A Associação dos Instaladores de Portugal (AIPOR) reafirma que a utilização de equipamento de Ar Condicionado é segura, não existindo risco acrescido de transmissão do vírus SARS-Cov-2.
Por Mafalda Marques
A AIPOR estima que tenham sido instalados mais de 3 milhões de aparelhos de Ar Condicionado nos últimos 15 anos e enviou um comunicado às redações a manifestar o estigma associado ao novo coronavírus.
“Qualquer partícula presente no ar, se submetida a um fluxo de ar, irá projetar-se a uma determinada distância, pelo que, se estivermos presentes num espaço interior com um indivíduo contaminado, sem proteção, e o mesmo espirrar, tossir ou mesmo ao falar, as gotículas poderão ser projetadas a maiores ou menores distâncias no caso de existir ventilação ou não. O mesmo acontece em qualquer espaço exterior onde exista algum vento, condição muito característica em Portugal”, afirma Celeste Campinho, presidente da AIPOR.
“A ideia de que o Ar Condicionado propaga o vírus responsável pelo COVID-19 ou qualquer outro vírus é completamente errada pois o mesmo não só não aumenta a carga viral, como a diminui pelo seu efeito de difusão e diluição no ar”, conclui.
O equipamento de Ventilação e Ar Condicionado não só não contribui para a propagação, como deverão manter-se a funcionar pois ajudam, em conjunto com as indicações da DGS, a mitigar a propagação da doença COVID-19, explica a associação em comunicado.
Recomendações da DECO e Direção Geral de Saúde
Num artigo dedicado à segurança do ar condicionado, dossier técnico de Isabel Oliveira e conteúdos de Ricardo Nabais e Filipa Rendo, a DECO explica que “existem instalações de ar condicionado e de tratamento de ar que são centralizadas e onde o ar circula por condutas.
Este tipo de instalação é mais comum em edifícios de serviços e de comércio. Nestes casos, o ar é captado do exterior, depois é arrefecido e, a partir daí, circula no edifício. Em edifícios maiores, pode acontecer que parte do ar interior seja recirculado entre os espaços, como forma de poupança de energia.
Em crise pandémica, a DGS recomenda que esta recirculação de ar seja desligada e que todo o ar que circula nos edifícios seja proveniente do exterior.
Os sistemas estão tipicamente preparados para fazer face a esta situação. Outra recomendação prende-se com o aumento dos caudais e períodos temporais de ventilação, para que haja uma maior renovação do ar dentro dos espaços.
O site da DECO explica ainda que “a generalidade dos sistemas domésticos é diferente: normalmente é constituída por aparelhos split e multisplit, de uso individual para cada habitação. Nestes casos, não existe captação de ar do exterior para dentro de casa e também não existe a recirculação de ar entre espaços, para além do que ocorre pela ventilação natural e pelas janelas e portas abertas. O aparelho que está na sala de estar arrefece o ar que já estava na sala de estar.
Não existe um risco acrescido de contaminação a partir do exterior pelo uso do aparelho de ar condicionado. Mas, por si só, este tipo de aparelho não garante a necessária renovação do ar. É por isso que se recomenda a abertura frequente de janelas e portas.
Neste caso, é preferível abrir as janelas mais vezes durante o dia (a DGS menciona seis) e por períodos de tempo de cinco a dez minutos. Assim, pode ligar o seu aparelho de ar condicionado, e continuar a garantir o conforto da habitação”, adianta.
Viagens de avião
As companhias aéreas afirmam que o ambiente a bordo dos aviões é seguro, pois o ar interno nas aeronaves é renovado a cada três minutos e há filtros que bloqueiam os vírus e bactérias, incluindo o novo coronavírus.
Mais do que a circulação e renovação do ar, o grande enfoque das companhias aéreas está no filtro HEPA. A sigla significa High Efficiency Particulate Air (Ar Particulado de Alta Eficiência, em tradução livre).
Trata-se de um filtro de ar industrial utilizado em hospitais e na indústria aeronáutica que utiliza três processos de filtragem (impacto, difusão e intercepção) para aumentar a eficiência.
O filtro HEPA é capaz de reter mais de 99,9% dos vírus e bactérias presentes no ar, e isso inclui até mesmo o novo coronavírus. O filtro HEPA capta vírus e bactérias de até 0,01 micrômetro, equivalente a um milionésimo de metro ou um milésimo de milímetro. O coronavírus é de oito a 16 vezes maior, medindo de 0,08 a 0,16 micrômetro.
Depois de ficar preso no filtro HEPA, os vírus e bactérias não sobrevivem. No local onde são instalados, a humidade relativa do ar varia entre 10% e 15%, o que impediria a sobrevivência desses microorganismos, indica o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças.