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Paulo Renato Oliveira
Paulo Renato Oliveira, CEO Global da Action Labs (Fonte Divulgação)

Inovação nas empresas: como ter as melhores ideias?

Por: Paulo Renato Oliveira, CEO Global da Action Labs


É unânime que inovar é fundamental para a sobrevivência das empresas, seja das pequenas, que precisam de ser ágeis para encontrar caminhos de crescimento, até às grandes corporações, que precisam de criar novos produtos e serviços ao mesmo tempo que defendem a sua participação em mercados já conquistados.

Em todos os casos, normalmente, há mais trabalho a fazer do que recursos disponíveis e cada escolha é também uma renúncia. Por isso, uma habilidade fundamental no processo de inovação é a arte de priorizar as iniciativas mais promissoras e convergentes com a visão estratégica da empresa. É fundamental ter um criterioso sistema de priorização de ideias e oportunidades, de forma a tomar decisões baseadas em dados e sem os mais diversos vieses corporativos. Mas como é que sabemos quais as ideias que devem avançar e quais devem ser descartadas?

Os dados de mercado são importantes, mas as ideias realmente inovadoras têm poucos benchmarks comparáveis para servir de referência. Desenvolver protótipos, storyboards e outras formas de validação é essencial para que se perceba exatamente as ideias, a sua aceitação e eventuais falhas no conceito original, facilitando a tomada de decisão. Depois de haver um entendimento sobre as ideias, é necessário que as que são escolhidas para avançar sejam aquelas que estão alinhadas com os objetivos da empresa e que vão ao encontro das necessidades do público-alvo.

É, também, importante que as ideias inovadoras resolvam um problema, sendo que resolver um único problema de forma rápida e eficaz tem mais valor para o consumidor do que resolver vários problemas de forma razoável. Sendo assim, em muitos casos, a validação de mercado deve vir antes mesmo da definição de viabilidade tecnológica. Descobrir a coisa certa a fazer antecede a pesquisa por uma tecnologia ou estratégia de implementação. Se não houver mercado, todo o investimento em P&D será perdido. No geral, a ideia deve resolver um problema de forma mais eficaz do que as soluções que já existem no mercado, sendo também importante que seja o mais económica e acessível possível.
Assim sendo, ao analisar as ideias devemos formular adequadamente um importante conjunto de questões: qual é o problema que a nossa ideia resolve? Vai impactar de forma positiva o público-alvo? De que forma? Responder a estas questões é importante, pois permite-nos perceber quais as ideias que devem passar à fase seguinte.

No entanto, é necessário ter em mente que, para que uma ideia seja eficaz, não basta que se resolva apenas um problema de forma distinta. É necessário desenvolver um modelo de negócio que torne a ideia economicamente viável, pelo que deve ser apresentada uma abordagem bem estruturada para fornecer, capturar e criar valor. Por isso, em todo o processo de validação de ideias, existe a etapa de business model market fit, que permite saber se o produto é sustentável e lucrativo, ao longo do tempo.
Por último, ao entrar na fase piloto, é muito importante analisar o retorno financeiro. Para avaliar de maneira mais clara os riscos do projeto, deve-se planear o rendimento, as necessidades de fundo de maneio, os investimentos, o Valor Presente Líquido (VPL), o fluxo de caixa e o período de recuperação do investimento (payback). A análise financeira é considerada uma ferramenta valiosa na fase final de seleção e orientação de uma ideia, permitindo perceber os parâmetros que podem ser ajustados para que a ideia se enquadre no orçamento da empresa, sem comprometer a sua capacidade inovadora.

A seleção de ideias é essencial para melhorar a inovação nas empresas. No início, o processo pode ser mecânico e guiado, mas a tendência é que se torne cada vez mais fluido e faça parte da cultura da empresa. Para que isso seja possível, é importante que os colaboradores estejam totalmente alinhados com a empresa e que tenham à sua disposição as ferramentas certas, pois só assim poderão iniciar o processo de inovação e trazer valor para a empresa.