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Emprego não é suficiente para uma pessoa não ser pobre

No ano de 2019 a taxa de risco de pobreza diminuiu para 16,2%, sendo o quinto ano que este indicador cai, porém, de acordo com os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), com base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR), os níveis de pobreza subiram em 2020, sendo que a taxa de incidência de pobreza é superior em desempregados, famílias monoparentais e indivíduos menos escolarizados. Além disso, o facto de uma pessoa estar empregada não significa que ela deixe de estar em situação de pobreza.

As conclusões são do relatório “Portugal, Balanço Social 2021”, lançado pela Fundação “Ia Caixa”, pelo BPI e a Nova SBE de Carcavelos, apresentado esta terça-feira, da autoria de Bruno P. Carvalho, Mariana Esteves e Susana Peralta, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center. Este relatório foi feito no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, um programa plurianual estabelecido entre as instituições. Este relatório tem como objetivo dar a conhecer o atual retrato socioeconómico das famílias portuguesas.

O relatório analisa situações de pobreza monetária e outras dimensões como a privação material, as condições de habitação e o acesso à educação e à saúde, e discute a relação entre a pobreza e a situação laboral ou o nível de educação, segundo o comunicado enviado às redações.

Segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) do INE, existe maior privação nas dificuldades em usufruir de pelo menos uma semana de férias fora de casa, pagar as despesas inesperadas e manter a casa aquecida.

Uma em cada três pessoas desempregadas é pobre, mas uma a cada dez pessoas empregadas também é pobre.

Em 2020, segundo o ICOR, 22,9% das pessoas consideravam que tinham um estado de saúde pior, havendo famílias pobres com mais dificuldade em aceder a cuidados de saúde.

A incidência de pobreza e da desigualdade difere mediante as regiões do país, sendo que o Norte detém a maior taxa de risco de pobreza (18,1%), também a maior taxa de pessoas inscritas nos centros de emprego, bem como a maior taxa de privação de material (6,7%). A região mais pobre e desigual continua a ser a ilha dos Açores (28,5), segundo o relatório enviado às redações.

Em Portugal, no ano de 2019, 19,1% das crianças eram pobres.

Já para as pessoas com mais de 65 anos, havia, em 2019, uma taxa de pobreza de 17,5%, sendo que 26% vivia em casas com telhados, paredes, janelas e/ou chão permeáveis a água ou apodrecidos e 24% em casas sem aquecimento adequados.

Consultas e cirurgias aumentam

Em 2021, realizaram-se mais consultas do que no mesmo período de 2019 e o número de cirurgias também tem vindo a aumentar. As consultas por videochamada (telemedicina) ganharam maior destaque em 2021, com a vinda da pandemia e do respetivo confinamento. Houve 15 vezes mais consultas online, em relação ao pedido homólogo de 2019.

Com a realização das provas de aferição, mostrou-se que os alunos do segundo, quinto e oitavo ano perderam competências em comparação aos anos anteriores devido às perturbações que houve ao longo do ano.

Já o mercado de trabalho ficou extremamente afetado com a pandemia, sendo que fevereiro do ano passado foi o mês em que mais trabalhadores estiveram em lay-off simplificado, com 50% desses pedidos a pertencerem a mulheres.

As horas de trabalho diminuíram para 14,9% e as mulheres trabalharam menos do que os homens.

O teletrabalho continua a ser o método de trabalho mais escolhido pelas escolas, com especial relevo para as instituições de ensino superior. No princípio da pandemia, mais de 40% dos alunos de ensino superior ficaram em teletrabalho.

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