Home / Opinião / Capitalizem-nos!
vicente jorge silva foguetes teletrabalho pandemia com abrigo meritocracia arder dona branca fatura artur salada ferreira sem abrigo pme magazine ovos estudar nos anos 40
Artur Salada Ferreira, administrador do Lisboa Biz (Foto: Inês Antunes)

Capitalizem-nos!

Por: Artur Salada Ferreira, administrador do centro de negócios Lisboa Biz

Nos muitos anos que levo como gestor em empresas nacionais e multinacionais deparei-me com alguns empresários mais preocupados consigo mesmos do que com as empresas que geriam.

Um exemplo muito conhecido e comentado no passado é o da densidade de automóveis topo de gama que contrastavam com a situação económica e financeira das empresas…. Muitas tecnicamente falidas. Este procedimento conduzia a baixos níveis de capitais próprios e obrigava a recorrer a financiamentos bancários com custos financeiros muitas vezes difíceis de suportar pela empresa.

Há empresários que têm para com as suas empresas a atitude que os pais têm para com os filhos. Isto é, se o almoço não chegar para satisfazer toda a família o pai satisfaz as necessidades dos filhos e só depois as suas.

Ao invés, podemos facilmente encontrar empresários, que se servem em primeiro lugar a si próprios e só depois o filho (empresa).

Não se pense que esta prática só se encontra nas pequenas e médias empresas familiares em que o empresário se confunde com a empresa.

Recordamos, muitos de nós, a engenharia financeira que gestores de grandes empresas e bancos praticavam para que os bónus em função de resultados fossem maximizados.

A comunicação social nunca deu a este tema a importância que ele merecia pelo impacto em vários fatores como a distribuição de rendimento, a balança comercial, a dívida pública e privada. Enfim todos os fundamentais da economia foram muito afetados.

Este comportamento leva a uma injusta distribuição da riqueza produzida e fez de Portugal um País pobre e muito desigual.

Um outro exemplo célebre foi quando Portugal aderiu à CEE e recebeu fundos destinados à reforma agrária no âmbito da PAC (Política Agrícola Comum).

O primeiro investimento que muitos agricultores fizeram foi para adquirir um Jeep, de tal modo que em certas regiões se passou a chamar o Jeep por IFADAP que era o nome do projeto destinado à reforma agrícola.

Certamente que muitos agricultores aplicaram os fundos da forma mais correta e produtiva para a agricultura Portuguesa.

A empresa portuguesa, continua, muito descapitalizada, mas fica o sentimento de que existe uma forte consciencialização dos empresários deste facto.

Felizmente, atualmente os gestores tendem maioritariamente a ouvir a voz das suas empresas; que em uníssono clamam: capitalizem-nos!