Por: Ana Vieira
A Boost Portugal, empresa ligada à animação turística, prevê consolidar a presença internacional em 2025 com operação em Espanha, Países Baixos, Estados Unidos da América e América do Sul.
A expansão está a ser feita através da Spinach Tours, a marca portuguesa dos pequenos carros elétricos de cor verde, amigos do ambiente, que atuam como guias turísticos, partilhando com os passageiros factos históricos de uma forma divertida.
Além da tecnologia ser portuguesa, também a montagem dos carros é feita no nosso país.
Em entrevista à PME Magazine, João Paiva Mendes, CEO da Boost Portugal, aponta o desafio de levar a marca para fora. “Escalar qualquer projeto no segmento de experiências turísticas é verdadeiramente desafiante e percebe-se porquê se pensarmos que cada cidade tem a sua própria cultura, os seus hábitos e o público estrangeiro é aquele que temos mais dificuldade em alcançar”, considera.

PME Magazine (PME Mag.) – A Spinach Tours tem sido o motor da internacionalização da Boost Portugal. O que motivou a escolha desta marca como ponto de partida para a expansão global?
João Paiva Mendes (J. P. M.) – A decisão de dar início à nossa internacionalização através da Spinach Tours surgiu de forma natural. A marca, criada em 2023 através de um spinoff, é um projeto que combina tecnologia gamificada para turismo com um veículo elétrico único para a realização dessas experiências.
“É um modelo desenhado para escalar e, por isso, temos ativamente procurado parceiros internacionais”
O conceito, sendo chave na mão, permite uma vantagem competitiva no destino para qualquer operador turístico local. É um modelo desenhado para escalar e, por isso, temos ativamente procurado parceiros internacionais que nos ajudem a desenvolver a marca, sendo essa a principal razão deste alargamento.
PME Mag. – Quais são as fases da internacionalização da marca?
J. P. M. – Os planos de abertura noutras localizações estão já em curso, por isso, esperamos em 2025 estar já em quatro cidades de Espanha (Toledo, Sevilha, Málaga e Benalmadena), Holanda (Amsterdão), Estados Unidos (Los Angeles) e América do Sul (Aruba).
O processo passa, normalmente, por encontrar parceiros, homologar o carro e ter as devidas autorizações para circular, que dependem muito da regulação em cada país. Escalar qualquer projeto no segmento de experiências turísticas é verdadeiramente desafiante e percebe-se porquê se pensarmos que cada cidade tem a sua própria cultura, os seus hábitos e o público estrangeiro é aquele que temos mais dificuldade em alcançar. A Spinach Tours é uma verdadeira representante daquela que é a nossa visão, com mais de 15 anos de experiência, e daquilo que consideramos ser um produto divertido, sustentável, tecnológico e adaptável a qualquer realidade global, respeitando a autenticidade local. Na verdade, o sucesso do lançamento da marca em Lisboa dá-nos certezas sobre a sua replicabilidade em várias outras cidades do mundo.
PME Mag. – De que forma é que a Boost Portugal conseguiu integrar tecnologia
inovadora e sustentabilidade nos seus produtos?
J. P. M. – Estamos, desde o nosso início, comprometidos com a promoção de práticas sustentáveis. Este ponto é, naturalmente, mais visível na nossa oferta turística, onde procurámos desde sempre minimizar o impacto ambiental ao mesmo tempo que se alimenta a rede local. Não falamos apenas do óbvio: uma frota de veículos elétricos e uma oferta que inclui atividades de cariz sustentável que inclui, por exemplo, passeios a pé ou de bicicleta. Falamos também da criação de sinergias a nível local, contribuindo positivamente para os ecossistemas sociais e culturais, bem como a economia local das cidades onde atuamos.
