Terça-feira, Dezembro 3, 2024
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Corticeira Amorim renova Parque Natural de Monsanto

Através do sistema Corkeen, detido pela Corticeira Amorim, está a ser desenvolvido um projeto ecológico e sustentável para os pisos de espaços de lazer no Parque Natural de Monsanto, em Lisboa. Esta iniciativa é uma entre a Corticeira a Câmara municipal de Lisboa e a FL Gaspar.

A Corticeira Amorim, fundada em 1870, tem como um dos objetivos ser sustentável ao ponto de utilizar matéria-prima 100% natural. Para tal, investiu na Investigação e Desenvolvimento e apostou na inovação e no design para aperfeiçoar os seus produtos e ir ao encontro das necessidades dos consumidores e do mercado.

Atualmente, a Corticeira é detentora do sistema Corkeen, que em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a FL Gaspar, está a ser utilizado para renovar, de forma ecológica e sustentável, os pisos de espaços de jogos, lazer e recreio do Parque Natural de Monsanto, em Lisboa.

Em entrevista à PME Magazine, o CEO da Corticeira Amorim, Dr. António Rios de Amorim e José Sá Fernandes, do Gabinete do Vereador da Estrutura Verde, Ambiente, Clima e Energia, da Câmara Municipal de Lisboa, revelam no que consiste esta obra e como é que esta está inserida no programa Lisboa Capital Verde Europeia.

PME Magazine (PME Mag.) – No que consiste este novo modelo de negócio? E de que modo é que a obra integra o programa Lisboa Capital Verde Europeia?

Dr. António Rios de Amorim (A. A.) – Tendo em conta que o Corkeen é um sistema instalado in situ, e dada a necessidade de especialização ao nível da instalação foi, então, desenvolvido um novo modelo de negócio, que exigiu a constituição de uma nova empresa assente numa rede de Brand Masters (franchisados). Os Brand Masters Corkeen representam a marca na sua região e assumem a gestão da rede de instaladores em regime de exclusividade. Estas empresas têm reconhecida experiência e elevado conhecimento técnico na instalação de parques infantis, sendo certificadas para instalar e dar formação do sistema Corkeen a instaladores no seu território geográfico. Dado o carácter inovador e das inúmeras vantagens do Corkeen, a rede de Brand Masters tem crescido muito rapidamente a nível global. À data, o Corkeen está representado em vários países, nomeadamente Suécia, Portugal, Reino Unido, França, Singapura, Malásia, Indonésia, Vietname, Tailândia, Filipinas, Myanmar, Laos, Camboja, Brunei, Holanda, Noruega, Dinamarca, Polónia e Nova Zelândia. O objetivo é continuar o processo de expansão da rede de Brand Masters a nível global para que o Corkeen e a cortiça sejam a opção de eleição nesta aplicação, o que seguramente contribuirá para um maior bem-estar das crianças e das comunidades, ao mesmo tempo que contribui para um presente e um futuro mais sustentáveis.

José Sá Fernandes (J. S. F.) – A Capital Verde valorizou muito soluções de base natural com uma forte componente de inovação e de economia circular. É o caso de produtos à base de cortiça nacional e, neste caso, do aproveitamento de aglomerados deste material para a criação de um novo produto. Nesta base, também tivemos a implementação de uma solução inovadora de depuração ecológica em alguns lagos assentes em ilhas flutuantes de cortiça com plantas.

PME Mag. – O que diferencia o sistema Corkeen dos demais?

A. A. – O sistema Corkeen é uma solução revolucionária para superfícies amortecedoras de impacto para aplicação em parques infantis, instalado in situ e produzido com cortiça, uma matéria-prima 100% natural, reciclável e renovável. Por se tratar de uma solução natural, quando comparado com outras soluções existentes no mercado, como por exemplo os sistemas que têm na sua constituição a borracha, o sistema Corkeen apresenta inúmeras vantagens. De destacar a sua excelente capacidade de drenagem, que permite que, mesmo após períodos de chuva, o pavimento seque rapidamente. Como a cortiça atua como um isolante natural, o sistema Corkeen consegue reduzir a temperatura da superfície em mais de 20%, evitando o sobreaquecimento da superfície. Este sistema reduz a propagação de microplásticos, contrariamente a soluções sintéticas que contêm grânulos de plástico e borracha, que acabam por poluir a natureza. A cortiça é, ainda, isenta de toxinas e de metais pesados como EDC, VOC, formaldeído ou PAH. O sistema Corkeen apresenta também um desempenho técnico de última geração em concordância com as mais rigorosas normas de segurança – EN1176 e EN1177. Uma vez que é instalado no local como um sistema de duas camadas (uma camada base de absorção de impacto e uma camada superior de desgaste), o Corkeen proporciona uma superfície estável, uma vantagem em termos de acessibilidade quando comparado com outras soluções naturais, como é o caso da areia, da casca de pinheiro ou da estilha. Desta forma, os parques infantis que adotam a solução Corkeen não só são seguros e sustentáveis, como garantem uma maior acessibilidade a todos os utilizadores, mesmo numa cadeira de rodas ou em outros equipamentos de mobilidade.

PME Mag. –Por que motivo decidiu implementar este projeto no Parque Natural de Monsanto?

