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Nelson Pereira, CTO da NOESIS (Foto: divulgação)

Indústria 4.0: uma oportunidade

Por: Nelson Pereira, CTO da NOESIS

 

A Indústria 4.0 está no centro da agenda de todos os decisores do setor tecnológico. Enquanto os fornecedores procuram avidamente apresentar um portefólio para responder a este desafio, os clientes, por sua vez, procuram casos de uso onde o valor investido apresente um retorno que justifique o investimento.

O grande desenvolvimento no contexto tecnológico tem permitido um aumento exponencial na eficiência de uma série de diferentes áreas operacionais no setor da indústria. Principalmente com a capacidade de criação de um infinito número de fontes de dados através da Internet of Things, do processamento da informação com ferramentas de Big Data e do desenvolvimento da inteligência artificial (ainda em crescimento: a realidade aumentada, a impressão 3D ou a robótica).

Áreas como Manutenção e Reparação, Monitorização e Controlo, Cadeia de Abastecimento e Consumo de Energia têm sido as principais beneficiárias destas iniciativas através da automação de decisões e atividades, mas principalmente graças a uma abordagem preditiva. Esta mudança para uma análise de futuro cada vez mais acertada combinada com a capacidade de ação em tempo real tem transformado estas áreas para uma realidade mais eficiente e integrada.

Na Europa já observamos empresas dos mais variados setores industriais a concretizarem projetos com valor acrescentado concreto e business cases estimulantes, principalmente em países com um nível competitivo mais elevado como a Itália ou a Alemanha. Porque apresentamos um relativo atraso em relação a estes países, estas novas tecnologias ainda não estão perfeitamente disseminadas nos nossos mercados, tornando estes projetos uma forte oportunidade de diferenciação para as empresas portuguesas, tanto numa perspetiva nacional como internacional.

Ainda assim, o desenvolvimento destas iniciativas a nível corporativo implica uma série de desafios. De seguida, apresentamos os 5 passos-chave para as empresas abordarem o tema da Indústria 4.0 com novos projetos e iniciativas:

  1. Mobilização Corporativa: o primeiro passo para garantir que o sucesso de novos projetos é o alinhamento entre os envolvidos, desde os decisores aos utilizadores. Esta mobilização vai desbloquear a agilidade necessária bem como a alavancagem financeira do projeto.
  2. Análise do Ecossistema: a visão sobre todos os pontos fulcrais do negócio e seus intervenientes – clientes, colaboradores, parceiros e prestadores de serviços – vai permitir aos decisores identificar pontos de ineficiência e pontos de estímulo onde o retorno dos projetos desenvolvidos apresenta maior potencial.
  3. Análise Custo/Benefício: depois de identificar os projetos com maior benefício para o negócio importa fazer uma análise em três vetores principais: dimensionar o custo de implementação/teste da iniciativa; perceber a complexidade do projeto (intervenientes; desenvolvimento); definir o tempo de desenvolvimento, implementação e formação associados ao projeto. A nossa experiência mostra-nos que a maximização desta tríade oferece à empresa uma maior agilidade, com projetos mais curtos e de mais fácil valorização.
  4. Colaboração: grande parte do valor dos projetos de dinamização tecnológica implica uma melhoria significativa nas interações dentro de todo o ecossistema empresarial – clientes, colaboradores, praceiros e prestadores de serviços – e por isso também a dinamização das relações com agentes externos à empresa tem um papel relevante, principalmente se tratarmos áreas como a Cadeia de Abastecimento ou a Manutenção e Reparação por exemplo.
  5. Recursos Humanos: por último é necessário garantir que o capital humano da empresa está preparado para adotar não só as novas ferramentas, mas também uma nova mentalidade orientada para a informação e automatismo. Neste campo uma estratégia efetiva de formação e acompanhamento tem um papel da maior relevância para que seja possível retirar das iniciativas tecnológicas todo o potencial que estas apresentam.

Estes cinco passos estabelecem o mote para uma mudança que apresenta uma transformação na normal operacionalidade de qualquer empresa industrial. A tecnologia tem vindo a desbloquear cada vez mais fontes de valor junto das empresas e os casos de uso vão continuar a surgir com aplicações cada vez mais desenvolvidas, respondendo às necessidades de um setor que, pelo nível de competitividade crescente e um contexto de mercado global, exige aos decisores uma mentalidade de inovação e superação permanente.