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Abbadhia Vieira, Miguel Lambertini e Mónica Vale de Gato são os fundadores da iniciativa (Foto: Teresa Correia)

Humoristas lançam projeto “The Happiness Mentality”

Por: Maria Inês Jorge

Três especialistas em comunicação e humoristas, Abbadhia Vieira, Miguel Lambertini e Mónica Vale de Gato, decidiram lançar o The Happiness Mentality como ponto de partida para um ambiente de trabalho mais positivo dentro das empresas.

Os portugueses passam grande parte do seu tempo no local de trabalho, e, com o surgimento da pandemia, tornou-se cada vez mais difícil encontrar ferramentas para se ser feliz. Em entrevista à PME Magazine, os criadores do The Happiness Mentality explicam como é que o projeto veio ajudar a saúde mental dos trabalhadores, afetada por este “novo normal”.

PME Magazine – Como surgiu o The Happiness Mentality?

Abbadhia Vieira – Desde a fundação da TEM (Teatro Empresarial Motivador), há 10 anos, no Brasil, que já existia um forte direcionamento para que as formações fossem voltadas à melhoria do ambiente corporativo através das ferramentas do bom humor. Porém, a nomenclatura de “felicidade” surgiu agora na pandemia a partir de uma declaração muito forte vinda de um amigo meu, alto executivo de uma multinacional no Brasil. Estávamos a conversar e ele disse-me, em abril deste ano, uma das frases mais impactantes que ouvi: “sabe Abbadhia, se eu tivesse falecido abruptamente por causa deste vírus tão desconhecido, eu tinha questionado o meu percurso profissional até aqui”. Essa frase soou como um alarme em mim. Ele é um executivo muito bem remunerado, aparentemente feliz, aparentemente um líder bem visto na organização, como é que pode ter uma dúvida tão séria sobre a sua vida profissional?  De facto, estamos sempre a deixar para depois as coisas que são importantes. “O que se leva da vida é a vida que se leva” Já dizia o músico Túlio Deck e ele termina com os versos mais poderosos: “Leva a vida mais simples / Que a morte é sempre ingrata / Se acabar ficando quites / É a vida que te mata“. Depois disto, entendi o quanto era urgente usar as ferramentas do teatro, cinema e tudo o que pudermos para falar sobre esse tema tão urgente. A felicidade não é um destino e sim um modo de vida, uma mentalidade treinável.

PME Mag. – Em que consiste o projeto?

A.V. – É um programa híbrido (presencial e online) com o objetivo de dotar os colaboradores e capacitar multiplicadores deste tema dentro das organizações. Desde a realização de testes e diagnósticos, passando por aulas e debates, apresentação de soluções e atividades de implementação, sendo tudo isto disponibilizado numa plataforma de acompanhamento e com relatórios para que possam avaliar a evolução e criar caminhos para o desenvolvimento contínuo.

PME Mag. – A saúde mental é um tema que toca a todos. Em tempos de pandemia, como é que pretendem ajudar as pessoas a serem felizes?

A.V. – Em 2017, a OMS previu que 2020 seria o ano mais crítico em relação à saúde mental e, naquela época, não era sequer pensada uma situação como a que estamos a viver hoje. Todos nós temos um nível de toxicidade, porém acreditamos que a única coisa que cada um pode fazer é cuidar da sua ‘caixinha de emoções’ e, agora, através de uma série de treinos, storytelling, relatos, trocas de experiências, jogos e exercícios, passamos a treinar melhor e reagir melhor. Vivemos tempos onde ‘ser’ é melhor que ‘ter’ e estar consciente é um presente. Acreditamos que a felicidade não é um destino e sim um modo de vida de uma mentalidade treinável.

PME Mag. – De que forma pretendem alcançar trabalhadores e empresas?

Miguel Lambertini – A felicidade no trabalho é o melhor antídoto para o stress. O stress não vem necessariamente de trabalhar muito, mas de se sentir mal enquanto trabalha. Empoderar os colaboradores passa por criar ambientes de trabalho positivos que capacitam as equipas e constroem culturas que otimizam a produtividade, aumentam o envolvimento e inspiram a criatividade.

A.V. – Nós defendemos um slogan: “não trabalhe no duro, trabalhe feliz”. Temos um single que terá como objetivo principal sensibilizar as pessoas para se permitirem à reflexão e, acima de tudo, rir de tudo isto. Afinal, ainda acreditamos que o riso é o melhor remédio ou a melhor vacina, a que está mais na moda.

PME Mag. – Acreditam que um ambiente de trabalho saudável possa influenciar o bem-estar de cada um de nós noutros aspetos da vida?

A.V. – Estamos diante de um momento tão único onde o ambiente de trabalho passa a misturar-se literalmente com o ambiente do nosso lar que, aprender a lidar com essa nova linguagem, vai tornar-nos mais saudáveis. O bem-estar passa por aprender a lidar melhor com as nossas emoções, humanizar as nossas falhas e, acima de tudo, desenvolvermos a autogestão das nossas vulnerabilidades.

PME Mag. – Quais são os próximos passos a dar neste projeto?

A.V. – Estamos num estágio de desenvolvimento de projetos-piloto em empresas brasileiras, irlandesas e americanas, além da estruturação de um programa, em parceria com uma universidade, para a criação de um curso para atender pessoas que queiram desenvolver-se em relação ao tema happiness.

PME Mag. – E quanto ao futuro? Como imaginam o The Happiness Mentality daqui a um ano?

A.V. – Uma comunidade com milhares de participantes comprometidos com o autoconhecimento e o desenvolvimento de soft skills. Sabemos que é uma meta ousada, mas se uma meta não for ousada, ela é apenas uma tarefa.