Terça-feira, Dezembro 3, 2024
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“Finanças sustentáveis ganharam um impulso global” – Nelson Machado

Por: Rafaela Silva

O Grupo Ageas Portugal, composto pelas marcas Ageas Seguros, Seguro Directo, Médis, Ageas Pensões e Ocidental, nasceu em 2005 com o objetivo de ajudar os seus clientes a gerir, antecipar e protegerem-se de eventuais riscos. Fazem-no através de produtos desenhados em concordância com as necessidades de cada cliente. Devido a esse cuidado rigor, o Grupo é atualmente um dos líderes no ranking segurador português.

O Grupo Ageas Portugal ajuda os clientes a prevenirem, planearem e protegerem -se de potenciais riscos, através de parcerias que promovem a inovação e que, simultaneamente, têm em vista objetivos sustentáveis.

É precisamente pelos constantes alertas para práticas mais sustentáveis e ambientais que a Ageas Portugal desenvolve produtos financeiros e análises de riscos ambientais e sociais, que acabam por ir ao encontro das necessidades de clientes e das futuras gerações.

Nelson Machado, o CEO Vida e bancassurance do Grupo Ageas Portugal, em entrevista à PME Magazine, explica quais os impactos das finanças sustentáveis não só para os consumidores e negócios, mas também que repercussões podem ter no meio ambiente. O CEO esclarece como é que são promovidas as ações de sustentabilidade junto dos clientes da Ageas, quais as perspetivas para o mercado dos seguros em Portugal, destacando ainda os resultados obtidos pela Ocidental em 2020.

PME Magazine (PME Mag. ) – Em que medida é que as finanças sustentáveis se tornaram uma prioridade dos serviços financeiros?

Nelson Machado (N. M. ) – Hoje, mais do que nunca, as alterações climáticas e o desenvolvimento sustentável estão no centro das principais questões da sociedade, sobretudo porque se tornou essencial pensar no amanhã e garantir um futuro sustentável às gerações futuras. Assim sendo, as finanças sustentáveis estão a ganhar um impulso significativo a nível global, uma vez que compreendem qualquer serviço ou produto financeiro que integre critérios de sustentabilidade nas suas características. Esta integração prende-se com a inclusão de fatores ambientais, sociais ou de governo das sociedades (ESG – sigla em inglês) nos modelos de negócio ou decisões das organizações. Desta forma, começou a ser essencial, para qualquer negócio, incorporar os aspetos ambientais e sociais das suas atividades, através do desenvolvimento de produtos financeiros ou da análise de riscos ambientais e sociais associados aos serviços que disponibilizam.

PME Mag. – Que implicações tem para o negócio e, consequentemente, para o ambiente?

N. M. – As finanças sustentáveis são benéficas tanto para o negócio como para o ambiente. Por exemplo, ao nível do negócio, as finanças sustentáveis: acabam por ter um impacto positivo na confiança dos consumidores; vão de encontro aos interesses das novas gerações, que são cada vez mais exigentes, informadas e conscientes ao nível da sustentabilidade; possibilitam uma maior e diferenciada oferta de novos produtos e serviços, que são adaptados às expetativas dos clientes atuais e futuros; e permitem às empresas fazer da gestão dos seus impactos no meio ambiente uma vantagem competitiva. Do ponto de vista ambiental, as finanças sustentáveis permitem, por exemplo, reduzir a pegada ambiental, gerir os resíduos e permitem uma maior proteção dos recursos naturais e da biodiversidade.

“Começou a ser essencial, para qualquer negócio, incorporar os aspetos ambientais e sociais das suas atividades, através do desenvolvimento de produtos financeiros ou da análise de riscos ambientais e sociais associados aos serviços que disponibilizam”.

PME Mag. – Como é que o Grupo Ageas Portugal promove a questão da sustentabilidade ambiental junto dos seus clientes? É através dos seus serviços ou utilizam também ações de sensibilização?

