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Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate (Foto: Divulgação)

Imobiliário de luxo português em tempos de pandemia

Por: Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate

Coronavírus e Covid-19. Duas palavras que, em meses, mudaram o mundo. Para sempre? Não sabemos, mas uma coisa é certa: não será tão cedo que o mundo dos negócios e as nossas vidas pessoais voltarão a ser as mesmas que eram antes da pandemia.

Pode parecer uma verdade de La Palice, mas é um pressuposto essencial que teremos de ter bem presente para enfrentar o curto e médio prazos de forma consciente e de pés bem assentes na terra, como diz o adágio popular.

E, no imobiliário, quais as consequências da pandemia?  Como reagem promotores, agentes e compradores, sejam investidores ou famílias? Teremos de aguardar vários meses para se conseguir medir com precisão o impacto real no mercado nacional, até porque, afinal, a pandemia não passou, apenas está a ser e vai continuar a ser gerida.

Sabemos, segundo dados da APEMIP, que em Portugal o preço das casas à venda subiu 10,3% no primeiro trimestre de 2020, face ao mesmo período do ano passado, tendo sido vendidos 43.532 imóveis, menos 11,6% que no trimestre anterior e menos 0,7% face ao período homólogo.

A juntar aos números genéricos do comportamento do mercado imobiliário no primeiro quartel do ano, há estudos internacionais que apontam Lisboa como um dos quatro únicos mercados mundiais nos quais os preços do imobiliário de luxo continuarão a crescer, tendência que a capital liderará em 2021, juntamente com Londres.

“Há estudos internacionais que apontam Lisboa como um dos quatro únicos mercados mundiais nos quais os preços do imobiliário de luxo continuarão a crescer”

Informação notável, que está em linha com os dados que nos são dados a observar empiricamente, e que são, para nós, muito claros no segmento residencial de luxo onde atuamos. Todavia, contrastam em larga escala com o imobiliário de restauração ou de hotelaria, por razões que são por demais óbvias para todos.

Mas, foquemos no imobiliário residencial de luxo. A perceção, lá fora, neste perfil de cliente, é a de que Portugal é um país seguro, também neste capítulo do Coronavírus, o que manteve ativo o interesse de compradores, tanto investidores como famílias, que já equacionavam adquirir casa no nosso país.

Se no segmento de luxo houve alterações trazidas pela pandemia, elas caraterizam-se por um interesse crescente pelas periferias da capital. Cascais, Estoril, Sintra, Herdade da Aroeira e também o mais longínquo Alentejo foram, claramente, as zonas mais procuradas por terem menor densidade populacional e proporcionarem espaços abertos exteriores e proximidade com a natureza. As  moradias foram o tipo de imóvel que maior interesse despertou junto desses compradores efetivos e potenciais.

“Foquemos no imobiliário residencial de luxo. A perceção, lá fora, neste perfil de cliente, é a de que Portugal é um país seguro, também neste capítulo do Coronavírus”

No contexto citadino, o interesse e valorização crescente dos espaços exteriores levou a uma procura desenfreada por penthouses e apartamentos com terraços, piscinas e generosas varandas.

Mais uma vez, e no contexto mais adverso que provavelmente vivemos e viveremos, vemos o imobiliário, de forma particular o mais exclusivo, a sair vencedor de uma crise que, desde o início, muitos profetas da desgraça vaticinavam que iria ser a primeira vítima da crise que se está a instalar com a pandemia.

A prova de que Portugal continua no radar de investidores e famílias com interesse no imobiliário português, considerado por este target um dos melhores da Europa, num país onde o sol, a hospitalidade, a gastronomia e a segurança, mesmo em tempos de pandemia, são argumentos que deixam europeus, asiáticos, americanos e africanos rendidos.