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Especialistas de saúde pública e políticos reuniram-se esta quarta-feira na sede do Infarmed (Foto: Pexels)

Máximo de casos na próxima semana segundo o Infarmed

Especialistas de saúde pública e políticos reuniram-se esta quarta-feira na sede do Infarmed em Lisboa para avaliar a evolução da pandemia Covid-19 em Portugal. Reduzir as medidas restritivas, aumento do número de casos, responsabilização de cada indivíduo e pressão nos sistemas de saúde foram alguns dos pontos chave a serem abordados.

Pedro Pinto Leite, da Direção Geral de Saúde deu início às comunicações dos especialistas, abordando, então, a situação epidemiológica de Portugal. Começa por referir que “esta fase é caracterizada pelo número de novos casos mais elevado desde o início da pandemia”, sublinhando a “tendência fortemente crescente do aumento” da incidência em todas as regiões do país, destacando Lisboa e Vale do Tejo e a Região Autónoma da Madeira.

Em relação à incidência da doença, Pinto Leite disse que se verifica no grupo etário dos 20 aos 29 anos de idade, com o aumento da mesma em todos os grupos etários, “especialmente nos mais novos”.

Os cenários criados para os próximos meses variam entre os 40 mil casos por dia e os 130 mil casos, admitindo que os contactos entre a população voltem ao que existiam antes das medidas de contenção.

O aumento de casos é explicado pela maior transmissibilidade da variante Ómicron, uma variante com mais mutações do que as anteriores, foi o que explicou João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

“A 20 de dezembro a Ómicron atingiu os 50% a nível nacional e à data de ontem situava-se nos 90%”, referiu João Paulo Gomes.

O perito do INSA mencionou também que “a menor transmissibilidade da Ómicron está relacionada com a menor capacidade da variante para se multiplicar nos pulmões”.

Ana Paula Rodrigues, também do INSA, apresentou dados sobre a gravidade da infeção e a eficácia das vacinas: “O que se espera da variante Ómicron é um padrão diferente com elevada carga da doença e prevalência elevada, mas menos peso relativo das infeções.  A infeção não deixa de ser grave, mas é mais benigna.”

Sobre a vacinação afirma: “O que se percebe é que a efetividade vacinal é mais baixa do que a estimada para a Delta, contudo o que se vê depois do reforço é o aumento da efetividade, na ordem dos 88%, que varia em função da idade”.

Baltazar Nunes, do mesmo instituto, explicou o cenário de impacto da Ómicron na população portuguesa. “Em relação à situação nacional, é muito semelhante, verificamos que a partir dos 50% a incidência passou a ser muito maior. Atualmente estamos a crescer a 12% ao dia e no caso das hospitalizações a subida é de 2%”.

Sobre a segunda semana do mês de janeiro, Baltazar Nunes não quis deixar de referir que “podemos esperar um número de infeções muito elevado, um número muito elevado de pessoas em isolamento, assim como um impacto muito elevado nos serviços de saúde e de primeira linha”.

Já as incertezas e certezas sobre a pandemia foram abordadas por Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

“Há algumas certezas inequívocas. É inequívoco que esteja a haver um caminho no sentido de variantes menos patogénicas. É inequívoco que é possível controlar a infeção, através da vacina e de tratamentos”.

“A próxima variante será muito provavelmente ainda menos grave do ponto de vista da doença que provoca, mas tenderá a espalhar-se com mais facilidade”, acrescentou Henrique Barros.

Este conclui dizendo que “o anúncio do fim da pandemia, infelizmente, é capaz de ser bastante exagerado”.

O Presidente da República deixou uma mensagem em tom positivo no final da reunião do Infarmed, sublinhando que os especialistas concordam que o coronavírus continua presente na sociedade portuguesa, mas sem os efeitos trágicos de há um ano: “Olhando para os valores de internados, internados em cuidados intensivos, vacinados e não vacinados, é muito significativo o efeito da vacinação prevenindo a gravidade, os internamentos e as mortes.”

Marcelo Rebelo de Sousa concorda também que a pandemia está numa fase em que é útil reconhecer a capacidade dos portugueses para “assumirem uma autogestão da pandemia”, como foi defendido pela especialista Raquel Duarte também no encontro do Infarmed.