Por: Artur Salada Ferreira, administrador do centro de negócios Lisboa Biz
Nos muitos anos que levo como gestor em empresas nacionais e multinacionais deparei-me com alguns empresários mais preocupados consigo mesmos do que com as empresas que geriam.
Um exemplo muito conhecido e comentado no passado é o da densidade de automóveis topo de gama que contrastavam com a situação económica e financeira das empresas…. Muitas tecnicamente falidas. Este procedimento conduzia a baixos níveis de capitais próprios e obrigava a recorrer a financiamentos bancários com custos financeiros muitas vezes difíceis de suportar pela empresa.
Há empresários que têm para com as suas empresas a atitude que os pais têm para com os filhos. Isto é, se o almoço não chegar para satisfazer toda a família o pai satisfaz as necessidades dos filhos e só depois as suas.
Ao invés, podemos facilmente encontrar empresários, que se servem em primeiro lugar a si próprios e só depois o filho (empresa).
Não se pense que esta prática só se encontra nas pequenas e médias empresas familiares em que o empresário se confunde com a empresa.
Recordamos, muitos de nós, a engenharia financeira que gestores de grandes empresas e bancos praticavam para que os bónus em função de resultados fossem maximizados.
A comunicação social nunca deu a este tema a importância que ele merecia pelo impacto em vários fatores como a distribuição de rendimento, a balança comercial, a dívida pública e privada. Enfim todos os fundamentais da economia foram muito afetados.
Este comportamento leva a uma injusta distribuição da riqueza produzida e fez de Portugal um País pobre e muito desigual.
Um outro exemplo célebre foi quando Portugal aderiu à CEE e recebeu fundos destinados à reforma agrária no âmbito da PAC (Política Agrícola Comum).
O primeiro investimento que muitos agricultores fizeram foi para adquirir um Jeep, de tal modo que em certas regiões se passou a chamar o Jeep por IFADAP que era o nome do projeto destinado à reforma agrícola.
Certamente que muitos agricultores aplicaram os fundos da forma mais correta e produtiva para a agricultura Portuguesa.
A empresa portuguesa, continua, muito descapitalizada, mas fica o sentimento de que existe uma forte consciencialização dos empresários deste facto.
Felizmente, atualmente os gestores tendem maioritariamente a ouvir a voz das suas empresas; que em uníssono clamam: capitalizem-nos!