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Angelo Ramalho CEO Efacec
Engº. Ângelo Ramalho, CEO da Efacec (Foto: D. R.)

“Energia, Ambiente e Mobilidade são pilares de desenvolvimento social” – Ângelo Ramalho

Por: Afonso Godinho

Fornecedora de soluções e de sistemas integrados EPC a nível global, a Efacec tem vindo a implementar, no mercado nacional e internacional, várias soluções de mobilidade elétrica com a criação de produtos mais sustentáveis e preparados para a digitalização e a indústria 4.0. É assim que surge o Transformador Core 40MVA, baseado num sistema modular que combina tecnologia, sustentabilidade e maior eficiência e versatilidade.

Em entrevista à PME Magazine, Ângelo Ramalho, CEO da Efacec, analisa a evolução da empresa ao longo dos últimos anos, abordando os projetos em desenvolvimento e a questão da atual situação pandémica.

PME Magazine – Como caracteriza a evolução da empresa ao longo dos últimos anos?  

Ângelo Ramalho (A. R.) – A Efacec faz parte da história industrial portuguesa, sendo uma referência nacional incontornável de tecnologia, engenharia, talento humano e capacidade de evolução. Ao longo dos seus mais de 70 anos de história, a empresa soube reinventar-se e acompanhar as necessidades dos mercados e das sociedades, mantendo-se e reforçando a sua relevância em Portugal e nos mais de 80 mercados onde atua.  A Efacec sempre atuou em setores estruturantes para as sociedades, mas hoje mais do que nunca, pelos desafios sociais e ambientais que as mesmas enfrentam mundialmente, a nossa atuação acresce de maior valor económico e estratégico. Desenvolve e disponibiliza soluções para responder aos grandes desafios da sociedade de hoje, nomeadamente a economia azul, a descarbonização e a digitalização. Como todos sabemos, a Energia, o Ambiente e a Mobilidade são três pilares estratégicos de desenvolvimento das sociedades atuais. É nestes três pilares que se desenvolve a Efacec, reunindo todas as competências para a transição energética em curso.

PME Mag. – De que forma é que a atual situação pandémica veio interferir nos projetos da empresa? 

A.R. – Em Portugal, a Efacec foi das primeiras empresas a agir e a implementar medidas de prevenção. Acompanhar os desafios e as necessidades dos colaboradores nas diferentes geografias tornou-se uma preocupação diária e todos os esforços foram direcionados para garantir a sua segurança, assegurar a continuidade das operações e minimizar o impacto da Covid-19. A resposta rápida e eficiente da organização, permitiu à Efacec manter as suas atividades produtivas ao longo do ano de 2020, mas não sem impactos. Enquanto empresa exportadora, a Efacec foi fortemente impactada pela pandemia Covid-19, em virtude de dois efeitos. Primeiro, cerca de 85% das receitas e da atividade da empresa advém da venda de produtos e equipamentos para o estrangeiro e da execução de grandes projetos de infraestruturas elétricas no estrangeiro. E segundo, a Efacec importa parte dos produtos da sua cadeia de abastecimento, tendo sentido significativas dificuldades na obtenção de matérias-primas e componentes para os seus produtos e projetos. Inúmeros projetos e contratos foram impactados na sua execução por diversos motivos, desde disrupções no tráfego de pessoas e mercadorias por via aérea, marítima e até rodoviária, até situações de quarentena obrigatória e declarações de emergência nos diversos países em que a empresa atua. A partir de junho de 2020, ultrapassada a fase mais crítica da crise pandémica, os nossos clientes retomaram gradualmente as suas atividades. Os projetos e fornecimentos em curso, aquando da paralisação quase global da economia, estão a ser retomados, após renegociação dos calendários globais com os clientes, em linha com a desbloqueio das próprias cadeias de abastecimento. Antevêem-se mudanças na forma de contratação, gestão de projetos e fornecimentos em infraestruturas críticas, como as energéticas e de mobilidade. Tendo adotado, o teletrabalho para todas as funções que o permitem, a Efacec encontra-se hoje com todas as suas operações em funcionamento.

Prevê-se mudanças na forma de contratação, gestão de projetos e fornecimentos em infraestruturas críticas, como as energéticas e de mobilidade.

PME Mag. – Em que consiste o vosso conceito de Modular System? 

