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Aplicação da Valpas, vencedora do programa Aceler@Tech (Foto: Divulgação)

Aceler@Tech: o poder das startups no setor do Turismo

Os vencedores da primeira edição do programa Aceler@Tech in Portugal, Valpas, Insurion e Look@- the smart sculpture, revelam, em entrevista à PME Magazine, os motivos que os levaram a concorrer, quais as etapas mais desafiantes, passando pelas experiências enriquecedoras desta iniciativa e pelos projetos futuros das startups.

O programa organizado pela Acredita Portugal, em parceria com o Turismo de Portugal e Aceler@Tech in Portugal, tem como missão selecionar e ajudar no processo de aceleração de startups inovadoras referentes ao mundo da indústria do turismo. A primeira edição acabou há pouco mais de quatro semanas, e os vencedores fazem agora uma retrospetiva sobre o seu percurso desde o momento em que surgiu a ideia, passando pela razão que os levou a concorrer, até às perspetivas para projetos futuros.

Com mais de 300 candidaturas oriundas de todo o mundo, passaram para a fase final 20 finalistas, dos quais três saíram vencedores. A Valpas, a primeira classificada, distinguiu-se pela sua solução de um padrão de higiene e segurança contra insetos, mais concretamente contra percevejos, para ser aplicado no setor do turismo. Em segundo lugar, ficou a startup Insurion que desenvolveu uma plataforma de seguros paramétricos. Por fim, a terceira classificada é a Look@ – the smart sculture, que desenvolveu esculturas conectadas por wi-fi aos telemóveis que ajudam turistas a tirar fotografias.

Quando questionados sobre o motivo pelo qual se inscreveram, as motivações variam. Martim Gois, co-fundador e CEO da Valpas confessa que foi encorajado a participar pela equipa da Aceler@Tech. Já Artem Kokorin, CEO da Insurion, afirma que uma das razões foi por ter conhecimento das entidades que estavam a desenvolver o programa, e por outro lado, tendo desenvolvido uma solução para o setor fazia todo o sentido e era uma excelente oportunidade para entrar no mercado europeu. Luka Vukovic, fundador e CEO da Look@, tomou conhecimento desta oportunidade através do LinkdIn e, por Portugal ser um destino turístico de referência fazia todo o sentido concorrer e “tentar a sorte” no mercado português.

Como surgiu a ideia

A Valpas nasce de uma viagem que não correu tão bem quanto esperado. Há sete anos o CEO, Martim Gois, e a sua namorada estavam de férias na Ásia quando foram atacados por percevejos que acabaram por trazê-los para casa. Com o trauma da experiência fundou a empresa enquanto estudava em Helsínquia, na Finlândia.

Transformou a Valpas numa organização líder no setor e rapidamente percebeu que o projeto tinha potencial para operar a nível global, pois este era um problema geral causado pela falta (total) de prevenção. Desde então, tem vindo a crescer e todos os hotéis em que opera seguem o padrão de segurança contra percevejos. “Ao escolherem um hotel membro da Valpas para a sua estadia, os gerentes de viagens, os agentes e os turistas, têm a certeza de que viajarão e tornarão a casa com segurança”, explica Martim Gois.

Também a Insurion surgiu de uma viagem, porém por uma outra complicação – um atraso com um voo. Artem Kokorin, CEO da Insurion, tinha seguro, mas todo o processo para reaver o dinheiro era demorado e cheio de burocracias. Decidiu criar a sua startup para aliviar este processo e fundou uma “plataforma de seguros paramétricos P2P com o objetivo de criar seguros sem necessitar de seguradoras”.

O CEO explica que “o objetivo da plataforma era calcular as condições de seguro dos produtos para torná-los mais baratos para os clientes e lucrativos para os investidores”. Porém, a ideia não foi apoiada pela autoridade. Isso não parou Artem Kokorin, pois “continuamos a desenvolver produtos de seguros” para agências de viagens online, companhias aéreas e lojas e-commerce.