N. M. – No Grupo Ageas Portugal a sustentabilidade assume um papel preponderante na estratégia. Temos como compromisso criar valor para um mundo mais sustentável. Com as nossas soluções e ao longo de toda a nossa cadeia de valor ambicionamos gerar impacto social e ambiental relevante e contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em julho de 2018, a Ageas Pensões passou a ser em Portugal o primeiro signatário com distribuição ao público dos UN PRI – Princípios de Investimento Responsável das Nações Unidas. Os Fundos de Pensões Horizonte tiveram uma revisão das suas políticas de investimento, tendo passado a ter um enfoque de investimento responsável, nomeadamente com a incorporação dos fatores ESG no processo de decisão de investimentos. Assim sendo, disponibilizamos vários produtos como é o caso do Rendimento Flexível, em que os participantes, pelo menos uma vez por ano, têm a possibilidade de realocar o saldo da conta entre os três produtos abertos ou optar pela solução de gestão, sugerida pela Ageas Pensões, em ciclo de vida (risco decrescente em função da idade do participante). Em 2019, lançámos também o produto Rendimento Flexível e Rendimento Flexível Mais-valia, que são produtos financiados pelos Fundos de Pensões Abertos Horizonte Segurança, Horizonte Valorização e Horizonte Ações, permitindo aos clientes ter uma escolha de fundos adaptada ao seu perfil de risco ou uma opção de ciclo de vida em que o risco vai sendo reduzido ao longo do contrato, permitindo conjugar de forma eficiente a proteção do capital com o potencial de valorização. O produto, para poupança individual, permite também uma total flexibilidade de ajustamento do valor da pensão (com a restrição de um máximo legal nos planos ocupacionais e os 7,5% no reinvestimento de habitação permanente) e das opções de investimento e com a liberdade de escolha dos beneficiários. Esta e outras medidas, permitem contribuir para assegurar a longo prazo a sustentabilidade do mercado como um todo e, por fim, assumir uma preocupação de envolvimento nas empresas em que os nossos fundos estão investidos.

“Do ponto de vista ambiental, as finanças sustentáveis permitem, por exemplo, reduzir a pegada ambiental, gerir os resíduos e permitem uma maior proteção dos recursos naturais e da biodiversidade”.

PME Mag. – A Ocidental faz parte do Grupo Ageas Portugal. De que modo é que se distingue?

N. M. – A Ocidental, criada em 1987, e é uma das marcas mais antigas do Grupo Ageas Portugal, assumindo-se como a maior operadora de venda de seguros no canal bancário em Portugal, disponibilizando os seus produtos através de uma forte parceria com o Millennium BCP. A sua oferta é composta por um vasto leque de soluções Vida e Não Vida, que visão a proteção de empresas e particulares, tanto no plano pessoal como patrimonial. Procurando responder às diferentes fases e necessidades dos seus clientes, a carteira de soluções Ocidental inclui a proteção da casa, saúde e acidentes pessoais, bem como produtos de reforma e outras soluções de poupança e investimento. Recentemente lançamos um seguro de vida inovador de nome YOLO!, em que o cliente pode personalizar coberturas e capitais com bastante flexibilidade, de acordo com aquilo que quer e precisa e pode usufruir de um simulador que sugere capitais e coberturas de acordo com o estilo de vida.

PME Mag. – Qual o papel do Grupo Ageas Portugal na promoção de serviços financeiros sustentáveis?

N. M. – Queremos, claramente, ser líderes nesta tendência relevantíssima e crescente, seja através de investimentos responsáveis, com o Rendimento Flexível e o Rendimento Flexível Mais-valia, referidos anteriormente, seja através da promoção de Literacia Financeira junto dos mais jovens, nomeadamente, através do Concurso Ori€nta-te, que está a terminar a terceira edição para alunos do terceiro ciclo de várias escolas de norte a sul do país, incluindo ilhas. Este projeto, realizado em parceria com a Mentes Empreendedoras, materializa o desafio de sensibilizar as camadas mais jovens para: a necessidade de uma gestão financeira informada, para o tema da poupança e da preparação do futuro. Acaba por ser uma oportunidade de os estudantes aprenderem, através de vários desafios, entre os quais, fazer um orçamento, definir um modelo de poupança, estimar o que precisa de fazer para o cumprir, prever contratempos e definir estratégias para fazer face aos mesmos. É importante referir que temos tido uma grande adesão a este projeto. Só nesta edição recebemos 100 trabalhos de mais de 500 alunos, agora resta-nos saber quais serão os três grupos vencedores.

“As finanças sustentáveis são benéficas tanto para o negócio, como para o ambiente”.

PME Mag. – Considera que nos últimos anos as pessoas que procuram pelos vossos serviços estão mais alertadas para as questões ambientais?

N. M. – As pessoas estão cada vez mais informadas e conscientes a nível ambiental, isso é um facto. Por isso, claramente que começa a surgir, cada vez mais, uma procura por produtos e serviços que sejam benéficos para o ambiente. Essa tendência ainda não é muito visível, mas será, com certeza, inevitável e estamos preparados para que isso aconteça.

