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Produção de Vinho
Início do período de vindima é marcado pela escassa mão de obra (Foto: Unsplash)

Associação alerta para perigo de falência de pequenos e médios produtores de vinho

Por: Diana Mendonça

O aumento dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e outros custos mais gerais está a levar alguns pequenos e médios produtores de vinho à beira da falência, de acordo com os dados da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE).

O aumento do gasóleo agrícola, de 0,83 euros para 1,80 euros por litro, é uma das principais queixas dos pequenos e médios produtores de vinho. De acordo com a ANCEVE, “não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área”.

Os sucessivos aumentos nas garrafas, rótulos, rolhas e cápsulas está a tornar a comercialização de vinho para os pequenos e médio produtores de vinho inalcançável.

“As caixas de cartão subiram 125%, de 400,00 € para mais de 900,00 € o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de 0,18 € em 2021 para 0,27 € em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo. Os rótulos subiram também 50%.  As rolhas 20%. As cápsulas 30%. Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos, como antes acontecia”, refere a ANCEVE em comunicado.

O abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão, tem sido problemático para os pequenos e médios produtores de vinho.

A par disto, o aumento dos custos dos transportes para o envio das paletes de vinho leva a que os lucros dos pequenos e médios produtores de vinho sejam quase inexistentes.

“O custo dos transportes disparou: como exemplo, o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve era de €35,00 e agora está nos €65,00. Acresce que são debitadas ao produtor taxas-extra de combustível, que antes não existiam”, de acordo com o dados do comunicado.

A escassa mão de obra, no início do período das vindimas, segundo a ANCEVE, está relacionada com a legislação desadaptada à realidade.

“Se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica”, explica a ANCEVE.

Até ao momento, os produtores de vinho apenas conseguiram aumentar os preços de venda em 10%, o que irá provocar prejuízos nas contas e que poderá conduzir à falência de alguns produtores.

A ANCEVE apela para que o Governo crie “um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho” que “está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”.