Luz, Vera e José Pinto Basto são os três irmãos sócios do restaurante de comida saudável Origem. Uma aventura que já dura há oito anos e que ganhou um lugar ao sol no segmento empresarial.
As refeições saudáveis em contexto laboral foram o mote para nascer a Origem, uma cadeia de restaurantes e cafetarias na zona da Grande Lisboa que aposta num conceito saudável.
Os irmãos Luz, Vera e Luís Pinto Basto são os sócios e cérebros por detrás do projeto. Tudo começou em 2011, quando o irmão José Pinto Basto decidiu investir no Espaço Amoreiras, em Lisboa, e precisava de uma nova ideia para os dois espaços de comida que iria criar: um restaurante e uma cafetaria. Ao mesmo tempo, José Luís investia também nos supermercados biológicos Brio, cujo plano de expansão incluía uma cafetaria dentro do espaço. “Fazia sentido que a cafetaria consumisse os produtos daquele supermercado, que ficasse com o excedente. Como eu vinha da área da hotelaria, ele expôs-me o caso e eu alinhei, mas disse que sozinha não.
Juntámo-nos os três irmãos”, conta Luz Pinto Basto, sócia e diretora executiva da Origem.
O irmão José Luís surge apenas como investidor e a irmã Vera como diretora administrativa. Assim nasceu a Origem, inicialmente com uma cafetaria dentro do Brio de Carnaxide e com o restaurante no Espaço Amoreiras. Cinco anos depois juntou-se, também, a cunhada ao projeto, Catarina Pinto Basto, como concept manager. Um percurso nem sempre fácil, mas que hoje conta com dez espaços abertos ao público: Espaço Amoreiras (cafetaria e restaurante), Santos (cafetaria e restau-Luz, Vera e Luís Pinto Basto, os irmãos que criaram o Origem .
À gestão destes espaços junta-se ainda a da cantina da Oeiras International School, na qual diariamente são servidos cerca de 450 alunos. Foram grandes os desafios desta marca.
Desde já a começar pelo conceito de comida saudável. “Em 2011, havia muito pouco conhecimento sobre o mercado saudável. Na altura, abrimos como ‘Origem – Cozinha Biológica’ e as pessoas confundiam, não faziam ideia do que era o biológico, achavam que era vegetariano, macrobiótico…”, confessa Luz.
Razão pela qual a marca alterou depois o nome para “Origem – Cozinha Saudável”. Contudo, o grande desafio deu-se quando, em 2017, o grupo Sonae comprou os supermercados Brio, altura em que a Origem teve de deixar as cafetarias daquela cadeia de supermercado. Apesar de tudo, a responsável admite que foi o “timing perfeito”. “Tivemos de sair de dentro dos Brio, mas tínhamos naquele momento a loja de Santos a abrir e conseguimos albergar a equipa.” De pequenos-almoços, aos almoços e lanches, tudo é pensado para que o dia a dia das pessoas que trabalham em grandes centros empresariais possam ter uma vida mais saudável.
A evolução é uma constante e até opções veganas são incluídas no menu. “Temos sempre opções vegan, mas ainda temos carne e peixe, porque o mercado ainda não está preparado. Gostávamos de começar por um dia por semana não ter carne, embora o tema ainda não seja unânime entre os quatro. Nós representamos um bocadinho o mercado que temos. E o Origem é feito à nossa imagem e semelhança: é saudável, queremos que as pessoas comam melhor, mas não somos radicais nem nos queremos impor”, sublinha.
Além da comida saudável, o compromisso com o ambiente na Origem vem desde o dia 1. Luz considera-se “obcecada por proteger o planeta”: “Aos 15 anos era da Green Peace, aos 18 comecei a separar o lixo, aos 20 e poucos já fazia compostagem em casa”. As palhinhas de plástico foram logo das primeiras coisas a ser eliminadas, os talheres são de madeira mas o que realmente incomodava a diretora executiva eram as caixas de take away. Além de incentivar os clientes a trazerem o seu próprio copo de café e as suas caixas para levarem a comida, mediante um desconto, os espaços Origem também já dispõem de embalagens compostáveis, fornecidas pela Progelcone. Desta forma, não só se ajuda o meio ambiente, como a empresa poupa em gastos desnecessários.
“Antigamente, gastávamos cinco mil euros por mês em descartáveis, hoje são cerca de mil euros”, confessa.
Por força das localizações escolhidas, rapidamente, Luz e os irmãos perceberam que o grande mercado da Origem estava no segmento empresarial: primeiro, através da loja Brio do Estoril, encerrada por estar numa zona residencial e sem a eficácia que se pretendia, e depois percebendo que os jantares e fins de semana não tinham a afluência necessária para manter os espaços abertos. “Percebemos logo que abríamos ao fim de semana e não havia vivalma, percebemos que não íamos servir jantares. Íamos ter, sim, lojas abertas até ao fim da tarde para quem quisesse levar para casa”, explica. A aposta empresarial traduziu-se, depois, numa nova área de negócio: o catering empresarial. Começou de forma “natural”, a partir dos clientes que já visitavam regularmente os espaços Origem e hoje já representa 10% da faturação anual da empresa.
“É um nicho que faltava preencher no mercado”, confessa Luz, adiantando que “de certeza que foram as próprias pessoas dentro das empresas que começaram a pedir coisas mais saudáveis”.
Atualmente com 49 colaboradores, a Origem terá em 2019 o seu “ano de consolidação”, mas já a pensar em novas localizações, como o Parque das Nações, na zona oriental de Lisboa. Para já, o negócio vai manter-se familiar, apesar de já terem surgido oportunidades para franchisar o projeto, ou mesmo para a entrada de novos investidores.
Para Luz, o facto de os três irmãos serem sócios ajuda, “porque algum vai desempatar”. “Todos apresentam as suas razões e acabamos sempre por desempatar, normalmente pelo bom senso.