PME Mag. – Quais são os benefícios para um cliente ao aderir a seguros de vida que contemplem a integração, a longo prazo, de parâmetros ambientais e sociais?

N. M. – O principal benefício, sem dúvida nenhuma, é a pessoa saber que está a aderir a um produto que contribui para a sustentabilidade ambiental. Isto pode parecer “mais do mesmo”, mas é um tema fulcral. A sociedade precisa de perceber que a questão da proteção ambiental é importante para deixarmos um planeta saudável às gerações futuras, que podem ser os filhos ou os netos das pessoas que nos procuram. Portanto, se pudessem escolher entre os vossos filhos viverem numa casa limpa e arejada, ou uma casa destruída, o que é que escolheriam? É importante pensarmos nisso e fazermos escolhas conscientes tendo em vista o futuro do planeta.

“A sociedade precisa de perceber que a questão da proteção ambiental é importante para deixarmos um planeta saudável às gerações futuras”.

PME Mag. – Pode confidenciar-nos quais foram os resultados obtidos pela Ocidental relativos ao ano de 2020?

N. M. – A Ocidental fechou o ano com um resultado líquido de 85,5 milhões nas soluções Vida e um volume de negócios de 705 milhões de euros. Os ramos Unit Linked, Risco e PRR foram os que tiveram um maior volume de negócio, com um total de 369 milhões, 166 milhões e 127 milhões de euros respetivamente. De realçar que as vendas de Unit Linked de janeiro a maio de 2021 foram superiores a 317 milhões de euros, tendo mais do que duplicado as vendas no período homólogo. A quota de mercado em Provisões Matemáticas (montante entregue pelos clientes para gestão) é superior a 25%. Consolidamos a liderança no que diz respeito à venda de seguros no canal bancário português.

PME Mag. – Como olha para o futuro dos seguros em Portugal?

N. M. – O envelhecimento da população, fruto da baixa natalidade e do aumento da esperança média de vida, traz novos desafios para as seguradoras. É necessário pensar em produtos que contemplem e satisfaçam as necessidades dos nossos seniores, surgindo assim o “Mais Idade Mais” que é o conceito de comunicação que aglutina toda a proposta de valor do Grupo Ageas Portugal para este segmento. Um dos novos produtos lançado pela Ageas Pensões, pretende ajudar a rentabilizar a reforma, através do património imobiliário. Este, pode ser uma boa opção para reinvestir, mas também para reforçar a liquidez mensal, nomeadamente no caso de quem é reformado ou tem mais de 65 anos, podendo evitar o pagamento de mais-valias imobiliárias. Assim, um cliente que cumpra um destes parâmetros e que pretenda converter total ou parcialmente a sua habitação permanente numa fonte de rendimento regular, tem seis meses para subscrever o produto e tem de fazer a sua inclusão na declaração de IRS. O valor anual das prestações regulares fica limitado a um máximo de 7,5% do valor aplicado e, se vier a incumprir estas regras, no ano em que acontecer, terá de pagar todo o imposto de mais valias que tinha ficado excluído de tributação. A grande vantagem para subscrever este produto, está relacionada com as razões específicas que os clientes tenham para converter a totalidade ou parte da sua habitação permanente, numa fonte de rendimento regular. Por outro lado, o PEPP (Plano de Poupança Individual Pan Europeu) é, também, um produto individual de reforma uniforme em todo o espaço da União Europeia e que, em Portugal, irá representar a forma mais inovadora de poupança para a reforma. Esta iniciativa, da Comissão Europeia, procura solucionar dois grandes desafios: o reforço dos níveis de poupança para a reforma que, apesar de muito diferentes nos vários países, são insuficientes para poder responder aos desafios colocados com o crescente envelhecimento da população e, por outro lado, a promoção da construção de um Mercado Único, ao nível da mobilidade profissional, para a qual a multiplicidade e complexidade dos produtos de reforma nos vários países são um dos principais entraves. Este produto será uma realidade em toda a Europa em abril de 2022. Em suma, não basta ao setor segurador fazer o seu habitual trabalho do dia-a-dia e lançar boas soluções, é preciso ir mais além e ter uma abordagem integrada que tenha verdadeiro impacto na sociedade. Só assim conseguiremos colmatar as diferenças existentes entre a preocupação de quem está disposto a poupar, e quem efetivamente poupa. É preciso unir esforços, e ter um call to action efetivo!

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