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Ricardo Parreira colabora pontualmente com a PME Magazine (Foto: Divulgação)

As lebres e as tartarugas da transformação digital

Por: Ricardo Parreira, CEO da PHC

 

Todos nos lembramos da velha história de La Fontaine que nos incutia a moral “devagar se vai ao longe”. Ora, nada é tão inverdade hoje quanto essa premissa. O mundo das empresas já não é compatível com a filosofia da tartaruga, nem é possível ter sucesso sem velocidade. Isto é tão ou mais óbvio quando vemos a tecnologia a invadir toda a nossa vida e protagonizar o que chamamos de “transformação digital” – um autêntico take over do software a todas as áreas de uma empresa.

O mundo que as velhas fábulas do século XVII nos descrevem é um objeto histórico que em nada é compatível com a realidade do mundo dos negócios e da transformação digital. Se uma simples troca de cartas entre Lisboa e Porto demorava cerca de 15 dias, hoje mais de 2,6 milhões de emails são trocados por segundo. E nesse mesmo instante mais de 73 mil vídeos são vistos no YouTube e mais de 66 mil pesquisas são feitas no Google. Se algo marca os nossos tempos é o carimbo da velocidade – sem ela estamos destinados a falhar e a ficar para trás.

A tecnologia é o grande impulsionador desta velocidade. As empresas são hoje cada vez mais rápidas porque adotaram o software como extensões das suas capacidades, aumentando o desempenho das suas equipas, dos seus processos e a sua capacidade de tomada de decisão. Com as ferramentas certas para gerir uma empresa conseguem antecipar tendências, libertar os colaboradores de tarefas administrativas e proporcionar aos clientes uma melhor experiência. Tudo porque são cada vez mais rápidas no acesso à informação e na capacidade de decisão.

Hoje, um contabilista já não necessita de estar preso a uma secretária para fazer os seus lançamentos contabilísticos. Da mesma maneira que um gestor já não necessita do seu contabilista para consultar a informação que tem disponível em qualquer hora e em qualquer lado. Um gestor de recursos humanos pode consultar o histórico de motivação de um colaborador sempre que quiser. Um cliente pode consultar os seus dados pessoais guardados por uma empresa sem necessidade de intervenção de um administrativo. E, inclusive, um gestor pode gerir o imobilizado de uma empresa em qualquer lugar. Tudo isto porque hoje as empresas têm ferramentas que expandiram e contornaram os limites que a física impunha às ferramentas analógicas.

A transformação digital é esta camada sempre presente das empresas modernas. Uma camada em constante evolução e na qual as tartarugas são obrigadas a se transformar em lebres para evitar a sua extinção. E é, ao mesmo tempo, uma camada que obriga as lebres a não parar.

O descanso da lebre descrito por La Fontaine desapareceu porque as empresas sabem que não podem interromper ou abrandar o seu negócio: são obrigadas a manter o ritmo e a velocidade.

O investimento em tecnologia é, simultaneamente, causa e consequência. Se acelera as empresas, também progride com a necessidade de uma maior aceleração. As ferramentas estão em permanente evolução para melhorar a gestão das empresas e trazer-lhes vantagens competitivas face à concorrência. É por isso que as ferramentas tecnológicas de gestão não são uma compra única para a vida. Requerem uma atualização constante para manter as empresas competitivas. Um gestor que não entenda a transformação digital como um processo contínuo e em alta velocidade, arrisca-se a ser a preguiçosa lebre da referida fábula, ficando datado no tempo e vendo o seu sucesso desaparecer-lhe de entre as mãos.

O desafio da transformação da gestão é exigente. Sem dúvida. A consultora internacional McKinsey&Company refere mesmo que “ser o CEO de uma empresa que enfrenta a disrupção digital pode ser semelhante a um jogador junto da roleta. Sabe que precisa de apostar para ganhar, mas não faz ideia de onde colocar as fichas”.  Felizmente, não se trata de um jogo de azar, mas apenas de um processo complexo que implica uma mudança de mentalidade e que pode ser simplificado com os parceiros certos. Um gestor que comece por perceber que este é um processo de evolução e de mudança constante, que é um percurso que não pode fazer sozinho e que pode beneficiar do know-how e acompanhamento de especialistas em soluções tecnológicas de gestão, está no caminho certo.

A nova era da gestão já está entre nós e não é compatível nem com tartarugas que não compreendem a importância da velocidade, nem com lebres que descansam após um sprint inicial.

É uma gestão de alto desempenho, só possível com ferramentas que tornam todas as empresas – das mais pequenas às maiores – em entidades de aceleração permanente e que sabem que desacelerar significa ser ultrapassado.

Talvez não haja na Natureza um animal para La Fontaine descrever uma empresa de sucesso na era da transformação digital. Mas uma coisa é clara, seria um em que a persistência da tartaruga combinava com a rapidez da lebre.