Por: Khalid Sacoor D. Jamal, vogal da Direção da Comunidade Islâmica de Lisboa
Com a azáfama habitual precedente a qualquer viagem dita comum, e com os afazeres profissionais e despedidas a amontoarem-se, pouco mais levo na bagagem que a escassa informação que fui recolhendo aqui e ali. Afinal, os Emirados são a terra de muitos com quem tenho o prazer de conviver. Levo igualmente uma grande abertura de espírito e de horizontes, leia-se, compatível com a Nação para a qual me dirijo.
Deixo aqui uma nota a este respeito: é imperativo máximo um partipris limpo, como pressuposto para um julgamento sensato, justo. Doutro modo, cairemos na condição do ser comum, vulgar que, ao invés de aproveitar a oportunidade de estreitar ligações e embarcar neste mundo de multiculturalidade, está sempre preocupado com o seu umbigo, vindo ao de cima a mesquinhice e tacanhice próprias desta gaiola.
Entro num longo voo da Emirates com destino ao Dubai, emirado que, embora sendo algo artificial, é a nova terra dos sonhos e faz inveja a muitas cidades europeias. Conhecido pelo seu exotismo, cumpre assim o outrora ensejo dos seus Emires, fazendo mesmo pensar que dos seus céus jorram gotas de petróleo de forma particularmente abundante.
Dentro desta viagem de avião, acontece uma outra viagem. Como se a vida me desse a oportunidade de partilhar segredos que, noutras circunstâncias, teriam ficado sem verbo. Longe do chão e acima das nuvens, há uma nação de que ninguém toma posse nunca. Essa ausência de lugar convida-nos a rebuscar o baú das lembranças e a confessarmos intimidades que acreditaríamos não partilhar nunca com ninguém.
Leia o artigo na íntegra na 5.ª edição da PME Magazine.