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Juliana Ribeiro, responsável de marketing da Milestone (Foto: Divulgação)

“Muitas empresas ainda se dedicam estritamente à continuidade do negócio” – Juliana Ribeiro

A Milestone, consultora de tecnologias de informação, e a EPM International fecharam, em maio, uma parceria que visa beneficiar empresas através da publicação de estudos de investigação e a realização de encontros para partilha de conhecimento sobre a área do Enterprise Performance Management (EPM). Em entrevista à PME Magazine, Juliana Ribeiro, responsável de marketing da Milestone, explica as vantagens desta parceria e o que está esta consultora a fazer para apoiar as empresas em tempos de pandemia.

PME Magazine – Em traços gerais, como irá consubstanciar-se a parceria com a EPM International?

Juliana Ribeiro – A parceria traduz-se em diversas vertentes, desde a partilha de conhecimento em melhores práticas e tecnologias mais adequadas para cada cenário de Enterprise Performance Management, até à criação de equipas conjuntas com consultores dos vários parceiros para projetos que exijam valências em que os diversos membros se complementem. Fazendo parte da EPM International partilhamos também diversos trabalhos de investigação. A título de exemplo, esta rede é responsável pela preparação e divulgação anual do “Close Cycle Rankings”, tendo vindo a recolher ao longo dos últimos 20 anos, informações publicamente disponíveis das maiores empresas do mundo (mais de 1.000, onde estão incluídas as melhores empresas cotadas em Portugal). Informações relativas à data de publicação dos resultados não auditados do ano, bem como à data de publicação das contas auditadas. O resultado final deste trabalho da EPM International é a elaboração de um relatório com a informação analisada e com as principais conclusões que os especialistas em EPM retiram da evolução da mesma.  Considerando que o ciclo de fecho e reporting é um indicador fundamental para a medir a eficácia da função financeira, este relatório revela-se uma referência para benchmarking a nível mundial.

PME Mag. – Que mais-valias poderão retirar as empresas da partilha de informação que sairá desta parceria?

J. R. – O facto de estarmos associados à EPM International permite que os nossos clientes beneficiem não só dos recursos e experiência da equipa da Milestone, enquanto membro local, mas também da experiência adicional, competência e profunda pesquisa coletiva, bem como do conhecimento e competências técnicas de todos os membros da EPM International. É uma associação que irá dar acesso à maior rede especializada de EPM a nível mundial.

PME Mag. – Como se posiciona a Milestone no mercado português?

J. R. – A Milestone posiciona-se como uma empresa de consultoria especializada em tecnologias de informação, que apoia médias e grandes empresas na sua transformação digital. Diferencia-nos a cultura de proximidade e a especialização, não só nas tecnologias, mas também nos processos de negócio. No que se refere a EPM, a Milestone destaca-se pela experiência da sua equipa EPM, quer a nível tecnológico, quer a nível funcional, e pelo forte investimento em soluções inovadoras que desenvolve internamente, adaptáveis a qualquer setor de atividade. Funcionando como ponto de partida, estas soluções permitem uma redução significativa do tempo e custo necessário para um projeto de implementação e, simultaneamente, a incorporação das melhores práticas nos modelos a construir, previamente testadas. Reconhendo que o mercado valoriza cada vez mais empresas que implementem com qualidade, mas que assegurem posteriormente o necessário suporte e manutenção, a Milestone fez uma grande aposta na criação de uma equipa de suporte e manutenção, quer técnica quer funcional.

PME Mag. – Que tipo de empresas mais vos procuram em Portugal?

J. R. – A Milestone conta com mais de 200 empresas clientes, que fazem parte de setores tão diversos como indústria, energia, utilities, banca, seguros, farmacêutica e serviços. Naquilo que se refere a oferta de EPM, as empresas que mais nos procuram são grupos empresariais que pretendem otimizar os seus processos de planeamento, controlo de gestão e consolidação financeira e de relatórios.

PME Mag. – Qual o volume de negócios de 2019 e perspetivas para este ano?

J. R. – No último ano, a nossa faturação superou os sete milhões de euros. Dada a imprevisibilidade no mercado durante o primeiro semestre de 2020, mantemos alguma reserva acerca dos resultados planeados para 2020.

