Por: Radim Razek, cofundador da Flatio
Portugal tem vindo a desbravar novos mundos nesta era cujo futuro do trabalho assenta na flexibilidade, na mobilidade e na inovação. À medida que se prioriza um horário de trabalho mais reduzido e as pessoas se concentram mais no bem-estar e na longevidade, as empresas enfrentam um cenário em rápida evolução. Este paradigma é particularmente evidente em Portugal, um dos principais destinos dos nómadas digitais, que mostra como a adoção destas tendências pode abrir novas oportunidades para as empresas, especialmente para as PME. Tal como os navegadores enfrentaram águas desconhecidas em busca de riqueza e conhecimento, as empresas devem adaptar-se a estas mudanças para atrair talento global e fortalecer a colaboração com as comunidades locais.
Nos últimos anos, assistimos à convergência do crescimento da Inteligência Artificial (IA), a generalização do trabalho remoto e a mobilidade global que redefiniu profundamente a forma como vivemos e trabalhamos e criou um novo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos portugueses. Este novo instrumento de navegação, em particular, está a desempenhar um papel crucial, ao ajudar as empresas e indivíduos a tomar decisões mais rápidas e informadas, aumentando a eficiência e reduzindo custos. Isto traduz-se em menos horas de trabalho, mas com maior produtividade, e permite um foco renovado no bem-estar e na adaptação às novas dinâmicas do mercado. Por exemplo, ao utilizar IA para traduções na Flatio, reduzimos os custos de mais de 10 mil euros para menos de mil euros e diminuímos os prazos de dois meses para apenas 1 a 2 semanas.
Os nómadas digitais tornaram-se um símbolo vivo desta transição e a Lusitânia tem sido exemplar na criação de um ecossistema que recebe e apoia esta nova “tripulação” de trabalhadores globais. Estes profissionais, que procuram um balanço entre mobilidade e tecnologia, preferem locais que ofereçam uma infraestrutura com internet rápida, espaços de coworking e uma boa qualidade de vida.
Nesse sentido, os espaços de coworking estão também a transformar-se em pontos de encontro entre culturas, e portos de criatividade, inovação e partilha, deixando de servir só para trabalhar. Muitos nómadas digitais preferem apartamentos work-friendly, com vistas inspiradoras, terraços ou proximidade a ginásios e à natureza. Estas caraterísticas permitem-lhes manter um equilíbrio saudável entre a produtividade e longevidade pessoal, ao mesmo tempo que se integram sem problemas em novos ambientes. Este modelo promove uma simbiose entre o desenvolvimento pessoal e a interação com as comunidades locais, criando uma experiência mais rica e envolvente. Portugal tem sido exemplar nesta área, destacando-se como um dos países mais procurados por nómadas digitais, desde a pandemia da COVID-19 até aos dias de hoje. Além disso, a explosão da procura por habitação flexível, aquando da subida exponencial dos preços no mercado imobiliário nacional, tornou os espaços de coworking fundamentais para atrair e reter esta população.
Paralelamente, para as PME, as oportunidades são vastas. Ao alinharem as suas ofertas às preferências dos nómadas digitais, estas empresas podem destacar-se e prosperar. O estabelecimento de parcerias com espaços de coworking, a criação de serviços personalizados e a organização de eventos de networking são apenas algumas das estratégias possíveis para atrair este público. Estas iniciativas fomentam relações duradouras e impulsionam o crescimento económico orientado para a comunidade.
A história de Portugal enquanto destino de nómadas digitais sublinha uma lição valiosa para todas as empresas: tal como os Descobrimentos exigiram coragem, adaptação e visão, o mundo empresarial atual requer uma abordagem semelhante. Investir em flexibilidade, tecnologia e colaboração consiste numa resposta às tendências atuais e desenha o caminho ideal para garantir um futuro mais resiliente e próspero.