Quinta-feira, Janeiro 2, 2025
InícioDestaque"Cada peça foi pensada para refletir a elegância e a personalidade irreverente...

“Cada peça foi pensada para refletir a elegância e a personalidade irreverente de Amália” – Joana e Alexandre

Por: Ana Vieira


Para preservar e revitalizar a joalharia tradicional portuguesa, nasceu em 2017, pelos netos Joana Bastos Gomes e Alexandre Bastos Gomes, a Portugal Jewels.

Mas a história começa anos antes, em 1955, em Gondomar, pelas mãos do avô José, a partir de uma oficina tradicional de joalharia. A mãe, Rosa Amélia, tornou-se uma das poucas mulheres na distribuição de joalharia e há sete anos, os netos Joana e Alexandre abraçaram o legado, dando vida à Portugal Jewels.

Com o uso de artes centenárias como a filigrana, esmaltagem, cravação ou barroco, a mais recente coleção, “Amália e as Flores”, é uma homenagem à relação da fadista com as flores.

“Escolhemos a flor da cerejeira porque Amália gostava de dizer que nasceu na época das cerejas. Concebemos as joias em torno destas flores, incorporando detalhes que replicam os seus ramos”, explicam Joana e Alexandre, CEOs da empresa à PME Magazine.
 

 

PME Magazine (PME Mag.) – Em 1955, quando a família iniciou a atividade de ourivesaria, quais eram os desenhos e peças mais procuradas?
Joana Bastos Gomes e Alexandre Bastos Gomes ( J. B. G e A. B. G.) – Em 1955, a ourivesaria portuguesa de joias para uso pessoal era predominantemente em ouro de 19,2 quilates (uma liga com 800 milésimas de ouro fino, conhecida como “ouro português”). As joias seguiam modelos tradicionais, eram quase inteiramente feitas à mão e pesadas para os padrões atuais. Além de servirem como adornos, eram também uma forma de investimento, passando de geração em geração.

 

PME Mag. – Qual foi a marca distintiva deixada por cada geração na empresa?
J. B. G e A. B. G. – O nosso avô, José Martins Barbosa, começou por fundar com os irmãos uma empresa de serralharia especializada na produção de máquinas para a indústria de ourivesaria. Com o conhecimento técnico adquirido, decidiu estabelecer-se como fabricante de ourivesaria, introduzindo inovações no fabrico e nos modelos de joias não tradicionais, tornando-se um dos maiores empresários de ourivesaria de Gondomar.

A nossa mãe, Rosa Amélia, estabeleceu-se como grossista e criou a empresa que viria a ser a base de lançamento da Portugal Jewels.

Com a minha entrada e da minha irmã Joana trouxemos uma maior profissionalização e ambição de crescimento. Eu e a Joana temos experiência em consultoria em vários países e trouxemos esta visão mais global para empresa.


PME Mag. – Com percursos académicos e profissionais em Engenharia Eletrotécnica, quando é que a Joana e o Alexandre decidiram integrar a Portugal Jewels? O que é que vos fez mudar de área?
J. B. G e A. B. G. – A Joana tomou a decisão primeiro. Sempre teve uma vertente criativa – estudou Artes no secundário, teve aulas de pintura e tirou um curso de joalharia.

Eu decidi fazer a mudança mais tarde, numa altura em que a empresa estava a crescer a um ritmo muito acelerado e precisava de uma gestão mais profissionalizada. Antes de entrar na empresa, passei praticamente os últimos dois anos em Londres e Copenhaga em projetos de consultoria, e senti uma vontade de embarcar num projeto próprio como este.


PME Mag. – Em que consistiu a colaboração criativa com a cantora Ana Moura?
J. B. G e A. B. G. – Através de uma interação orgânica nas redes sociais, contactámos Ana Moura para lhe oferecer uma joia de que ela tinha gostado. Em resposta, Ana confidenciou-nos o desejo de criar uma coleção de joias. Aceitámos o desafio e ficámos satisfeitos com o genuíno empenho de Ana na concepção da coleção, intervindo inclusive no design das embalagens e expositores. O resultado foi uma coleção da qual ambas as partes se orgulham.

