições globais, muito dificilmente sobrevivemos. Fomentar a produção e a exportação de produtos de luxo nacionais será essencial para a retoma económica do país. Portugal é um país pequeno e uma das chaves para o nosso sucesso estará em focar-nos na criação de produtos bons e apetecíveis que, apesar de produzidos em menor quantidade, trazem mais retorno que tentar competir com outros países na produção em grande quantidade de produtos mais baratos onde o único fator diferenciador é o preço inferior.
PME Mag. – O lançamento será exclusivamente online em setembro e com uma série limitada. Porquê?
P. A. – O lançamento será dia 26 de setembro online no nosso website. Vamos vender uma edição limitada de 50 unidades da Hunter Board. Quando esgotarmos as 50 unidades iremos vender reservas de $100 para a produção limitada de 2021. Apenas vamos vender e entregar 50 unidades em 2020 para garantirmos que conseguimos fazer tudo bem e que, se surgir algum problema, a escala da operação não vai ser um entrave à resolução desse problema (a nossa experiência na Craft Wallet ensinou-nos precisamente isso). Estamos neste momento a negociar a entrada em várias cadeias de retalhistas online e físicos nos EUA e Europa. A ideia é não só estarmos presentes em lojas, mas também que algumas dessas lojas funcionem como centros de reparação oficiais. O preço da prancha é $1,949 dólares que podem ser pagos faseadamente.
PME Mag. – O Hunter Board é mais um passo para a mobilidade sustentável… vem competir com as bicicletas elétricas e overboards… qual a tua opinião sobre isto?
P. A. – Na Hunter levamos a sustentabilidade ambiental muito a sério. Temos como objetivo tornarmo-nos carbon neutral nos próximos anos. Para além de apenas produzirmos veículos movidos a eletricidade, os restos de alumínio resultantes da produção são todos recolhidos para reciclagem por uma empresa especializada e por cada Hunter Board vendida financiamos a plantação de 10 árvores nos mangais de Madagáscar. O que fazemos ainda não é suficiente, mas é um bom começo. Relativamente à competição com outros veículos elétricos pessoais, o skate elétrico apresenta uma série de vantagens como a maior portabilidade (levar uma bicicleta de 40 quilos por umas escadarias não é fácil), maior facilidade de armazenamento (podemos meter a Hunter Board debaixo da mesa num café ou no trabalho e facilmente voltar a pegar nela) e o fator cool associado a todos veículos de prancha. A sensação de insegurança associada ao maior risco de queda é dramaticamente reduzida graças ao nosso sistema proprietário de suspensão que absorve o impacto de obstáculos e buracos (maior estabilidade a qualquer velocidade e em qualquer terreno). O nicho dos skates elétricos ainda tem muito por onde crescer, pelo que a nossa maior preocupação é conseguir satisfazer a procura de forma eficaz.
PME Mag. – Quem usar um Hunter Board é….
P. A. – Uma pessoa que procura um veículo elétrico para o seu dia a dia na cidade (deslocações casa-trabalho-trabalho-casa, por exemplo) ou então para se divertir num ambiente urbano ou não urbano. Trata-se de uma pessoa que gosta daquilo que a vida tem de melhor para dar. Gosta de produtos cool e sofisticados.
