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Reinaldo Sousa Santos
Apresentação do livro "Ser Feliz no Trabalho", de Reinaldo Sousa Santos (Foto: D. R.)

“Estar feliz no trabalho é estar feliz na vida” – Reinaldo Sousa Santos

Por: Catarina Lopes Ferreira

Porque é que as pessoas devem transmitir às organizações o que é que as faz feliz? Que impactos teve a pandemia na felicidade no trabalho? As respostas são dadas por Reinaldo Sousa Santos no seu livro “Ser Feliz no Trabalho”, apresentado na passada sexta-feira, dia 3 de dezembro, em Lisboa.

“Fazia falta um livro que falasse sobre o trabalho, não na perspetiva do que fazemos, mas essencialmente na perspetiva do que é que as pessoas podem obter através dessa experiência e, por isso, julgo que é um livro que faz falta no âmbito da literatura científica, mas não deve ficar só para as pessoas que se interessam pela ciência. É um conhecimento que faz sentido que seja divulgado por todas as pessoas, porque que tem essa possibilidade de contribuir positivamente para melhorar as relações de trabalho”, começa por explicar Reinaldo Sousa Santos, em entrevista à PME Magazine.

Reinaldo Sousa Santos é professor de gestão de recursos humanos em universidades e escolas de negócios, doutorado em ciências empresariais e tem uma pós-graduação em gestão de recursos humanos e licenciatura em sociologia das organizações. O livro “Ser Feliz no Trabalho” é um livro de fácil leitura para todos os que se encontram a trabalhar, que se dedicam à gestão de recursos humanos e que são líderes de equipas e de pessoas, já que se baseia na gestão de pessoas no trabalho.

Segundo o autor, “estar feliz no trabalho é como estar feliz na vida”. Para tal, considera que as organizações devem preocupar-se com a felicidade dos seus colaboradores, já que isso gerará melhores resultados, maior produtividade e mais dedicação. Ao longo do seu livro, o autor revela que não existe uma “fita métrica” para medir a felicidade, ou até um “termómetro” ou “questionário” a que as pessoas possam responder, ao invés existe a confiança.

“Isto é uma questão de proximidade com as pessoas, de confiança, porque, por vezes, temos a ilusão de que basta perguntar às pessoas o que é que as faz feliz. Mas, se elas não tiverem um ambiente de confiança, se não souberem que a pessoa não vai usar isso contra ela, obviamente, não se vai abrir. É preciso primeiro ter uma atitude consciente, uma relação de proximidade que faça com que a outra pessoa perceba que, na verdade, vale a pena transmitir à organização as suas expectativas, porque a organização está empenhada em concretizá-las”, acrescentou.

Esta felicidade não é apenas individual, tal como o autor acaba por revelar, mas sim coletiva, uma vez que implica também a felicidade dos que estão consigo a trabalhar. Reinaldo Sousa Santos explica que as relações que são criadas no trabalho são importantes para o ambiente empresarial e evidenciam-se nos resultados, já que estar feliz implica também que se teve algum tipo de impacto positivo na vida do outro.

Por esta razão, o autor considera que a pandemia dificultou a vida dos que se estreiam em novas empresas sob o modelo de teletrabalho, não tendo oportunidade para criar laços com os restantes colegas.

“Há quem ache que as funções de teletrabalho completo podem ser boas para as pessoas e aí tenho algumas dúvidas. Do mesmo modo que digo que o trabalho é uma experiência colaborativa, é muito difícil conseguirmos reproduzir a proximidade entre as pessoas quando cada uma está em sua casa”, afirmou.

O autor comentou, ainda, que se sente confiante com a evolução do pensamento das organizações, acreditando que a felicidade se tornou num dever para as organizações, por saberem as mais-valias que um trabalhador feliz traz para a empresa.

“Podemos apresentar muitas evidências científicas de que as pessoas mais felizes estão mais motivadas, apresentam mais desempenho, faltam menos, têm menos conflito”, conclui.