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Miguel Lemos, CEO da Casual Vision
"Agilidade e criatividade, são talvez os ativos mais importantes dentro de qualquer empresa" - Miguel Lemos (Foto: Divulgação)

Mais agilidade e inovação precisam-se – Miguel Lemos

Por: Miguel Lemos, CEO da Casual Vision

Sem dúvida, o mundo dos negócios vive, atualmente, em muitos setores, um tempo de grande volatilidade e incerteza. Este facto não é necessariamente mau, porque, juntamente com esta imprevisibilidade, vêm também novos desafios e oportunidades para quem as souber aproveitar.

Juntamente com este acréscimo de volatilidade anda outro fenómeno: tudo muda, também, muito mais rapidamente. Os consumidores adquirem hábitos e preferências que evoluem a um ritmo cada vez mais acelerado, a tecnologia está cada vez mais omnipresente e esta significa, em boa parte das situações, mais agilidade e uma perspetiva mais dinâmica da maneira como percebemos e usamos as coisas, estimulando, por sua vez, novas mudanças.

Finalmente, temos de ter em conta a variável decisiva em todo este processo de transformação: o contínuo acréscimo da concorrência. E não me refiro aqui à que é criada pelos produtos e serviços mais baratos, vindos da Índia ou da China: nem sequer vale a pena perder tempo ou dinheiro a competir com eles, já que esta se pode considerar uma batalha perdida. Estou a falar de produtos que não só competem pelo preço, mas também pela qualidade percebida, utilidade e grau de inovação.

Esta competição acrescida aparece porque há cada vez mais empresas com massa cinzenta para desenvolver bens ou processos que satisfazem as mesmas necessidades das que já estão instaladas, ou para criar novas que tornam obsoletas ou redundantes as que anteriormente dominavam o mercado. Não se trata muitas vezes aqui de ter mais dinheiro, mas do acesso a mais informação e capacidade de inovar a partir desta.

É preciso ver que o conceito de produto (ou serviço) inovador não se refere apenas ao bem em si: tem a ver com o seu conceito alargado que inclui, por exemplo, rapidez de entrega (minimizando o investimento em stock), facilidade de customização, capacidade de satisfazer necessidades subjetivas do utilizador ou do grupo social em que este se insere, escalabilidade, entre outros aspetos.

Pelo que foi dito acima, agilidade e criatividade, são talvez, hoje em dia, os ativos mais importantes dentro de qualquer empresa, os recursos mais críticos para ela progredir e singrar no mercado.

Estes dois elementos (e nomeadamente “pensar fora da caixa” ou criar uma mentalidade de “startup” dentro de organizações mesmo maduras) é algo que se pode aprender, através de conceitos universais, independentemente de qualquer atividade. Estão aqui em causa questões de ordem comportamental e de estratégia de desenvolvimento.

Por outro lado, a agilidade (inicialmente um modelo de planeamento ligado à Indústria de software) é, hoje em dia, toda uma filosofia de gestão transversal a áreas como a produção, o trabalho de equipa, a liderança, o planeamento e a criação modular de produtos intimamente associados às necessidades – atuais ou latentes – dos potenciais compradores.

Também isto pode ser aprendido e cultivado e, no fim de contas, deve fazer parte de todo um processo de acréscimo de clareza e simplicidade no seio das organizações. Menos “gordura” ajuda-nos a pensar melhor e a ser mais eficientes, tornando aquilo que fazemos mais apetecível pelo mercado e com uma melhor relação custo-benefício.

Estou convencido que este é o grande desafio das organizações (do or die) nos dias de hoje. Quem não estiver atento a isto, provavelmente vai fazer parte daquelas 40% de empresas que não existirão daqui a 10 anos.

Miguel Lemos, CEO da Casual Vision (Foto: D. R.)