Por: Milica Stojiljkovic, lead architect & people lead na Zühlke
Já evoluímos bastante desde a Aldeia Global que McLuhan adivinhava, com a tecnologia a encurtar distâncias entre os quatro cantos do mundo.
À medida que os escritórios se tornam cada vez mais cosmopolitas, as organizações se expandem multinacionalmente e os modelos de trabalho se tornam flexíveis, também as empresas abraçam esta diversidade de talentos, de backgrounds e de culturas, onde o intercâmbio de colaboradores se destaca não só para o alinhamento da cultura organizacional, como para um ambiente de tolerância, produtividade e bons resultados.
Se as equipas colaboram de forma descentralizada ou remota com colegas noutras cidades, países e até continentes, e se ultrapassam a barreira linguística ou fusos horários desafiantes, então porque é que não expandimos as fronteiras dos escritórios também?. A mobilidade global entre escritórios é um tema crescente em discussão e, segundo o estudo “Mobility Reimagined” da EY, 93% dos colaboradores revela que a experiência de trabalhar noutro escritório no estrangeiro seria transformador para as suas vidas.
A verdade é que os programas de intercâmbio têm muito valor acrescentado para todos os envolvidos, a começar pela consolidação de uma cultura organizacional coerente entre todos os escritórios. Sob um mesmo propósito e compreendendo diferentes realidades, os colaboradores sentem-se unidos para uma finalidade comum e num ambiente que valoriza as suas particularidades culturais.
Ao mesmo tempo, e quando falamos da formação de uma nova equipa, o facto de contar com colaboradores com mais “tempo de casa” para integrar e dar formação aos novos colegas também contribui para um processo de onboarding alinhado com essa cultura organizacional. Para quem entra na empresa, esta é uma oportunidade de aprender com quem melhor a conhece; e, para os especialistas que acolhem os novos colaboradores, é também um momento de aprendizagem e atualização sobre tendências, novidades e destaques do setor, a nível internacional.
Além disto, a partilha de conhecimentos e de experiências também permite aos colaboradores não só terem contacto com novas realidades, como também expandirem o seu sentimento de pertença, de compreensão do outro e de tolerância. Num ambiente diverso, isto pode ser particularmente desafiante de construir, pelo que colocar-se no lugar do colega contribui para aumentar a postura de aceitação das suas diferenças.
A mobilidade global já está a acontecer e 72% dos gestores prevê um aumento desta tendência, de acordo com o estudo “Strategic Global Mobility” da Harvard Business Review. É tempo de percebermos a importância de prever, estruturar e implementar programas de intercâmbio de colaboradores entre escritórios para reforçar o sentido multinacional que as empresas já têm, beneficiando as equipas pelo aumento da felicidade organizacional e crescimento profissional, mas também as organizações pela retenção do seu talento e envolvimento com os resultados.