Presidente do Banco Central Europeu diz que só coordenação entre bancos centrais pode evitar “incerteza” nos mercados.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, defendeu, esta terça-feira, um maior alinhamento entre bancos centrais para não gerarem “desestabilização” nos mercados.
“Podemos não precisar de uma coordenação global de áreas de política, mas iríamos beneficiar se houvesse um alinhamento — um diagnóstico partilhado das causas originárias [dos contágios]”, disse Mario Draghi, citado pela edição online do Dinheiro Vivo, na abertura do Fórum BCE, em Sintra.
“Vimos, por exemplo, como políticas monetárias divergentes entre os principais bancos centrais podem criar incerteza sobre as intenções políticas futuras, que por sua vez leva a uma maior volatilidade da taxa de câmbio e dos prémios de risco”, acrescentou.
“Não há soluções perfeitas”
Já Maurice Obstfeld, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), considerou que “não há soluções perfeitas” na coordenação entre bancos centrais.
“Os bancos centrais têm os balanços carregados de dívida soberana, existe um ponto em que haverá risco de perdas de capital e necessidade de capitalização”, acrescentou.
Ainda durante o Fórum BCE, Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia, disse que a queda da libra, que ocorreu na sequência do referendo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia, “não configura uma crise de moeda cambial”.
Por outro lado, considerou que tem-se “discutido muito a questão da dívida soberana”, mas não “o problema da dívida das empresas”.
Em sentido contrário, David Vines, professor de Economia na Universidade de Oxford, disse que o Brexit “gerou um choque global de volatilidade” e que a decisão irá criar “problemas à política macroeconómica mundial”.