J. S. F. – A primeira localização é no Parque Florestal de Monsanto porque é uma floresta urbana certificada e onde há presença de cortiça nos sobreiros do parque e, especificamente num bosquete muito próximo do parque infantil. O parque infantil precisava de uma reparação no pavimento amortecedor e juntou-se a oportunidade de experimentar um pavimento natural neste contexto.

O sistema Corkeen é uma solução revolucionária para superfícies amortecedoras de impacto para aplicação de parques infantis.

PME Mag. – De que modo é que a missão de ser uma empresa sustentável tem reformulado e/ou delineado o seu negócio?

A. A. – Na obrigatória batalha contra as alterações climáticas, a Corticeira Amorim procura acelerar a transição para uma bioeconomia circular e, apesar do notável aproveitamento de 100% da cortiça, a empresa continua a trabalhar na melhoria da eficiência do uso da cortiça ao longo do processo produtivo. Seja desenvolvendo novas aplicações, seja adotando tecnologias, processos e fórmulas ainda mais eficientes. A Corticeira Amorim privilegia em todos os processos operações que não produzem aumento de emissões de CO2 e reforça o recurso a energias renováveis. De resto, o recurso a energias renováveis traduzir-se-á num investimento de mais de 10 milhões de euros nos próximos quatro anos. O incremento da sustentabilidade dos materiais e da circularidade dos processos, e a redução de emissões de CO2 dos resíduos e da poluição são também objetivos da Corticeira Amorim. A empresa foca-se não só no impacto da sua atividade, mas também no impacto na cadeia de valor. Assim, a Corticeira Amorim pretende continuar a aumentar quer o conhecimento sobre o impacto ambiental dos produtos de cortiça, quer o conhecimento sobre os ecossistemas que os mesmos produtos de cortiça viabilizam. Essa recolha pormenorizada de dados permite não só continuar a trabalhar na melhoria do impacto ambiental dos produtos e processos da Corticeira Amorim, mas também dos seus clientes ao fornecer informação relevante e quantificada sobre a contribuição ambiental dos produtos de cortiça. Quanto à floresta, a Corticeira Amorim tem em curso o Projeto de Intervenção Florestal (PIF). Na verdade, a revolução está em marcha em 251 hectares de Montado com irrigação na Herdade da Venda Nova, em Alcácer do Sal. Mais de 100 mil sobreiros plantados com recurso a rega assistida. Projeto liderado pela Corticeira Amorim, o PIF ambiciona nos próximos dez anos incrementar em 35% a produção de cortiça em Portugal. Todavia, a ambição da empresa é ainda maior: alargar o conhecimento; ser o centro de excelência de investigação e desenvolvimento do Montado; promover o Montado e os serviços dos ecossistemas associados; e apoiar os produtores florestais através da partilha de conhecimento. No que concerne ao pilar social, a Corticeira Amorim definiu um Plano de Igualdade de Género com áreas prioritárias de intervenção para os anos subsequentes e com objetivos associados, desenhou um plano de formação para toda a população do universo Amorim, e estipulou que em 2024 verá reduzida a zero a taxa de frequência de acidentes.

Na obrigatória batalha contra as alterações climáticas, a Corticeira Amorim procura acelerar a transição para uma bioeconomia circular.

PME Mag. – Que objetivos e planos futuros podemos esperar da Corticeira Amorim?

A. A. – Perante os atributos únicos da cortiça, e observando os novos paradigmas de desenvolvimento sustentável, as crescentes preocupações verdes da sociedade e as inumeráveis utilizações possíveis dentro de um infindável conjunto de atividades, será fácil adivinhar a progressiva procura das diferentes indústrias por produtos, soluções e aplicações em e/ou com cortiça. Destacamos, desde logo, os laços umbilicais entre a rolha de cortiça e o vinho. Ano após ano, a Corticeira Amorim ganha de modo consolidado quota de mercado aos intitulados vedantes plásticos, numa estratégia alicerçada na inovação, na performance e na sustentabilidade. Aliás, as recentemente apresentadas tecnologias Naturity e Xpür são espelho desse bem-sucedido plano. Hoje todos os segmentos de rolhas da Corticeira Amorim têm um desempenho de TCA não detetável, cumprindo desta forma a promessa enunciada em meados de 2018. Sublinhamos depois o garantido aumento do uso da cortiça nas áreas da arquitetura, construção e design de interiores. Um posicionamento tanto mais sólido quanto mais sejamos capazes de enaltecer o seu visual apelativo, caráter sensorial e feição táctil, bem como o seu desempenho técnico que aporta bem-estar, conforto e longevidade. Finalmente, constituirá igualmente nossa prioridade investirmos tanto na conceção, criação e produção de novas aplicações, como na combinação da cortiça com outros materiais, reforçando aprendizagens, know-how e parcerias. Um método em que uma das basilares alavancas serão os princípios da economia circular. O intuito é alargar o portfólio de produtos, soluções e referências para além das hoje rendidas indústrias aeronáutica e aeroespacial, transportes, design, moda ou desporto. Metas tanto melhor alcançadas quanto a nossa acelerada capacidade de continuarmos a absorver as práticas de ESG – Environmental, Social, Governance. Isto cientes de que nenhum futuro perdurará no tempo sem encarar os fatores ambientais, sociais e de governança como fatores críticos de competitividade. De resto, a missão da Corticeira Amorim é taxativa: acrescentar valor à cortiça de forma competitiva, diferenciada e inovadora, em perfeita harmonia com a natureza.

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