Já Look@ surgiu de uma situação que Luka Vukovic presenciou. O CEO estava a passear na Croácia quando reparou num casal de turistas a tentar tirar uma fotografia. “Primeiro, eles tentaram tirar uma selfie, mas não conseguiram um bom ângulo, depois pediram a uma pessoa para lhes tirar uma fotografia, mas não gostaram. Finalmente, encostaram o telemóvel à parede, mas caiu”. Foi aí que “pensei para comigo que deveria haver uma forma mais simples de resolver a questão”, explicou Luka Vukovic.

Nesta altura, Luka, que trabalhava como engenheiro mecânico, em conjunto com um amigo começou a construir um protótipo no qual investiu todas as suas economias e, pouco tempo depois, contratou mais pessoas para o ajudar. Após construir o MVP funcional começou a vender a ideia. Foi um sucesso e os pedidos não demoraram a chegar, e foi a partir daí que se decidiu focar completamente na startup.

Maiores desafios durante o programa

Para os membros da Valpas, a etapa mais complexa foi o “pitch final e a sua preparação, pois exigiu muito da nossa equipa”. Para os representantes da Insurion e da Look@ o mais desafiante foram as reuniões online. Luka Vukovic, fundador da Look@, confidenciou que muitas das vezes as reuniões eram seguidas pelo que exigia um maior esforço. Artem Kokorin, CEO da Insurion, acrescentou que por “o mercado português ser desconhecido”, era necessário perceber nas reuniões se fazia ou não sentido avançar com um determinado contacto.

Por outro lado, como o programa era três dias por semana, os restantes dias eram utilizados para fazer trabalhos de casa, follow-up de emails e para explorar diferentes oportunidades.

Aprendizagens

Os vencedores dizem que as aprendizagens que retiraram do programa são preciosas. Para a Valpas, a oportunidade de aumentar o negócio e de entrar num novo mercado foi a melhor parte da experiência. A startup, que inicialmente tinha 80 quartos de hotéis em Portugal a utilizar a sua solução, tem hoje dez vezes mais esse valor, sendo que novas parcerias serão anunciadas em breve. O CEO da startup não duvida que este crescimento só foi possível graças à participação no Aceler@Tech.

Para o representante da Insurion perceber que os produtos oferecidos pela startup faziam sentido no mercado português foi a melhor recompensa. Por outro lado, o fundador da Look@ diz que a maior aprendizagem foi perceber como se fazem negócios em Portugal, “que é totalmente diferente do Dubai, Catar ou China”.

Projetos para o futuro

Depois do Aceler@Tech o futuro passa, essencialmente, pela internacionalização. A Valpas quer continuar a fornecer estadias mais higiénicas a nível global e iniciar parcerias com agentes de viagens “para que as pessoas cheguem aos nossos hotéis membros com mais facilidade”.

Para a Insurion, o futuro passa pela incorporação da sua solução em Portugal e continuar a procurar parceiros com agências de viagens e seguradoras online na Europa.

A Look@ terá uns próximos meses com muitas mudanças. Vai começar por se instalar na Suíça e no Dubai, e está, atualmente, a negociar a abertura de um escritório em Portugal até ao final deste ano. Está também a realizar melhoria nos produtos e, nos próximos seis meses, irá entrar numa ronda de investimentos de série A. Consequentemente, espera investir em marketing e vendas, de modo a encontrar parceiros e expandir o seu negócio no mercado europeu.

Conselhos para os futuros participantes

A receita para “construir uma startup de sucesso é uma questão de foco”, explica Martim Gois da Valpas, por isso, quem deseja participar nas futuras edições do programa Aceler@Tech deve perceber se, de facto, o mercado português faz parte dos planos, pois só assim terá um maior aproveitamento desta experiência. Os vencedores concordam que é fundamental seguir as recomendações dos mentores e não faltar a nenhuma reunião porque “nunca se sabe quando vais conhecer alguém capaz de mudar a tua vida”, conclui Luka Vukovic.