Pedro Oliveira, coordenador científico do programa Paradigm Shift e detentor da Cátedra Fundação Calouste Gulbenkian para a economia de impacto, fala um pouco sobre a iniciativa que vai decorrer em novembro e dezembro. O Paradigm Shift é um programa que procura transformar as organizações para um futuro com sustentabilidade.
PME Magazine – Como surgiu o Paradigm Shift?
Pedro Oliveira – Num mundo em constante mudança, as organizações procuram cada vez mais soluções para a transformação que essas mudanças exigem. Por exemplo, a crise que vivemos criou um conjunto adicional de desafios, novos e sem precedentes, mas também oportunidades que esperamos que as organizações possam agarrar, transformando-se, e contribuindo para uma sociedade mais sustentável, resiliente e preparada para futuros desafios. O Paradigm Shift pretende ajudar as organizações nesses processos de transformação, mostrando que essa transformação não pode ignorar a sustentabilidade. Vivemos num mundo em que os consumidores exigem produtos e serviços mais éticos e sustentáveis, o talento procura empresas que tenham um propósito e há novas regulamentações a toda a hora. As organizações do futuro são aquelas que se conseguirão reinventar e aproveitar a oportunidade de transformação imposta também pela pandemia na adoção de uma abordagem sustentável à sua jornada de transformação contínua. No entanto, esta nova abordagem não é clara, cria tensões e desafios que são desconhecidos para as organizações e que requerem um espaço específico de discussão e análise. O Paradigm Shift pretende responder a este desafio.
PME Mag. – O que se pretende com esta iniciativa?
P. O. – Este programa, co-criado pela Nova SBE Executive Education e pela Fundação Calouste Gulbenkian, pretende criar um espaço de discussão dos processos de transformação organizacional através da lente da sustentabilidade. Pretendemos juntar executivos portugueses de primeira linha, bem como académicos, para discutir os desafios de uma abordagem sustentável e partilhar boas práticas de organizações líderes neste campo. Pretendemos ajudar as organizações a refletir sobre as implicações que este tipo de transformação tem em cada uma delas em particular.
PME Mag. – No que consiste o programa de formação que oferecem?
P. O. – O programa consiste em três dias em sala e uma sessão de follow up. Em sala, a exposição dos novos conceitos é sempre seguida de momentos para discussão e partilha de desafios e pontos de vista. São partilhados também casos práticos de quem encontrou boas soluções para os desafios colocados pela sustentabilidade. Com a sessão de follow up, pretende-se criar um espaço para refletir sobre as implicações das novas aprendizagens no caso específico de cada empresa.
PME Mag. – Que assuntos vão ser abordados ao longo do programa?
P. O. – Ao longo de três módulos, os participantes serão guiados pelos temas da sustentabilidade e como esta já não pode ser ignorada nos processos de transformação organizacional. Desde a análise de tendências globais, à sustentabilidade e os mercados financeiros e finanças sustentáveis passando pela liderança de processos de transformação, análise de casos de sucesso e implicações na cultura das organizações e capacitação dos seus recursos humanos. O papel da comunidade nos modelos de negócio e as implicações no caso específico de cada empresa participante terão lugar de destaque.
PME Mag. – Quantas vagas tem a iniciativa? Quanto custa a participação?
P. O. – Temos 25 vagas abertas à participação de perfis de C-Level e liderança nas áreas de produção, operações, marketing, sustentabilidade, responsabilidade social, entre outras. A participação tem o custo de 2.995€. Para apoiar as organizações na sua transformação sustentável, a Fundação Calouste Gulbenkian atribui bolsas no valor total da propina a pessoas com perfil de liderança em Organizações Sociais ou PME, com potencial de crescimento e que queiram iniciar a transição para modelos de negócio mais sustentáveis. Procura-se assim apoiar a participação destas organizações no programa, como forma de as ajudar a alavancar este processo. As candidaturas estão abertas até dia 12 de outubro às 12:00. A segunda edição do programa está agendada para os dias 23 e 24 de novembro e 4 de dezembro de 2020.
PME Mag. – Relativamente à primeira edição, quantas empresas estiveram presentes? Qual o feedback?
P. O. – A participação na primeira edição contou com CEO, membros da direção e diretores de primeira linha de 20 empresas e organizações sociais.
Conheça os testemunhos dos participantes
“O programa é muito diversificado, tem muitos conteúdos, muitas experiências, muitos participantes com perspectivas e contributos muito ricos”, diz Paula Carneiro, diretora de Recursos Humanos Corporativos da EDP.
“Excedeu as minhas expectativas quer pelo potencial de discussão quer também pela diversidade das pessoas que estão no curso”, refere Sofia Fernandes, diretora corporativa do Americas, Pestana Hotel Group.
“Torna a mente mais elástica, percebe-se que é mais fácil fazer algumas coisas que podem ser disruptivas, do que o que se assume quando não se tem a formação”, afirma João Paiva Mendes, CEO da Boost Portugal.
“É uma excelente iniciativa pôr o impacto na agenda dos decisores das empresas e reunir uma seleção de líderes dos mais diversos sectores da economia portuguesa que de alguma maneira querem fazer parte dessa transição.”, sublinha Pritesh D. Kotecha, CMO e sócio da Go Parity.