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Bluepharma espera produzir 1,2 mil milhões de cápsulas de comprimidos este ano (Foto: Divulgação)

Bluepharma aposta na inovação e massificação dos medicamentos no mundo

Por: Ana Rita Justo

Com vendas para mais de 40 países, a Bluepharma assume como principal desígnio a inovação para a internacionalização e massificação dos medicamentos genéricos pelo mundo. Os Estados Unidos da América são o mercado mais desafiante, mas também o que mais cresce. 

“Investir para inovar, inovar para internacionalizar.” Assim aponta Paulo Barradas Rebelo, CEO da farmacêutica portuguesa Bluepharma, as palavras chave desta empresa fundada em 2001 e que já vende medicamentos para mais de 40 países.  

Criada em 2001 por um grupo de farmacêuticos, foi a partir da cidade de Coimbra que esta empresa desenvolveu todo o seu know-how, que agora partilha em vários países. Inicialmente, o trabalho começou pela produção de medicamentos da Bayer, na sequência da compra de uma fábrica da multinacional alemã, lançando-se depois no fabrico de medicamentos genéricos, o que catapultou a empresa para o mercado internacional. 

“Os medicamentos permitem poupar ao cliente e ao país 90% [do preço dos medicamentos], porque representam 10% do preço original e permitiram criar postos de trabalho”, sublinha Paulo Barradas Rebelo, em entrevista à PME Magazine, adiantando que o grupo passou de “58 postos de trabalho para um grupo de 700 postos de trabalho”. 

“Dentro dessas 700 pessoas, temos 100 cientistas a trabalhar em investigação e desenvolvimento. Destas 700 pessoas, 70% tem pelo menos o grau de licenciatura”, acrescenta. 

Foto: Bluepharma | Paulo Barradas Rebelo, CEO da Bluepharma

Hoje, além da sede em Lisboa, a empresa conta com escritórios em Angola, Brasil, Chile, Espanha, Moçambique, Estados Unidos da América (EUA) e Vietname e uma rede de representantes que passa pela França, Alemanha, Rússia, Venezuela, China e Peru. 

Só em 2019, a Bluepharma ultrapassou os 85% de vendas para fora, sendo a França, a Alemanha e os Estados Unidos da América (EUA) responsáveis por 70% da faturação internacional. 

Apesar de serem a França e a Alemanha os mercados mais representativos, são os EUA o mercado que mais cresce e também no qual a empresa deposita mais esperanças. Ainda assim, confessa o CEO, é o mercado “mais desafiante”. 

“O facto de sermos a única empresa certificada em Portugal pela FDA [n. d. r. Food and Drug Administration, agência federal responsável pela proteção e promoção da saúde pública nos EUA], para produzir cápsulas de medicamentos, dá-nos um prestígio no mercado internacional muito grande”, assevera.

Dos mais para os menos desenvolvidos

Se, inicialmente, o foco da Bluepharma foi chegar aos países mais desenvolvidos para, como diz o CEO, “aprender com eles”, agora outro alvo da internacionalização são também os países menos desenvolvidos.  

“Temos registo de medicamentos em muitos países de África, muitos países do Médio Oriente, Ásia e América Latina. Serão os próximos mercados onde queremos estar. Exportamos, hoje, para cerca de 40 mercados diferentes, mas temos registo de medicamentos solicitados noutros tantos 40 países. O objetivo é que, daqui a cinco anos, possamos estar a exportar para, pelo menos, 60 a 70 países diferentes”, projeta. 

Ao todo, no ano passado, a Bluepharma produziu 28 milhões de medicamentos. Este ano, a expectativa é atingir os 32 milhões de medicamentos, o que se traduz em 1,2 mil milhões de cápsulas de comprimidos. No que toca à faturação, a empresa registou um volume de negócios de 50 milhões de euros em 2019, prevendo um aumento de 10%, para 54 milhões, em 2020. 

“Temos tido um trajeto difícil, numa fase da economia que não tem sido fácil, numa conjuntura internacional de muita incerteza, mas estamos convictos dos valores que defendemos, do trabalho, da inovação, da qualidade, da internacionalização”, advoga. 

Inovação no horizonte

O futuro passará por continuar a desenvolver medicamentos genéricos “como via para chegar aos medicamentos inovadores”, adianta Paulo Barradas Rebelo, apesar do avultado investimento necessário para levar a cabo este trabalho. 

Neste contexto, a Bluepharma assinou, recentemente, um contrato de investimento com o Estado, através da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) para um investimento de mais de 46 milhões de euros. Denominado “Bluepharma Acelera 2030”, prevê a ampliação das atuais instalações, bem como a construção de uma nova unidade fabril, em Eiras, cuja obra teve início ainda em janeiro e que será uma “fábrica de alta tecnologia, muito sofisticada”, com conclusão prevista para o próximo ano. 

Nos planos está, ainda, a construção de um parque tecnológico da empresa, o Bluepharma Park, numa área de 35 mil metros quadrados, a ser construído em Cernache, perto de Coimbra. 

“O compromisso que traçámos com a AICEP foi de ter 100 novas pessoas a trabalhar nos próximos dois anos, mas estamos convencidos de que vamos aproximar-nos das mil pessoas nos próximos cinco anos.” 

Além disso, adianta o CEO, o investimento servirá para fazer acelerar a digitalização de processos no grupo. 

“Nestes quase 20 anos, desenvolvemos tecnologias que estão disponíveis no mercado internacional, estabelecemos parcerias em praticamente todo o mundo, portanto, esperamos que estes próximos anos sejam anos de muito crescimento.”