A. R. – O conceito de “sistemas modulares” é um conceito exclusivo Efacec que permite que um mesmo equipamento possa receber novos upgrades e funcionalidades, de forma remota (over-the-air) ou presencial, adicionando componentes à medida das necessidades dos clientes. É um sistema patenteado internacionalmente pela Efacec com características únicas. O conceito de modularidade, inaugurado no Transformador Core 40 MVA, é já aplicado transversalmente às diferentes gamas de produtos e sistemas Efacec, permitindo ganhos significativos para os clientes, desde logo na integração digital dos equipamentos, facilidade de upgrades, segurança, otimização de tarefas de manutenção e ganhos ambientais em toda a cadeia de produtos. A modularidade permite maior eficácia nos processos de desenho e de produção, aumentando a competitividade dos produtos e sistemas Efacec num mercado exigente e em transformação rápida. Permite também que os nossos produtos apresentem um design mais apelativo, incorporem conectividade digital e aliem alta performance aos requisitos de eficiência energética e descarbonização do planeta. 

PME Mag. – Como caracteriza o novo Transformador Core 40 MVA? 

A. R. – O Transformador Core 40 MVA foi o primeiro equipamento a beneficiar da tecnologia de sistemas modulares Efacec. Neste caso em concreto, os benefícios do caráter modular do transformador ficam patentes no processo de design de produto, design técnico de componentes internos e externos, logística de transporte, montagem e desmontagem do transformador e, facilidade de manutenção remota e presencial. Destacamos ainda algumas funções, tais como: proteção mecânica, redução de ruído, resistência ultravioleta e proteção balística, características que melhoram a performance, durabilidade e confiabilidade do produto nas mais diversas aplicações, seja urbano ou em ambientes extremos. No Transformador Core 40 MVA minimizamos ainda mais a pegada ecológica de um produto muito próximo de 95% de eficiência energética e em que todos os materiais que o compõem são reciclados no final da sua vida útil. O conceito de modularidade está a ser estendido a toda as gamas de Transformadores Efacec, em unidades desde os 10MVA aos 170MVA e até 400kV, ficando assim habilitados para a digitalização e indústria 4.0, uma vez que permitem explorar novas funcionalidades e aplicações na gestão digital de redes e equipamentos. A título de curiosidade, a Efacec submeteu o Transformador 40 MVA aos Prémios Red Dot Awards, o mais prestigiante concurso de design industrial do mundo.

A modularidade permite maior eficácia nos processos de desenho e de produção, aumentando a competitividade dos produtos e sistemas Efacec num mercado exigente e em transformação rápida.

PME Mag. – Que outras novas soluções e produtos para a Mobilidade Elétrica podemos esperar? 

A. R. – O mercado da mobilidade elétrica está em forte expansão e a Efacec tem antecipado as necessidades e requisitos do setor. Esta é uma área em que fomos pioneiros, em contexto internacional, e que estamos particularmente à vontade e confiantes em relação ao futuro. Ainda durante o primeiro semestre deste ano, vamos atualizar a gama de produtos de carregamento rápido, nomeadamente a gama QC (Quick Charger) e introduzir upgrades nas plataformas de gestão EVCore e LMS.

PME Mag. – De que forma é que a Efacec pode apoiar as empresas na sua digitalização? Qual o feedback que têm recebido das mesmas?

A. R. – A digitalização está na ordem do dia e a Efacec tem, na sua origem, uma equipa multidisciplinar que acompanha as necessidades dos clientes e as tendências tecnológicas relativas à transformação digital das organizações. O processo é suportado por um conjunto de competências técnicas, vastas e complementares, suportado por investimentos em I&DT e uma política de cooperação tecnológica com entidades de referência a nível global.  Este ecossistema dá à Efacec uma vantagem competitiva na área das competências digitais e aplicabilidade de soluções e tecnologias de digitalização. Temos em curso vários projetos com foco na digitalização, descarbonização, descentralização energética e otimização das cadeias de valor da Energia, Ambiente e Mobilidade. As inovações tecnológicas resultantes desses projetos I&DT, desenvolvidas frequentemente em ecossistema internacional, apresentam uma componente digital crescente e permitem à empresa apresentar soluções cada vez mais transformadoras dos modelos de operação dos nossos clientes, acelerando a sua transformação digital.

A digitalização está na ordem do dia e a Efacec tem uma equipa multidisciplinar que acompanha as necessidades dos clientes e as tendências tecnológicas relativas à transformação digital das organizações.

