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Natixis em Portugal
Etienne Huret, diretor-geral da Natixis em Portugal (Foto: Divulgação)

Ir a 12 cidades sem sair do escritório: “Simbolizam a diversidade da equipa da Natixis em Portugal” – Etienne Huret

Por: Eduarda Coelho

O centro tecnológico da Natixis do Porto, que fornece soluções inovadoras de suporte aos negócios da empresa em todo o mundo, representa aquilo que é a consultora francesa em Portugal. Contando com 1.900 colaboradores, de mais de 30 nacionalidades, surge a ideia de criar um conceito inovador de ambiente de trabalho, que promove a colaboração, a socialização e que permite que os colaboradores viajem por quatro continentes e 12 cidades, sem precisar sair do escritório. A partir da vontade de potenciar a partilha, a criatividade, a inovação e a colaboração com um modelo de trabalho híbrido, concretiza-se o projeto designado por “Villages”. Em entrevista à PME Magazine, o diretor-geral da Natixis em Portugal, Etienne Huret, fala sobre a importância do bem-estar dos seus colaboradores e a concretização do projeto. 

PME Magazine – De onde surgiu a ideia de criar este conceito?  

Etienne Huret – A ideia de criar as “Villages” surgiu de um insight que recolhemos junto dos nossos colaboradores e o projeto foi desenvolvido em resposta a uma tendência de organização do trabalho que detetámos: percebemos que a maior parte dos colaboradores da Natixis em Portugal optava por ir ao escritório para sessões de brainstorming ou para trabalhar presencialmente com as suas equipas, ou seja, deslocavam-se para o escritório com grandes expectativas de socialização e de momentos de verdadeira colaboração. Nas “Villages”, os nossos colaboradores podem estar presencialmente com as suas equipas e criar laços, algo que só é possível concretizar nos escritórios. Este é, para nós, o verdadeiro conceito de escritório do futuro: um espaço que celebra a colaboração e a interação, que, de forma comprovada, fomenta a criatividade, a inovação e a eficiência dos nossos colaboradores. A obra arrancou em outubro de 2021 e é resultado de um verdadeiro trabalho de equipa, só possível com o apoio da equipa de change management da JLL, que também contribuiu com ferramentas e soluções para ensinar aos colaboradores a utilizarem e tirarem o maior proveito do novo espaço.    

PME Mag. –  Porquê o nome “Villages”?  

E. H. – Escolhemos o nome “Villages”, que em português significa “aldeias”, pela informalidade e proximidade sentida nestes locais. Para além do importante sentido de partilha e empatia, pretendemos retratar também a dimensão multicultural da organização. Nas “Villages”, estão representados 12 países do mundo em villages (cidades) de quatro continentes, decoradas e personalizadas tendo em conta as particularidades que as tornam atrativas para os seus visitantes, combinando os sons, odores e elementos arquitetónicos que as caracterizam, sendo elas Manaus, Santiago, Dakar, Paris, Porto, Mascate, Cidade do México, Shanghai, Tóquio, Londres, Bangalore e Brooklyn. Cada village proporciona aos seus visitantes uma experiência verdadeiramente sensorial. Por exemplo, na village do Porto, os colaboradores são recebidos pelo aroma do vinho do Porto e encorajados a trabalhar em equipa num espaço que se assemelha a uma adega tradicional e, na village de Paris, podem andar pelas ruas da capital francesa ou comprar um croissant típico numa boulangerie.  

PME Mag. –  O projeto teve início há dois anos, quando todos visavam o trabalho remoto. O que fez a Natixis antecipar-se neste projeto?    

E. H. – A Natixis em Portugal tinha, há já vários anos, uma política de trabalho híbrido que permitia aos colaboradores trabalharem a partir de casa alguns dias por mês. O projeto das “Villages” começou a ser desenhado em 2019, ainda antes de se prever a chegada da pandemia. Desde a sua implementação, a Natixis em Portugal sempre colocou no topo das suas prioridades o investimento num espaço de trabalho agradável, flexível e altamente inspirador para os seus colaboradores, constituindo um fator de “qualidade de vida no trabalho”.  Com a experiência da pandemia, concluímos que fazia sentido manter e até mesmo alargar esta política, assegurando que as equipas encontram no escritório tempo e espaço para se conhecerem, interagirem e colocarem em prática a sua inteligência coletiva e a criatividade. Acreditamos que é cada vez mais importante fazer a distinção entre as tarefas que se fazem em casa e no escritório, o que obrigará as empresas a reinventar-se continuamente para conseguirem responder às tendências dos novos modelos de trabalho. Com as “Villages”, concretizamos esta visão: um espaço que dê um verdadeiro significado às idas ao escritório, que fomente o trabalho colaborativo, mas também o convívio, a experimentação, a troca de ideias e a empatia, colocando a tecnologia ao serviço do bem-estar das pessoas, através de ferramentas de facilitem a comunicação e a recolha de informação para que seja possível responder às suas necessidades.

PME Mag. –  Quais são os benefícios esperados em termos de rendimento e eficácia da empresa?    

