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Tiago Santos, intellingence manager da Smartwatt (Foto: Divulgação

A digitalização como o principal catalisador para a transição energética

Por: Tiago Santos, intellingence manager da Smartwatt

O setor de energia foi o pioneiro na digitalização ao utilizar as tecnologias emergentes de 1970 para apoiar a gestão e operação da rede. Ao ritmo atual, é esperado que as tecnologias digitais tragam conexão, fiabilidade, eficiência, inteligência e sustentabilidade aos sistemas de energia durante as próximas décadas.

A corrida da digitalização energética já começou, mas está a ser rápida o suficiente?

Das diversas tendências chave que impulsionam a transição energética, a digitalização destaca-se devido ao grande potencial de redução de custos no setor.

As tendências de digitalização são bastante impressionantes, se considerarmos que os investimentos feitos por empresas de energia em tecnologias digitais atingiram um trilião de euros no ano passado, e que tecnologias como big data e inteligência artificial são fatores comuns nas estratégias de empresas de energia. Este foco global combinado com a crescente quantidade de dados disponíveis – cerca de 90% dos dados foram criados durante os últimos dois anos – dá-nos a combinação perfeita para acelerar a digitalização, o que significaria uma transição energética mais rápida. Pelo menos esta seria a conclusão lógica, no entanto, a realidade não é bem assim. 70% das iniciativas de digitalização não estão a atingir os seus objetivos, o que significa que, do valor total investido no ano passado, 745 milhões de euros não obtiveram retorno, segundo a Protiviti Inc.

A Harvard Business Review refere que a razão mais comum é a falta de mentalidade para a mudança, por isso a responsabilidade da maioria dos projetos recai no departamento de inovação das empresas para facilitar e fomentar a mudança em todas as partes interessadas. No final de contas, a transformação de uma indústria secular não acontece de um dia para o outro e é tudo menos pacífica.

O setor concentrou toda a sua atenção em hardware, negligenciando o software, pois trata-se de algo tangível, de melhor compreensão e porque é mais fácil justificar o investimento. Infraestruturas de rede inteligente, medidores inteligentes e estações de carga de veículos elétricos são as três principais tecnologias com maior investimento. Por outro lado, os sistemas de gestão de energia ou software de gestão de rede representam apenas uma pequena parte dos investimentos. Temos o primeiro indicador de que a digitalização na energia deu o pontapé inicial através da construção de uma infraestrutura física para recolha de dados, levando a um fluxo de dados rico, pronto a ser analisado pelo software.

“Infraestruturas de rede inteligente, medidores inteligentes e estações de carga de veículos elétricos são as três principais tecnologias com maior investimento. Por outro lado, os sistemas de gestão de energia ou software de gestão de rede representam apenas uma pequena parte dos investimentos.”

De acordo com a Protiviti Inc, a maioria das empresas considera ter reunido dados suficientes para prosseguir para a próxima etapa – extrair valor dos dados. Então, do que estarão à espera?

A importância da extração de valor dos dados é clara para os executivos. No entanto, a sua operacionalização está a um ritmo cauteloso, resultando em oportunidades perdidas de novos fluxos de rendimento. As equipas internas de inovação lideram o processo e o seu foco é alcançar um modelo de negócio digital suportado por dados. Isto leva-nos à questão – afinal, o que é digitalização? Podemos ainda não ter chegado ao ponto em que existe uma definição padrão. Para alguns, poderá ser o hardware, para outros o software ou até mesmo o conhecimento gerado por ambos.

Existem, contudo, múltiplos caminhos de acelerar o processo – programas de aceleração, associações e empresas com conhecimento técnico para impulsionar este processo, tal como a Smartwatt. Estes diferentes caminhos mostram que algumas empresas já perceberam que a digitalização é mais do que uma infraestrutura. Abrindo inúmeras possibilidades com a crescente disponibilidade de dados para desenvolver esse conhecimento e alcançar novos e mais eficazes modelos de negócio, ao invés de esperar que a digitalização erradique o modelo atual.