Em paralelo, iniciámos já a nossa avaliação de impactos, riscos e oportunidades no que toca a Environmental, Social and Governance (ESG), estando a definir a estratégia de contributo para a Agenda 2030 e objetivos de desenvolvimento sustentável. Já em 2014, antes desta agenda estar mais definida, a Boost Portugal constituiu um advisory board, seguindo as melhores práticas internacionais e abrindo a porta a auditoria e aconselhamento externo e independente.
“(…) um veículo elétrico e único no mundo no sentido em que é adaptado a turismo”
Finalmente, o caso da Spinach Tours é incontornável no nosso caminho: integramos a sustentabilidade ao desenvolver o Spinach, um veículo elétrico e único no mundo no sentido em que é adaptado a turismo e com tecnologia pensada para este segmento (proprietária e com ADN 100% português).
PME Mag. – Quais foram os maiores desafios enfrentados durante o processo de
expansão para mercados tão distintos como Europa, Estados Unidos e
América do Sul?
J. P. M. – Os maiores desafios são dois e estão interligados: prendem-se com a homologação do veículo e a credibilidade da própria marca lá fora. É muito difícil escalar um produto que é apenas conhecido em Portugal e, como tal, o time-to-market é demorado. A homologação também é difícil porque é um veículo/experiência único e que obedece a regulação muito específica que vai variando de país para país. Em Cabo Verde, por exemplo, o processo demorou cinco a seis meses, o que prova que regulamentação é rigorosa e limita o crescimento rápido. No que toca a credibilidade, as dificuldades prendem-se mais com convencer operadores a abrir o seu próprio negócio com base no modelo que disponibilizamos, o que acreditamos acontecer por ser conhecido apenas em Portugal, como já referi.
PME Mag. – Com o crescimento de 33% previsto para 2024, como é que a empresa planeia manter este ritmo em 2025 e quais são as expectativas para a consolidação das operações internacionais?
J. P. M. – Um dos principas focos é a implementação de soluções de software inovadoras, com o objetivo de otimizar os nossos processos internos e melhorar a eficiência global o que, por sua vez, nos permite reduzir custos e aumentar a agilidade e precisão da tomada de decisões. Depois, queremos investir na melhoria e modernização dos nossos ativos no setor do turismo e restauração/catering, sempre com o objetivo de proporcionar experiências diferenciadas e de alta qualidade aos nossos clientes.
Finalmente, o foco que já referimos na Spinach Tours, com a expansão da marca a nível internacional e consequente abertura em quatro cidades de Espanha (Toledo, Sevilha, Málaga e Benalmadena), Holanda (Amsterdão), Estados Unidos (Los Angeles) e América do Sul (Aruba). O ano de 2025 é um ano de consolidação: o foco é que os operadores que vão abrir nestas localizações tenham sucesso, consigam fazer a implementação, para que depois consigamos solidificar a marca e em 2026 e então dar mais um salto, abrindo novas localizações.
PME Mag. – A loja flagship da Spinach Tours em Lisboa foi pensada para refletir
o posicionamento sustentável e inovador da marca. Como é que este
espaço contribui para a experiência do cliente?
J. P. M. – Sendo a Spinach Tours uma marca com uma forte componente de franchising, esta é a loja mais importante e cujo formato de funcionamento servirá de exemplo para os principais franchisados e potenciais clientes.
Com uma área bruta de 350m2, o espaço da Spinach Tours em Lisboa oferece uma experiência envolvente e divertida. Fomos minimalistas na construção e a decoração recorre a elementos néon e apontamentos de cor verde, bem como à utilização de materiais naturais que reforçam o posicionamento sustentável da marca. Seguindo a mesma filosofia, quem visita a loja encontra os colaboradores com fardas de algodão orgânico.
Como parte da experiência, a Spinach Tours oferece a todos os seus clientes no final de cada tour dois momentos simbólicos:
• O momento “Spinach Shot”, com oferta de uma bebida não alcoólica refrescante e que realça as propriedades do espinafre, parte da imagem de marca.
• O momento do brinde, com oferta de uma caixa Spinach com um vaso orgânico de germinação e sementes de espinafre.