Por: João Monteiro
Mais de 200 pessoas participaram na apresentação do estudo “Impacto Ambiental da Transição Energética em Portugal até 2030”, promovido pelos Future Energy Leaders Portugal (FELPT), com o objetivo de reduzir substancialmente o impacto ambiental e a dependência externa de Portugal.
O evento de apresentação do estudo decorreu no formato “Energia em Debate”, já habitual dos FELPT, e contou com a presença de Jorge Vasconcelos (presidente da NEWES e ex-presidente da ERSE), Sara Goulartt (diretora adjunta da EDP), Paulo Ferrão (professor catedrático no IST) e Margarida Gonçalves (investigadora no ISQ).
Henrique Pombeiro, membro do board dos FELPT, apresentou os objetivos do white paper, fez uma breve exposição da sua metodologia e elencou os principais resultados deste estudo que versou sobre “O Impacto Ambiental da Descarbonização do Sistema Elétrico Português: Avaliação do Ciclo de Vida”. Esta análise pretende perspetivar a sustentabilidade ambiental do setor elétrico nacional, procurando quantificar os potenciais impactos ambientais de diversas tecnologias de produção elétrica, tendo em consideração as matérias-primas utilizadas, bem como as diferentes etapas até ao desmantelamento. O estudo indica que, apesar das tecnologias de origem renovável contribuírem para a neutralidade carbónica, têm, por outro lado, impactos no uso do solo, exploração de metais e consumo de água que não deverão ser negligenciados. Desta forma, para minimizar os impactos negativos torna-se imperativo reforçar as políticas ambientais e fomentar estratégias de economia circular.
Para a investigadora do ISQ, Margarida Gonçalves, o estudo apresentado pretende demonstrar que não há formas perfeitas de produzir eletricidade, já que todas as tecnologias têm os seus impactos, podendo e devendo, contudo, os mesmo serem minimizados. Na sua opinião, “os resultados apresentados poderão revelar-se fundamentais para os decision makers aperfeiçoarem a estratégia de descarbonização”.
Em relação ao crescimento dos resíduos associados às renováveis, nomeadamente das eólicas que se aproximam atualmente do seu fim de vida, Paulo Ferrão referiu que “surge uma elevada preocupação relativamente ao destino que lhes deverá ser dado”. Além disso, o professor do IST defende que “as estratégias de ecodesign permitirão acelerar a circularidade”, sendo que Portugal se encontra atualmente numa posição de destaque nestas matérias.
Jorge Vasconcelos, presidente da NEWES, salientou que a produção de eletricidade tem sempre custos e impactos associados, antecipando, no seu ponto de vista, que, no futuro, “o mercado de eletricidade e as externalidades associadas ao ciclo de vida das centrais renováveis deverão ser contabilizadas”.
Para Sara Goulartt, diretora adjunta da EDP, a análise de ciclo de vida é “essencial para avaliar os impactos ambientais do PNEC 2030”. Adicionalmente, a engenheira reforça que “a análise de ciclo de vida deverá ser alargada à cadeia de abastecimento, uma vez que os materiais associados à construção das centrais renováveis têm impactos muito díspares consoante a sua origem”. A diretora adjunta da EDP assinalou, igualmente, que “o mundo passará de altamente intensivo em energias fósseis para uma verdadeira intensidade nas matérias-primas”.
No final do evento, João Torres, presidente da APE, referiu que “a apresentação do white paper contribuiu para o debate informado que importa fazer na energia”.