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Nuno Trindade, People & Marketing Manager da More Results
Nuno Trindade, People & Marketing Manager da More Results

As empresas também hibernam. Uma opinião sobre marketing nas PME

 

Por: Nuno Trindade, People & Marketing Manager da More Results

 
 

Entrámos em modo gestão de crise, manutenção e desinvestimento? Começaria com esta questão, quase retórica, na minha análise para as PME, com maior destaque para a área do marketing.

Vamos hibernar o pessoal do marketing!

Com um tecido empresarial sobretudo populado por PME, Portugal é um país muito permeável a acontecimentos externos, sobretudo os maus. As PME sentem de imediato a pressão destes acontecimentos, muito como consequência da influência de diferentes agentes económicos.

Quais? Não falando exclusivamente da banca e do estado, poderíamos dizer que as empresas de grande dimensão, aquelas que têm a capacidade de colocar as PME num qualquer coliseu económico, onde estas se digladiam (por vezes até morte) para conseguirem trabalhar. E a luta não é só no preço, é no que se faz para chegar ao mesmo, nos custos que isso tem para as operações, e para as pessoas de uma forma geral.

Com isto, associando ao facto de olharmos para o marketing, erradamente, como uma área meramente criativa, onde se fazem desenhos e se escrevem umas palavras bonitas, obviamente que vamos secundarizá-la face às demais. A preocupação é gerir a tesouraria e o fluxo de caixa para fazer face aos salários que se têm de pagar, aos fornecedores, ao fisco, à banca.

Com exceção para a manutenção cuidada da presença digital, nomeadamente nos motores de busca e redes sociais, assim como e-commerce (que até parece lógico porque precisamos de vender), o investimento vai baixar. Mantém-se a máxima de “quem não aparece, esquece” e nesse sentido operamos em serviços mínimos.

O mesmo se passa no offline, onde o outdoor, rádio e TV, que muitos consideram um luxo, serão canais de menor investimento. Também podemos pensar aqui, ou pelo menos devemos fazê-lo, no facto do público estar cada vez mais disperso e noutros meios, pelo que, e cada vez mais, se torna difícil apontar aos alvos mais certeiros em alturas de desinvestimento como a de 2024, optando-se maioritariamente pelo que custa menos.

Olhando ainda para os departamentos de marketing, ou para as pessoas que nele atuam, a tendência de desinvestimento sente-se ainda de forma mais acentuada. Desde o fazer com a “prata da casa”, ao “há que aguentar porque isto não está para brincadeiras”, estas são algumas das expressões mais verbalizadas, para muito comumente depois se olhar para diretores de marketing (por inerência no mercado de trabalho) como produtores de conteúdo, quando tal não é assim, nem o inverso.

Não é algo de novo, mas o facto é que ainda temos uma pegada muito familiar e pouco profissionalizada naquilo que é a gestão das empresas nacionais que fazem parte do nosso tecido empresarial e que nesse ambiente é mais fácil colocar de lado aquilo que por vezes não só é menos conhecido, como menos imediatista.

Mas, alto lá. Nem tudo vai mal. Temos hoje um conjunto de toollsets disponíveis a preços que se podem pagar e, que ajudam os departamentos de marketing e comunicação a serem mais autónomos, ágeis e menos onerosos nas suas criações, mais precisos na sua gestão de meios e budgets, e mais rápidos.

Tempo é dinheiro, e atualmente temos uma maior aptidão para “fazer mais com menos”. Tudo isto para além de uma “malta nova” cada vez mais especializada e preparada.