Lisboa recebeu, no passado dia 5 de julho, a conferência “Redução dos custos de energia eólica para potenciar a sua integração na rede”, onde foram apresentadas as últimas tendências no âmbito da redução de custos da energia eólica, promovida pela Innoenergy e pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Andreia Fernandes, country manager da Innoenergy, falou à PME Magazine sobre os novos desafios do setor.
PME Magazine – Que balanço faz da conferência o Futuro da Energia Eólica?
Andreia Fernandes – Muito positivo! Foi uma primeira edição muito gratificante onde convidámos oradores que partilharam as últimas tendências e soluções inovadoras já validadas pelo mercado, no âmbito da redução dos custos da energia eólica para potenciar a sua integração na rede. A audiência reuniu representantes dos maiores players no setor eólico nacional e pensamos que conseguimos criar um ambiente de partilha e troca de ideias para um passo à frente no caminho de implementação de novas inovações no mercado. A parceria com a APREN permitiu partilhar soluções apoiadas pela InnoEnergy com os players que estão envolvidos na tomada de decisão nesta área. Este tipo de parcerias são extremamente importantes para acelerar a introdução e consolidação de inovações no mercado, que é a nossa missão, respondendo aos desafios do mercado com impacto positivo no setor.
PME Mag. – Qual o campo de ação daqui para a frente para a redução de custos de energia eólica no país?
A. F. – O setor eólico tem desafios muito interessantes para resolver como a crescente obsolescência de muitos dos parques eólicos instalados em Portugal e maior necessidade de manutenção, a integração de mais energia eólica na rede e consequente discussão sobre a expansão da rede elétrica, que muitas vezes enfrenta oposição da sociedade, e a armazenagem com recurso a baterias. O foco passará por implementar melhores ferramentas de previsão a curto prazo do recurso, soluções inteligentes que permitam reduzir os custos de operação e manutenção e incluir os cidadãos na discussão de futuros investimentos eólicos, seja onshore ou offshore.
PME Mag. – Que papel tem tido a Innoenergy nesta matéria em Portugal?
A. F. – A atividade da InnoEnergy foca-se em três áreas essenciais da inovação: educação, para criar talento que entenda quais as exigências de sustentabilidade e quais as necessidades da indústria; projetos de inovação, através dos quais apoiamos consórcios constituídos por PME, empresas e centros de investigação na criação de tecnologias; e novos negócios, para apoiar empreendedores e startups com ofertas inovadoras na área da energia. É neste contexto que apoiamos várias iniciativas na área da energia eólica em Portugal, mais especificamente, duas startups e um projeto de inovação. A Pro-Drone e a Vertquip são as duas startups do nosso portefólio de ativos cujos produtos e serviços podem ser aplicados ao mercado da energia eólica. A Pro-Drone oferece uma solução chave na mão para a inspeção de infraestruturas de energia utilizando drones, necessitando apenas de uma hora para inspecionar uma turbina, numa solução integrada que envolve uma plataforma de hardware customizada, sensores e um software que processa a informação recolhida e a transforma em relatórios. A Pro-Drone já trabalha com a EDP na inspeção de turbinas e com a Arth-Wind, empresa brasileira especializada em energia eólica, para inspecionar aerogeradores no Brasil. A Vertequip desenvolveu um sistema único que permite que os trabalhadores, incluindo os de mobilidade reduzida, desempenhem trabalhos em altura de forma mais segura e eficiente. O sistema usa apenas um arnês, movendo os trabalhadores horizontal e verticalmente e é controlado através de um controle remoto. Estas tecnologias permitem uma manutenção das turbinas eólicas mais eficiente, reduzindo custos que advêm de problemas técnicos e da sua reparação.
PME Mag. – Estão a apoiar projetos de inovação neste sentido? Quais?
A. F. – Apoiamos um projeto de inovação nesta área em Portugal, o WindFloat Commercial (Principle Power Inc.), que corresponde à segunda fase de um projeto pioneiro a nível mundial, que possibilita a exploração de parques eólicos offshore para profundidades superiores a 40 metros, através de uma plataforma triangular flutuante semi-submersível, onde uma turbina eólica é assemblada num dos pilares vértice da estrutura. O protótipo esteve cinco anos no mar perto da Aguçadoura e os testes foram concluídos em julho de 2016, provando a estabilidade e fiabilidade da estrutura mesmo em condições de tempestade, injetando na rede elétrica nacional mais de 17 GWh, o equivalente ao consumo médio de cerca de 1400 famílias em Portugal. Este período permitiu a recolha de dados para a otimização do parque eólico a ser instalado brevemente a Norte de Portugal.
PME Mag. – O Governo e as empresas estão alerta para esta necessidade?
A. F. – Portugal tem potencial para ter um papel relevante na cadeia de valor do setor eólico na Europa. Temos tecnologias muito promissoras, a experiência de implementação e gestão de parques eólicos nos últimos 20 anos, e uma vontade do mercado de usar inovação para o aumento de eficiência das infraestruturas e redução de custos na operação. Tal permite num futuro muito próximo fazer investimentos eólicos sem tarifas garantidas em Portugal, assim como diminuir o custo público neste tipo de investimentos. As autoridades publicas têm e terão também um papel a desempenhar no incentivo para a introdução de novas soluções inovadoras através de pilotos e na promoção da apropriação societal de novos projetos que, direta ou indiretamente, possam impactar as diferentes comunidades envolvidas.