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Vitor Enes
Vitor Enes, Diretor Geral da Luís Simões (Foto: Divulgação)

“Apoiamo-nos na tecnologia para ir mais além na inovação” – Vítor Enes

Por: Catarina Lopes Ferreira

Com grandes clientes nos setores da alimentação, perfumaria e cosmética, a atividade de comércio eletrónico B2B, B2C e Canal Especializado do operador logístico em Portugal cresceu 200%, em 2020. De entre os produtos, destaca-se o crescimento das operações de café, que triplicaram nos últimos anos. Vítor Enes, Diretor Geral da Luís Simões, faz-nos um balanço deste novo modelo de consumo.

PME Magazine (PME Mag.) – Qual foi a maior razão para o aumento exponencial do consumo e-commerce e quais foram as estratégias necessárias a adotar face a esta nova realidade no mercado de consumo?

Vitor Enes (V. E.) – Durante os vários períodos de confinamento, o e-commerce garantiu que os consumidores podiam continuar a fazer e receber as suas compras com segurança e mantendo o distanciamento social; e mesmo agora continua a ser uma opção de grande conveniência para muitos consumidores, que conseguem receber os produtos num curto espaço de tempo e sem precisarem de se deslocar. Este segmento da logística é uma tendência que veio para ficar, já o dissemos muitas vezes, mas também o consideramos uma das maiores oportunidades para o crescimento e evolução do setor. Felizmente, na Luís Simões já tínhamos compreendido há muito tempo o potencial do e-commerce, razão pela qual temos vindo a dedicar-nos e a especializar-nos nele desde 2013 – um processo que naturalmente se acelerou ao longo dos último dois anos e meio. Este modelo de negócio exige uma adaptação por parte dos operadores logísticos, que necessitam de garantir uma rápida capacidade de resposta e uma maior agilidade nas operações. Na LS [Luís Simões], continuaremos a trabalhar no sentido de acompanhar em tempo real todas as evoluções no mercado de consumo.

Este segmento da logística é uma tendência que veio para ficar, já o dissemos muitas vezes, mas também o consideramos uma das maiores oportunidades para o crescimento e evolução do setor. Felizmente, na Luís Simões já tínhamos compreendido, há muito tempo, o potencial do e-commerce, razão pela qual temos vindo a dedicar-nos e a especializar-nos nele desde 2013.

PME Mag. – Qual o setor mais impulsionado nesta mudança e qual foi a resposta a esta nova necessidade do consumidor?

V. E. – Uma parte significativa dos nossos clientes são empresas do setor do grande consumo, que registou um aumento relevante da procura durante a pandemia, como é natural. Em março e abril de 2019, os primeiros momentos da pandemia em Portugal, fizemos a gestão do transporte e distribuição de mais de 25.500 toneladas diárias de produtos de alimentação, bebidas e derivados de papel, como papel higiénico e embalagens de cartão, a que afetámos diariamente mais de 2.250 veículos. O café, por exemplo, foi outro dos produtos que registou um crescimento exponencial repentino no ano passado, sendo um bem essencial para muitos portugueses, que tiveram de passar a consumi-lo em casa. Também temos trabalhado mais de perto com o setor da perfumaria e cosmética, por exemplo, no armazenamento de produtos em espaços dedicados e a preparação de pedidos pick to light para entrega em canais B2C, B2B e em lojas. Ao longo do primeiro trimestre de 2021, em pleno segundo confinamento, o transporte rodoviário de mercadorias cresceu 8,3% em relação ao período homólogo, e a Luís Simões deu o seu contributo para esta estatística.

PME Mag. – Sabemos que a Luís Simões oferece outras operações especializadas em logística de e-commerce, mas quais e que mudanças tiveram de suportar para satisfazer melhor os seus consumidores?

V. E. – Ajustámos as nossas operações no início da pandemia para podermos continuar a prestar um serviço de qualidade e garantir o fornecimento dos produtos, assegurando ao mesmo tempo todas as condições de saúde e segurança aos nossos colaboradores, para que as operações não se detivessem. No pico da procura por produtos online, repensámos a nossa estratégia e realocámos recursos para as operações de e-commerce – nomeadamente colaboradores que habitualmente se dedicavam a outras operações, cujos volumes de atividade se viram então reduzidos. Desde o início da pandemia, as nossas operações de e-commerce realizaram uma média de 11.000 expedições/dia a nível ibérico e, de uma forma geral, podemos também dizer que a procura deste serviço mais do que duplicou em relação aos valores pré-pandemia (a média de 2019 fora de 5.000 expedições/dia). Este volume foi equiparável ao que registávamos habitualmente nas épocas-chave do consumo, como o Natal ou a Black Friday: as nossas operações de e-commerce cresceram 200% em 2020! Graças à nossa vasta experiência de mercado e ao profundo conhecimento das características das cadeias de distribuição de cada um dos nossos clientes, pudemos dar uma resposta eficaz e segura durante todo este período. Pretendemos continuar a fazê-lo no contexto desta “nova normalidade”, assegurando que evoluímos para acompanhar esta tendência de consumo.

PME Mag. – De que forma é feita a rastreabilidade do e-commerce?

V. E. – Temos um forte compromisso para com a rastreabilidade do e-commerce, contando para isso com tecnologias que integram todas as etapas do processo (desde a leitura de código de barras até à gestão de embalagens). Como sempre, apoiamo-nos na tecnologia para nos ajudar a ir mais além na inovação de todos os nossos processos.

PME Mag. – Sabendo da cada vez maior consciencialização das populações para a preservação ambiental, de que maneira têm conseguido contornar esta realidade?

V. E. – A sustentabilidade e a inovação são os dois pilares que nos suportam. Nos nossos mais de 70 anos de atividade mantivemos o nosso compromisso para com a oferta de um modelo logístico e de transporte mais sustentável, que assegure a qualidade do serviço ao cliente, e que agora se materializam na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Agenda 2030 da ONU. A melhoria contínua do nosso desempenho ambiental resulta de uma ação integrada de todas as nossas áreas de negócio, cujas orientações se complementam entre si para conseguirmos obter resultados transversais. Os projetos que temos empreendido têm-nos permitido reduzir as emissões de CO2e, diminuir o consumo de combustíveis fósseis dos veículos e obter uma maior eficiência energética nos armazéns. No que toca aos veículos, posso salientar, por exemplo, que fomos os primeiros a introduzir os mega camiões na Península Ibérica. Começámos em 2014 e, atualmente, temos 13 gigaliners a circular em Portugal e Espanha. A sua introdução reduziu as emissões de dióxido de carbono em cerca de 30% por tonelada transportada, representando uma redução anual de aproximadamente 144 toneladas de emissões de CO2e. Como já tive oportunidade de referir, a automatização dos nossos centros de operações logísticas é outra iniciativa que tem assegurado fortes resultados neste âmbito. O nosso principal objetivo é prosseguir nesta jornada “verde”, continuando a agregar diferentes áreas do nosso negócio e a trabalhar para dar resposta às necessidades de preservação do planeta. Sem uma gestão eficiente de todos os recursos e uma visão global dos impactos da organização no ambiente e na sociedade não é possível servir os clientes construindo o futuro.

A melhoria contínua do nosso desempenho ambiental resulta de uma ação integrada de todas as nossas áreas de negócio, cujas orientações se complementam entre si para conseguirmos obter resultados transversais. Os projetos que temos empreendido têm-nos permitido reduzir as emissões de CO2e, diminuir o consumo de combustíveis fósseis dos veículos e obter uma maior eficiência energética nos armazéns.