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Dados divulgados esta segunda-feira (Foto: Arquivo)

CEO da Galp preocupado com fornecimento de gás a Portugal e à Europa

Por: João Monteiro

O diretor executivo da Galp, Andy Brown, convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa esta quarta-feira para partilhar a sua visão sobre a crise energética que afeta o mundo e mostrou-se preocupado com o fornecimento de gás à Europa e o impacto nos preços na eletricidade.

“O gás, e por arrasto a eletricidade, é uma questão mais grave a longo prazo, até porque, em termos relativos, a subida da cotação é muito superior”, apontou o presidente executivo da petrolífera. “Temos noção dos preços do petróleo, que são muito visíveis, mas não dos do gás. Numa base energética equivalente, os preços do gás estiveram ao dobro dos do petróleo. Antes eram metade dos do petróleo”.

“Os preços do petróleo subiram, mas os do gás subiram muito mais. E os preços do gás estão a determinar os preços da eletricidade neste momento. Para mim, o gás e a eletricidade são questões mais importantes do que o petróleo e mais urgentes para a Europa e Portugal resolverem “, acrescentou ainda Andy Brown.

A alternativa é o gás natural liquefeito (GNL), que se obtém baixando o gás até uma temperatura negativa de 160 graus. Contudo, “os projetos de GNL que arrefecem o gás para o tornar num líquido são caros e levam muitos anos a construir”, revelou o diretor executivo da Galp.

A produção mundial de GNL tem vindo a aumentar a um ritmo de 4% ao ano, mas a maior parte já está comprometido através de contratos de fornecimento de longo prazo, sobretudo para países asiáticos. “Há contratos de curto prazo em GNL que podem ser desviados para a Europa, mas teriam de ser retirados da Ásia”, indicou na conferência. Mesmo conseguindo esse redirecionamento, “a Europa também sofre com o facto de ter uma capacidade insuficiente de regasificação” para o gás natural ser usado. A Península Ibérica tem capacidade excedentária de regasificação, mas a ligação por gasoduto a França é limitada.

Andy Brown considera que dificilmente se vão atingir as metas definidas pela União Europeia no REPowerEU de encher até 80% as reservas de gás natural até 1 de outubro. Para o líder da petrolífera Galp, esse objetivo só pode ser alcançado através de importações da Rússia, que continuam a existir: “Pode levar vários anos até à Europa se tornar totalmente independente da Rússia se quiser manter a atividade no gás que tem hoje.”

Andy Brown finalizou com a esperança de construir um projeto em Moçambique que possui grandes reservas de gás: “O mundo precisa desse gás.”