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Foto: Divulgação HomeAway & GuestReady

Alojamento local: a nova fórmula do empreendorismo

Segundo o  Barómetro  das  Férias  da  Europe  Assistance, 61% dos portugueses em férias preferem ficar num alojamento local. Esta nova tendência veio cultivar um espírito empreendedor em proprietários de imóveis e potenciar zonas nunca antes exploradas. O alojamento local apareceu como forma de contornar a crise que o país atravessou, deixando muitos portugueses  numa  situação  profissional  e  económica  mais  delicada. Esta nova forma de empreendedorismo permitiu obter rendimentos extra num contexto económico mais sensível e relançar uma economia que se encontrava em decadência. 

Até agosto deste ano, existiam em Portugal 89.392 registos  de  alojamento  local.  Só  na  área  metropolitana  de Lisboa encontram-se registadas 26.102 imóveis de alojamento  local,  com  60.521  quartos  e  102.863  camas, segundo o relatório Travel BI do Turismo de Portugal.

O número de propriedades registadas como alojamento local aumentou nos últimos anos, pois, só em 2018, houve 25.177 novos registos (+40% do que em 2017) e, em 2019, 9.761 imóveis.

O  gigante  do  alojamento  local  Airbnb  conta  com  mais  de seis milhões de anúncios em todo o mundo, 100.000 cidades com casas anunciadas na plataforma em mais de 191 países. Regista ainda 500 milhões de chegadas de  hóspedes  da  plataforma  Airbnb  e,  em  média,  mais  de   2   milhões   de   pessoas   ficam   hospedadas   num   alojamento representado por eles, por noite.

 “Isto  permite  que  os  anfitriões  fiquem  com  97%  do  preço   fixado   por   eles   próprios   ao   partilhar   o   seu   espaço.  Só  nos  últimos  12  meses,  anfitriões  de  33  cidades ganharam coletivamente mais de 100 milhões de dólares por cidade ao alojar hóspedes, utilizando a plataforma Airbnb. Estes recursos servem para que os anfitriões possam pagar as despesas das suas próprias habitações,  lançar  novos  negócios  ou  dedicar-se  às  suas  paixões”,  afirma  Andreu  Castellano,  porta-voz  Airbnb para Espanha e Portugal.

A   plataforma   apoia   os   proprietários   em   todos   os   momentos do processo, desde a recolha de informação quando   decidem   tornar-se   anfitriões   até   eventuais   dúvidas que possam surgir quando recebem hóspedes.

“Para os acompanhar e apoiar disponibilizamos toda a informação necessária no que respeita a hospedagem responsável  em  Portugal,  que  inclui  esclarecimentos  sobre  impostos,  regulamentos  e  permissões  gerais,  registo  de  alojamento  local,  licenças  e  autorizações  contratuais, assim como legislação da UE sobre defesa dos consumidores, segurança, cortesia, entre outras”, explica.

Nestes  cenários  de  oportunidade  de  negócio  nascem  empresas  como  a  HomeAway,  que  serve  neste  momento milhões de proprietários em todo o mundo. Pertencente  ao  Grupo  Expedia,  conhecido  pelas  marcas  Trivago,  Hotels.com  ou  Travelocity,  o  portal  da  HomeAway  conta  com  mais  de  dois  milhões s  de  anúncios  em 190 países.

A HomeAway atua em zonas balneares e no litoral, mas também  na  região  interior  do  país,  onde  a  oferta  hoteleira  pode   ser   mais   escassa.   O   perfil  dos  viajantes,  segundo  a HomeAway, são geralmente: famílias    (41%),    grupos    de    amigos  (18.5%)  a  partir  dos  30,   35   anos,   casais   (35%)*   até aos mais seniores. “O Primeiro Barómetro nacional  sobre  o  perfil  do  viajante  que   privilegia   o   alojamento   local,  realizado  pela  HomeAway  em  parceria  com  a  Universidade   Lusófona   em   dezembro  de  2018,  dá  conta  de  um impacto económico de cerca de 412 milhões de euros, dos quais 278 milhões destinaram-se às despesas durante a estadia.  O valor médio da estadia e por pessoa ronda  os  737  euros  (354  euros  com  a  reserva  do alojamento  e  383  euros  com  outras  despesas  durante  a estadia). Poucas são as empresas que podem oferecer  uma  amplitude  de  oferta  nacional  e  internacional,  como  propõe  a  HomeAway,  para  todos  os  públicos,  preferências e orçamentos”, afirma Sofia Dias, responsável da comunicação da marca em Portugal.

