Por: Rui Bairrada, CEO da Doutor Finanças
Nunca soube bem o que é isso de se ser um líder. Não conheço uma fórmula ou receita. Mas lembro-me bem do dia exato em que me senti CEO, ainda que sem o “peso” desta sigla.
Para mim, ser CEO é criar pontes, “sentir cenas”, colocar emoção em tudo o que faço e seguir o que sinto. É criar um caminho, sempre em conjunto e a olhar na mesma direção.
Como comecei por dizer, não conheço fórmulas. A minha liderança é o espelho de quem eu sou. Das minhas vivências, dos ensinamentos que outros me passaram e da forma como eu os absorvi.
Antes de sermos profissionais na área A ou B, antes de estarmos à frente de pessoas e equipas, temos um percurso de vida, uma estrada que nos leva por diferentes caminhos. E às vezes esses caminhos são pouco óbvios.
Quando, com 18 anos, decidi abandonar os estudos, se me perguntassem se eu imaginava um dia estar a falar sobre liderança diria que era impossível, mas a vida, e a minha perseverança (sim, sem isso não temos nada), trouxeram-me até aos dias de hoje.
Enquanto líder, considero fundamental percebermos quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir. Eu comecei como filho de um coronel da GNR. Era e é o meu ídolo e foi o meu primeiro mestre de liderança. Com ele aprendi a importância do compromisso, da responsabilidade e do respeito. Diretamente de alguém que comandava centenas de homens e que punha o bem-estar desses homens à frente do seu bem-estar.
Com ele aprendi a importância da unidade num grupo e a importância de reconhecer as diferentes histórias que compõem uma equipa, para conseguir ver o melhor que cada pessoa tem para dar ao seu grupo. Foi esta vivência com o meu pai que me ensinou os primeiros princípios de liderança.
Da minha mãe, “herdei” a vontade de arriscar, de sair fora dos caminhos mais tradicionais. De usar a minha intuição, de “sentir cenas” e ir atrás delas.
Esta mistura “explosiva” foi o que me trouxe aqui. Foi o que permitiu que hoje eu seja quem sou enquanto líder de proximidade. Porque essa é a minha forma de gestão: estar perto do outro, acompanhar, perceber o que quer alcançar e onde pode chegar. E ajudá-lo a chegar lá.
Se há algo de que não abro mão é de ensinar e aprender com quem me rodeia é ouvir e expor fragilidades e respeitar sem julgamentos. O meu papel principal é “colar” pessoas e absorver experiências. Para as poder servir e ajudá-las a concretizar os seus sonhos. Não sei fazer de outra forma.
Esta será uma forma que não resultará com todos. E ainda bem. É nas diferenças que nos complementamos e que crescemos. Seja numa empresa ou noutra atividade qualquer.
Felizmente, esta liderança em que o outro está no centro de tudo não é exclusiva do CEO do Doutor Finanças. Nem seria possível que assim fosse. Numa empresa que conta com cerca de 500 pessoas (250 na equipa interna e 250 na externa), se esta forma de liderança ficasse confinada ao CEO, não seria possível sermos considerados um Great Place to Work.
Temos uma cultura People Culture First, porque acreditamos mesmo que as pessoas são o coração daquilo que fazemos. São o combustível para a máquina funcionar.
Acredito que o meu propósito é servir os outros, seja qual for o papel que desempenho em dado momento. Enquanto estafeta era esse o meu propósito, hoje, enquanto CEO, o propósito é o mesmo.
Pensando em liderança e no que é que os outros podem “aprender” com o meu trajeto, creio que tudo se resume a acreditarem em si próprios e, acima de tudo, a levarem a sério o vosso propósito. Se assim for, e se mantiverem focados, os resultados vão aparecer.
Rui Bairrada faz parte do TOP30 Social CEO 2023, uma iniciativa da PME Magazine, em parceria com Pedro Caramez.