O Movimento Saúde em Dia, uma iniciativa da Ordem dos Médicos e da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, avaliou criticamente algumas lacunas do Plano de Recuperação e Resiliência, como a negligência da recuperação de doentes não-Covid e a falta de um planeamento estratégico para o futuro do Sistema Nacional de Saúde.
A Ordem dos Médicos, em conjunto com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, aponta algumas falhas ao Plano de Recuperação e Resiliência proposto pelo Governo e que esteve em consulta pública até ao passado dia 1 deste mês. As organizações defendem que nem todas as pessoas estão englobadas no referido plano do Governo, acusando o mesmo de não incluir nenhuma premissa em relação aos doentes que estão a recuperar de outras patologias que não a Covid-19.
As expetativas por parte do Movimento Saúde em Dia, relativamente ao plano de recuperação, eram elevadas, uma vez que este tinha partilhado, com base no Portal da Transparência, números que afirmam que, em 2020, houveram menos 7,8 milhões de consultas médicas presenciais nos cuidados de saúde primários, menos 3,6 milhões de contactos presenciais de enfermagem, menos 1,3 milhões de consultas hospitalares, menos 126 mil cirurgias e menos 25 milhões de meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
Com base nestes números, a Ordem dos Médicos afirma que muitos doentes ficaram por diagnosticar, o que poderá conduzir a diagnósticos em estádios de patologias mais avançados e mais dificilmente recuperáveis.
Nesse sentido, a Associação pretendia que o plano de recuperação fosse destinado a todos os doentes, devendo ser pensada uma visão estratégica para o pós-Covid no país. Com a área da saúde a ser uma das mais afetadas pela atual situação pandémica, este Movimento afirma a importância de que as verbas disponíveis sejam aplicadas com maior eficiência ao apoio e desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde, bem como ao setor social, de forma a combater as lacunas existentes.
Deste modo, e em parceira com o Serviço Nacional de Saíde, o Movimento Saúde em Dia propõe algumas medidas que devem ser incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência, entre as quais se destacam a definição e identificação de metas para os doentes prioritários a recuperar, o aumento do acesso a todos os cuidados de saúde, através de um Programa Excecional, bem como a emissão de credenciais eletrónicas para a realização de rastreios oncológicos.