Que   o   diga   José   Martins,   proprietário   da   Casa   do   Chafariz, uma das casas listadas na HomeAway. Entrou neste negócio de forma instintiva em 2016, recorrendo às plataformas digitais. Olha para o empreendedorismo como  “a  arte  e  a  capacidade  de  idealizar,  coordenar  e    realizar    projetos,    serviços,    negócios”,    onde    o    alojamento  local  se  enquadra  perfeitamente.  Afirma  que o alojamento local é uma forma de negócio criado num nicho de mercado, que apareceu de “mãos dadas com as plataformas digitais” e que criou a possibilidade de  muitas  pessoas  poderem  ganhar  algum  dinheiro  que, de outra forma, não seria possível.

Para José Martins, entre as vantagens mais significativas, além de se poder ganhar algum dinheiro, “é muito gratificante receber em casa pessoas vindas de todo o mundo, o que possibilita uma convivência muito agradável e transmite uma aprendizagem através de culturas e formas de estar diferentes”.

A  GuestReady  nasceu  em  2015  em  Taiwan  pela  mão  de Alex Limpert e, hoje, atua em gestão de alojamento local com mais de 2500 propriedades em todo o mundo, sendo Portugal um dos principais mercados. Expandiu rapidamente  os  serviços  para  Londres,  Manchester,  Edimburgo, Dubai, Hong Kong, Kuala Lumpur, Lisboa, Porto,  Paris,  Cannes.  Este  ano  levantou  uma  ronda  de  financiamento série A de 6 milhões de dólares.

A  empresa  iniciou  operações  em  Lisboa  e  Porto  há  menos  de  um  ano  e,  atualmente,  conta  com  a  gestão  de mais de 200 propriedades nas duas cidades.  A  GuestReady  recebe  pedidos  de  apoio  e  aconselha  ao  investimento,  ajudando  investidores  a  fazer  um plano de investimento e trabalhar em conjunto para a  rentabilização  do  imóvel,  enquanto  substitui  a  sua  presença física na gestão diária operacional.

“Os proprietários passam uma boa parte do seu tempo a  fazer  check-ins, check-outs,  limpezas,  comunicação  com  os  hóspedes,  atualização  constante  dos  preços,  e  um  sem  fim  de  tarefas  repetitivas.  Hoje  já  vêem  a   sua   propriedade   como   uma   fonte   de   rendimento   sem   preocupações.   Além   de   recuperarem   as   horas   que   passavam   a   gerir   a   sua   propriedade,   ganham   um   parceiro   de   negócios   experiente   na   gestão   de   alojamento local que tem a missão de trazer o máximo de  retorno  aos  seus  proprietários”,  explica  Vanessa  Vizinha, diretora-geral da GuestReady.

Outro  dos  proprietários  da  GuestReady,  que  preferiu  manter o anonimato à PME Magazine, viu esta empresa como   primeira   escolha   desde   início.   Acredita   que   o   alojamento   local   é   uma   boa   forma   de   negócio:   “Tenho  um  ativo  que  tenho  de  promover  de  forma  competitiva  para  o  rentabilizar.  Há  sempre  a  gestão  diária  inerente  ao  negócio  e  é  preciso  tratar  de  toda  a  parte administrativa, como qualquer outro negócio. No meu caso, escolhi aliar-me a uma empresa que faz esta gestão profissional por mim”.

 “Sinto  que  estou  a  trabalhar  com  uma  empresa  que  está com os olhos postos no futuro, não está só focada em  consolidar  os  investimentos  já  feitos,  como  está  sempre atenta a novas oportunidades de investimento e isso para mim é muito importante”, conclui.