E. H. – As “Villages” representam um conceito absolutamente inovador de espaço de escritório e são um espaço de celebração do trabalho colaborativo. Proporcionam uma experiência de trabalho imersiva e sensorial, num contexto único, que estimula os cinco sentidos e que trará ganhos relevantes em criatividade, inovação e eficiência. Este é um conceito totalmente disruptivo de escritório. Para lhe dar um exemplo, nas mesas disponíveis nas diferentes villages, não há monitores, porque o objetivo é que os colaboradores utilizem os espaços para trabalhar em conjunto, trocar ideias e reforçar laços com os seus colegas e/ou equipas, sem a barreira dos ecrãs. Esperamos, por isso, que as “Villages” tenham um impacto muito positivo no rendimento e na satisfação dos nossos colaboradores o que, por consequência, se refletirá no sucesso dos projetos da Natixis em Portugal.  

PME Mag. –  Que outras iniciativas têm que visem o bem-estar dos colaboradores?  

E. H. – Desde que nos instalámos no Porto, em 2017, procurámos criar condições para a promoção de uma experiência do/a colaborador/a coerente, pensada e desenvolvida continuamente com as suas pessoas e em função das suas necessidades. Tendo em conta a diversidade de talento nas nossas equipas, começaria por destacar que os colaboradores que chegam de outras geografias podem contar com o nosso apoio logístico na obtenção do visto, bem como financeiro nas operações da chegada a Portugal. Além disso, temos várias iniciativas para ajudar na integração, desde comunidades de colaboradores internacionais a um guia completo de apoio à integração. Na Natixis em Portugal, queremos que todos os nossos colaboradores possam ir mais longe, no impacto que têm na empresa e no setor, bem como nas oportunidades que lhes apresentamos. Oferecemos desenvolvimento de carreira, que inclui a possibilidade de mobilidade interna e internacional; parcerias com universidades para garantir conhecimento especializado; programas de formação (técnica e em competências sociais), com destaque para a formação dos nossos líderes em parceria com a Porto Business School e a disponibilização de plataformas abertas de formação como o LinkedIn Learning e a Udemy; formação em línguas; e ainda metodologias dinâmicas de trabalho, com base na agilidade, na flexibilidade, no empreendedorismo e na criatividade. Os nossos colaboradores têm, ainda, direito a 25 dias de férias, seguro de saúde (incluindo filhos e cônjuges), consultas médicas semanais no escritório, seguro de vida, computador e telefone da empresa. Em alinhamento com a política de trabalho remoto, que já era uma realidade antes da pandemia, oferecemos ainda apoio financeiro para os colaboradores e estagiários adquirirem equipamento tecnológico de suporte ao teletrabalho. Organizamos workshops de mindfulness, terapia do riso, dança e música e contamos com um calendário de eventos internos bastante dinâmico – dedicado ao negócio e à empresa, mas também à diversão e ao bem-estar – e várias comunidades, nomeadamente a de Yoga, Running, Futebol, Basquetebol, Vela, Surf, Bordado e Crochê, o Natixis Urban Garden (a nossa horta urbana, onde os colaboradores plantam e tratam vegetais que são, posteriormente, doados a instituições de solidariedade social), entre outras. Estas comunidades são responsáveis por dinamizar atividades, abertas a todos os colaboradores.  

PME Mag. –  Pretendem implementar este novo conceito noutros escritórios?

E. H. – As “Villages” integram-se no programa “Well”, do Groupe BPCE, que pretende encorajar a criatividade através de espaços de trabalho inovadores e de uma nova conceção de escritórios que promovam o bem-estar, o trabalho colaborativo e de equipa, a concentração e a inclusão, facilitando a partilha de conhecimento e de experiências.  A partir do nosso centro de excelência no Porto, temos sido capazes de testar soluções inovadoras para o resto do grupo, a nível global, tanto a nível de processos, como da conceção dos próprios escritórios. As “Villages” são, para já, um projeto único, exclusivo do Porto, mas esperamos que possam ser uma inspiração para todo o grupo.  

PME Mag. –  Quais os planos para o futuro?    

E. H. – O terceiro piso das “Villages” está a ser concluído e prevemos finalizá-lo até ao final do ano. Depois da inauguração, temos prevista a dinamização de uma agenda de iniciativas relacionadas com os novos espaços. A aposta na expansão dos nossos escritórios representa a confiança que temos no talento de excelência que existe em Portugal e a forma como nos queremos posicionar como empresa inovadora, que concretiza um espaço a pensar nos modelos de trabalho do futuro. As “Villages” demonstram a nossa vontade de continuar a fazer crescer o centro de excelência, no Porto, e de criar um espaço em que se privilegiam as relações entre os colegas, as reuniões de equipa, brainstormings – tudo o que é melhor fazer cara a cara do que a partir de casa. Além disso, simbolizam também a diversidade da equipa da Natixis em Portugal, desde o primeiro dia, e a sua capacidade de acolher talento de todo o mundo. Este projeto é, por isso, reflexo dos princípios de diversidade e inclusão que temos vindo a consolidar nos nossos escritórios do Porto.