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Josep María Raventós, Country Manager da Sage (Foto: Divulgação)

As estratégias que as PME devem seguir para se protegerem da recessão

Por: Josep Maria Raventós, country manager da Sage

Muitos são os especialistas que consideram que o momento atual de crise deixará várias economias, incluindo a portuguesa, em recessão. Perante esta realidade, a situação poderá continuar difícil durante algum tempo, e será especialmente importante para as pequenas e médias empresas saberem como podem enfrentar o futuro da melhor forma.

Na Sage, sabemos  que as PME portuguesas são tão sólidas quanto resilientes, e, por isso, partilhamos um conjunto de estratégias que os empresários portugueses podem aplicar para os ajudar a ultrapassar esta fase da melhor forma possível.

1. Gerir (ainda mais) rigorosamente o fluxo de caixa

A chave para sobreviver a uma recessão é controlar rigorosamente o fluxo de caixa. Executar previsões regulares do mesmo, para calcular quanto dinheiro está a entrar e a sair da empresa, ajudará a cortar nas despesas segundo os recursos disponíveis. Uma solução de contabilidade ideal irá ajudar a prever o fluxo de caixa com base nas datas de pagamento de faturas, de reembolso de notas de crédito e em qualquer tipo de receita ou despesa recorrentes.

Devem também ser evitadas vendas a crédito, especialmente se tiverem de pagar IVA, ou a fornecedores, antes que o cliente lhes possa pagar. Se estão num setor em que o crédito é inevitável – por exemplo, a prestação de serviços jurídicos a uma empresa – devem tornar-se mais assertivas em relação à cobrança de pagamentos até à data de vencimento.

2. Cortar no que é supérfluo

Se estão a antecipar ou a assistir a uma quebra nas receitas, reduzir custos pode ser uma forma eficaz de manter a rentabilidade. Para empresas de áreas como o marketing, pode ser interessante perceber se podem fazer uma gestão mais virtual do negócio. Ao invés de pagar a renda de um espaço e combustível nas deslocações, podem considerar a gestão da equipa e dos clientes através da utilização de ferramentas de colaboração online.

É também importante rever as despesas operacionais quotidianas. Quando foi a última vez que alteraram a seguradora da empresa; será que estão a conseguir o melhor acordo possível? Às sextas-feiras costumavam oferecer o pequeno-almoço à equipa; ainda poderão suportar esse custo? Compram algum tipo de estacionário de que possam prescindir?

Reduzir o número de colaboradores deve ser sempre o último recurso, a não ser que tenha realmente pessoas em excesso. Despedir colaboradores pode prejudicar a motivação e o desempenho da restante equipa, que receará o mesmo desfecho. Por outro lado, também poderá significar custos superiores de recrutamento e formação no futuro, quando voltar a crescer novamente e necessitar de contratar.

3. Procurar chegar a outros setores, à prova de recessão

Se o negócio principal das empresas estiver sob pressão, podem procurar formas de utilizar as suas competências e infraestrutura para chegar a mercados menos passíveis de serem afetados por uma recessão. Por exemplo, se fazem a gestão de supermercados, devem avaliar a possibilidade de conseguir produtos a granel em redes de descontos. Os stands de automóveis podem oferecer serviços de reparação e venda de veículos em segunda mão, em vez de apenas novos. Já as empresas de design de interiores podem encontrar uma excelente oportunidade na renovação de casas, para lhes dar a melhor aparência possível e facilitar as vendas durante os períodos mais difíceis para o mercado.

4. Dar relevo ao serviço ao cliente

Durante uma crise, os clientes também sentem a pressão e pensam em cada cêntimo que gastam. A chave para sobreviver à recessão está na retenção dos bons clientes: é, por isso, necessário descobrir o que é mais importante para eles nos momentos difíceis e continuar a oferecer a qualidade esperada no serviço.

Os cortes de custos nas empresas não devem prejudicar a experiência do cliente. Se têm que optar entre manter os seus padrões e corresponder às expectativas dos clientes no que toca a valores, devem comunicar abertamente as decisões que tomam e como afetarão o cliente. Por exemplo, se esperam um aumento das taxas de câmbio que afeta os custos dos produtos que utilizam, devem informar os clientes sobre o consequente aumento dos preços ou a alteração para um fornecedor alternativo mais barato. Se possível, devem oferecer uma escolha aos clientes, ou descobrir a opção que resulta melhor para a maioria.

5. Pensar de forma estratégica as vendas e o marketing 

São muitas as pequenas empresas que cometem o erro de pôr um fim aos esforços de marketing quando ocorre uma recessão. No entanto, essa redução de custos a curto prazo não permitirá que continuem a construir um canal de leads e vendas que se mantenha sólido no futuro. Manter os esforços de vendas e marketing durante uma crise pode ajudar as empresas a aumentar a sua quota de mercado, à medida que os concorrentes reduzem os gastos.

Devem, por isso, analisar os gastos nestas áreas para perceber onde estão a obter o melhor retorno do investimento. Podem descobrir que vale a pena dedicar-se a canais digitais de baixo custo, como pesquisa e redes sociais, em vez de publicidade impressa ou na rádio. Execuções táticas como saldos e outro tipo de descontos podem ajudar a impulsionar as vendas em períodos complicados.

6. Lançar um negócio durante uma recessão

Se está a pensar começar um negócio, não precisa necessariamente de alterar os seus planos se a economia entrou em recessão. Algumas empresas serão bem-sucedidas em qualquer momento, mesmo numa crise, nomeadamente se prestarem:

  • Serviços de contabilidade;
  • Consultoria sobre dívida;
  • Aconselhamento financeiro;
  • Formação e educação;
  • Reparações e manutenção;
  • Desconto para o canal de retalho/distribuição.

Manter (ou começar) um negócio numa recessão é um desafio, mas com estes seis passos será mais fácil: os bons hábitos levam as empresas a posições sólidas, que lhes permitirão continuar a crescer e recuperar assim que a economia também o fizer.