A coleção foi lançada no final de 2019. Apesar de, em março seguinte, a pandemia ter reduzido a zero o turismo e encerrado as ourivesarias onde tínhamos a coleção à venda, a qualidade das peças destacou-se. Por exemplo, Carolina Deslandes utilizou-a no seu espetáculo multimédia MULHER, e a soprano americana Ailyn Pérez escolheu as joias para a sua performance em “Uma noite na Ópera” na Gulbenkian, em janeiro, antes do lockdown.

 

 Coleção: Amália e as Flores

PME Mag. – Qual a inspiração da mais recente coleção “Amália e As Flores”?
J. B. G e A. B. G. – As joias da nova coleção, intitulada “Amália e As Flores”, são inspiradas na paixão que Amália Rodrigues tinha por flores. Escolhemos a flor
da cerejeira porque Amália gostava de dizer que nasceu na época das cerejas. Concebemos as joias em torno destas flores, incorporando detalhes que replicam os seus ramos.

Cada peça foi pensada para refletir a elegância e a personalidade irreverente de Amália, capturando a sua essência única. Criámos peças vistosas e marcantes, que Amália pudesse combinar entre si e misturar com o seu guarda-roupa, refletindo a sua personalidade vibrante e o seu amor pela moda e pela natureza.

PME Mag. – Em 2018, com o desenvolvimento da loja online, as vendas para fora de Portugal aumentaram 40%. Que estratégica foi usada? 
J. B. G e A. B. G. – Em 2018, apostámos numa aproximação às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo (diáspora portuguesa), pois é um mercado que valoriza as tradições e o saber-fazer português. Desenvolvemos campanhas digitais focadas neste público-alvo e que tiveram bons resultados. É uma estratégia que ainda hoje é vencedora.

 

Coleção: Amália e as Flores

PME Mag. – Com lojas espalhadas pela Europa, Estados Unidos, Canadá e Macau, o que é que distingue a Portugal Jewels nestes países?
J. B. G e A. B. G. – Temos três tipos de comércio onde vendemos as nossas joias: lojas/joalharias em zonas com grande presença da diáspora portuguesa, lojas focadas em artigos étnicos, e lojas/joalharias de moda. O que nos distingue é a portugalidade das nossas joias, a perícia dos artesãos portugueses e o design cosmopolita da nossa joalharia tradicional e das nossas recriações dos modelos tradicionais, permitindo-nos entrar nestes três segmentos de mercado.


PME Mag. – Quais os materiais mais usados nas vossas joias?
J. B. G e A. B. G. – Nas nossas joias utilizamos prata
925 (liga com 925 milésimos de prata pura) e ouro
em duas ligas: 19,2 quilates (800 milésimos de ouro puro, chamado “ouro português”) e 9 quilates (375 milésimos de ouro fino). Além disso, usamos diamantes, esmeraldas e outras pedras naturais nas joias de ouro português, e cristal de rocha, marcassite, pérolas de água doce e zircónias de várias cores nas joias de ouro de 375 quilates e prata.


PME Mag.- Qual foi o volume de faturação em 2023? Quantos colaboradores e oficinas têm?
J. B. G e A. B. G. – Em 2023, ultrapassámos os dois milhões de euros de faturação, com 17 colaboradores. Produzimos as nossas joias em uma dezena de oficinas em Gondomar.

 

PME Mag. – Quais são os próximos passos para a expansão da Portugal Jewels?
J. B. G e A. B. G. – Vamos abrir nova loja física em Lisboa este ano e estamos a estudar a abertura de uma loja no Porto. Estamos a apostar no crescimento nos Estados Unidos e França através do marketing digital e desenvolvimento de processos comerciais mais eficazes.

PODE GOSTAR DE LER
Continue to the category
PUB

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

NEWSLETTER

PUB
PUB

SUSTENTABILIDADE

Continue to the category