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“Acreditamos que mulheres de poder constroem sociedades mais felizes e fortes” – Maria Cunha durante a sua Ted Talk no palco TED.

“Há falta de mulheres nos negócios”

Convidada pela conferência TEDX, Maria Cunha, Chief Officer of Dreams da Josefinas, aborda a desigualdade nas oportunidades e a falta de mulheres no topo das hierarquias corporativas. Através da sua marca, Maria acredita em inspirar e dar poder às mulheres. Mas porque ações falam mais alto do que palavras, durante a sua TED Talk, Maria explicou como a marca que lidera tem um grande impacto quer local, quer internacional na vida de muitas mulheres.

 

A convicção de que o mundo pode ser mudado através de negócios geridos por mulheres é a ideia chave do TED Talk da Josefinas, na voz de Maria Cunha, que começou o negócio de calçado de luxo Josefinas em 2013, com duas mulheres: Filipa Júlio e Sofia Oliveira.

A Josefinas é uma marca feita de mulheres para mulheres”, defende Maria que, durante a sua TED Talk, explicou a importância de negócios com significado. “Acreditamos em dar poder às mulheres – é esta a nossa missão e é isto que nos move”.

 

Maria Cunha, no palco TEDX, em Braga, dia 15 de novembro de 2016
Maria Cunha, no palco TEDX, em Braga, dia 15 de novembro de 2016

 

A Josefinas apoia mulheres em risco no Ruanda, garantindo-lhes condições financeiras, médicas e sociais estáveis. Estas mulheres passam a reunir as condições necessárias para aprenderem os ofícios de um pequeno negócio, tornando-se independentes. 90% dos seus ganhos são reinvestidos na sua comunidade local, criando um ciclo de positividade e de oportunidade. “Mas não se esgota aqui”, continua Maria. “Estas mulheres, até então sem futuro, tornam a educação dos seus filhos numa prioridade. Mulheres escolarizadas têm o dobro da probabilidade de enviarem os seus filhos para a escola”. Com uma atuação mundial forte, a marca também reconhece a importância da uma ação local positiva: “Estamos focadas em apoiar e potenciar os negócios de mulheres fornecedoras que tenham produtos fantásticos, feitos em Portugal: juntamo-nos às bordadeiras do Vale do Sousa para dar nova vida ao bordado manual; recuperamos o burel e reinterpretámo-lo. Adoramos crescer e permitir que estas mulheres, e os seus negócios, cresçam ao nosso lado”, continua.

 

“Há uma coisa muito importante – são os uniformes escolares. Sem eles, não podem ir à escola”.
“Há uma coisa muito importante – são os uniformes escolares. Sem eles, não podem ir à escola”.

 

Segundo Maria, o mundo empresarial carece de líderes femininos. Estudos revelam que, nas empresas, a percentagem total de mulheres em cargos de liderança ronda os 15%. Sheryl Sandberg, Chief Operating Officer da rede social Facebook, afirma que estes dados praticamente não se alteraram desde 2012: “apesar de modestas melhorias desde 2012, as mulheres continuam sub-representadas no panorama corporativo”. Os dados não deixam margem para dúvida: as mulheres são agentes de mudança positiva nas empresas.

De acordo com um estudo conduzido pela revista Fortune, as empresas administradas por mulheres atingem receitas 13% superiores às lideradas por homens. Mas, então, porque há tão poucas mulheres em cargos de liderança? Segundo Sheryl, o problema está na base: “Desde cedo, as meninas são catalogadas com palavras como ‘mandona’ se manifestarem traços de liderança, ao passo que se espera e se encorajam os rapazes a liderarem”.

Michelle Obama, ex- primeira-dama da Casa Branca, acredita que a construção de um mundo melhor passa pela educação de jovens meninas. Maria Cunha partilha e reforça: “Para quem tem filhas, para quem tem crianças, para quem tem jovens meninas, gostava de vos deixar uma mensagem: ensinem às vossas filhas a importância de estudar e de acreditarem nelas próprias. O mundo precisa de mais mulheres empreendedoras e mulheres empreendedoras precisam de todas nós”.