PME Mag. – Como é que a Covid-19 impactou a vossa operação? 

J. R. – Teve um impacto muito significativo no modo de trabalho, quer nas atividades comerciais e interação com clientes, quer no modelo de operação entre equipas e colegas. As políticas de viagens, transporte e de teletrabalho sofreram atualizações significativas. A utilização das instalações da empresa mantém-se limitada ao estritamente necessário, mas ainda com algum movimento, dado que as equipas de infraestruturas e comunicações sempre mantiveram alguma atividade no terreno. De qualquer modo a nossa atividade ajusta-se razoavelmente bem ao teletrabalho – já era uma prática comum – e dada a existência de infraestruturas com elevados níveis de disponibilidade, não sentimos uma queda significativa na produtividade, continuando a manter um adequado nível de resposta a clientes. Relativamente à entrega, continuamos a operar normalmente. O impacto foi mais sentido nas áreas comerciais, onde o nível de transação é mais elevado e a interação mais regular com os clientes é solicitada e importante.  A dinâmica social foi também ajustada, mas aqui a capacidade de adaptação da nossa equipa foi extraordinária. Rapidamente, se encontraram soluções alternativas para colmatar a redução da interação física e de convívio no escritório e nos eventos da empresa. A equipa de recursos humanos lançou um elevado número de iniciativas ajustadas a esta nova realidade, de modo a assegurar o bem-estar físico e psicológico dos colaboradores e suas famílias. Mantendo sempre aqueles que são os nossos valores e as linhas mestras das nossas ações. Um exemplo foi a criação do “1-on-1 RH Open Door”, um espaço de apoio, comunicação aberta e partilha livre. Um canal aberto para que os colaboradores possam agendar uma conversa, em sessão individual, com um membro da equipa de People – com formação e especializações na área da psicologia – para partilha e apoio a qualquer tema que o colaborador necessitar.

PME Mag. – Quantos trabalhadores têm atualmente? Foi necessário recorrer ao lay-off?

J. R. – A Milestone conta, atualmente, com 130 colaboradores e não foi necessário recorrer ao lay-off. A principal diretiva procedente da nossa equipa de gestão foi mantermos a coesão da equipa e evitar reduzi-la a todo o custo, havendo um plano de ação em vigor, com diversas medidas desenhadas para o nível de severidade que tiver de ser enfrentado.

PME Mag. – Que desafios encontram nas empresas que vos pedem ajuda ao nível dos processos de fechos financeiros e consolidação de contas?

J. R. – Os desafios são de duas naturezas. De natureza processual:  para que existam melhorias significativas no reporte corporativo, a nossa equipa propõe em cada projeto a implementação das melhores práticas de procedimentos de fecho, recolha, tratamento, validação e reporte, eliminando os procedimentos que geram entropia e não criam valor. De natureza tecnológica:  após diagnóstico da situação corrente, o desafio é selecionar e propor a solução tecnológica mais adequada aos requisitos de cada organização, dentro das soluções que existem no mercado, procurando automatizar todos os procedimentos em que tal seja possível. Só a combinação destas duas componentes assegura que, após a implementação de um projeto de reporte corporativo, os grupos sentirão reais ganhos nos seus processos.

PME Mag. – Como vê o futuro da economia portuguesa nos próximos tempos?

J. R. – Estamos ainda a travessar um período muito turbulento com elevadas incertezas quanto ao impacto e duração da fase que atualmente atravessamos. A visibilidade ainda é diminuta. Sabemos que a pandemia obrigou a certas transformações nas empresas e que, neste processo, a tecnologia tem papel muito importante, quer para a adaptação ao teletrabalho, quer para a criação e melhoria das transações online ou para criação de vantagens competitivas que ajudem as empresas a atravessar e destacar-se nesta nova conjuntura. Precisaremos todos de nos reinventar para uma boa recuperação. Ainda sentimos que, nesta fase, muitas empresas procuram manter-se em operação, dedicando-se estritamente à continuidade de negócio, planeando para o futuro ações de carácter mais estratégico e duradouro.