PME Mag. – No que consiste a nova geração “Public Charger”? E o QC120? 

A. R. – A nova gama de carregadores rápidos Public Charger G3 (geração 3) e QC 60/90/120 kW, beneficiam da tecnologia modular Efacec, por isso vão ao encontro das maiores exigências de um setor que marca o futuro das sociedades e que é crucial para a aceleração da utilização de energias limpas e sustentáveis. Os produtos lançados oferecem mais design, mais controlo, mais potência, maior versatilidade e flexibilidade (gestão dinâmica de potência), reduzindo o tempo despendido no carregamento e facilitando o processo de manutenção. No segmento de carga em corrente alternada lançamos o PC G3, um carregador rápido para qualquer utilizador, público, privado ou frotas. Uma solução competitiva, robusta e fiável, completamente customizável à Marca / branding dos clientes. Já no segmento de carregadores rápidos, o novo QC120 permite um upgrade progressivo de potências de 60 kW a 120 kW e tensões de 920 Vcc, bem como o carregamento simultâneo, permitindo carregar três veículos elétricos ao mesmo tempo.

PME Mag. – De que modo é que o EV Core – Charging Point Management System pode constituir uma vantagem para os utilizadores, em particular para as empresas? 

A. R. – Oscultámos o mercado e percebemos que as empresas precisavam de uma solução que lhes permitisse gerir a sua rede de carregadores de veículos elétricos. Assim nasceu o EVCore. Uma plataforma de gestão integrada e escalável construída em função das necessidades de informação do cliente e que garante a compatibilidade com produtos multimarca futuros. A plataforma EVCore, desenvolvido pela equipa de R&D Efacec, já está implementada em vários clientes de referência nacional e internacional, de diversos setores, e permite responder de forma eficaz e customizada às necessidades do negócio de cada cliente. Todas as novas soluções de carregamento permitem a integração com o Load Management System (LMS) da Efacec, uma ferramenta que permite gerir as potências das estações nos locais de instalação, a gestão dinâmica com smart meters, bem como a integração com CPMS / OCPP e HMI web based. Entre os destinatários destes produtos estão utilities, nacionais e internacionais, gestores de frota, gestores de redes de carregamento, públicos e privados.

Oscultámos o mercado e percebemos que as empresas precisavam de uma solução que lhes permitisse gerir a sua rede de carregadores de veículos elétricos.

PME Mag. – Em termos de equipa, têm previsto algum reforço da mesma? Quantos colaboradores têm atualmente?

A. R. – A natureza e dimensão da atividade de um Grupo como o da Efacec, requer uma gestão de pessoas continuada e dinâmica. Estamos continuamente a trabalhar no desenvolvimento do nosso atento atual, como na prospeção e identificação, interna e externa, de talento futuro. Praticamente todos os meses recrutamos, porque assim o exige a natureza dos nossos projetos. Quer em Portugal, como no Mundo. 

PME Mag. – Qual tem sido o vosso plano de internacionalização? Como têm gerido as vossas operações nos vários países onde trabalham?

A. R. – A Efacec é uma empresa de cariz exportador, representando as exportações mais de 70% das suas receitas. Com presença comercial em 80 países, a Efacec tem reforçado a sua aposta em mercados estratégicos e sofisticados, tais como a Europa e os EUA. A gestão das operações internacionais é feita de várias maneiras: com filiais onde a representatividade do mercado/região o exige (ex: EUA, Chile, Áustria, India, etc.); com sucursais de apoio (ex: Dinamarca, Suécia) e através das deslocações das equipas de projeto centrais. 

Com presença comercial em 80 países, a Efacec tem reforçado a sua aposta em mercados estratégicos e sofisticados, tais como a Europa e os EUA.

PME Mag. – Quais os projetos futuros que a Efacec está a planear? 

A. R. – A Efacec está comprometida com a concretização da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que visa a conciliação entre a prosperidade e a proteção do planeta, e é neste sentido que continuará a pautar toda a sua atividade interna e externa. O nosso foco passa pelo crescimento sustentável, desenvolvimento das pessoas e criação de soluções que contribuam para um mundo melhor. A empresa reorganizou-se nos últimos anos, em torno de um Propósito Comum – “Criar um futuro mais inteligente, para uma vida melhor”.