Por: Marta Gonçalves, managing partner da SayU Consulting
A grande maioria das empresas, em especial na fase inicial, descura a comunicação e o marketing. Um erro que poderá ser pago de forma muito cara a longo prazo e que os básicos do Marketing de Comunicação evitam. Mais do que evitar, é um facto que é uma mais-valia a longo prazo a sua atenção desde o início. Atenção que se traduz na construção de uma marca.
Primeiro o famoso marketing. A verdade é que se faltar uma marca que represente verdadeiramente a empresa, a probabilidade de a sua ideia morrer na praia aumenta. E por que a marca é tão importante? A marca é responsável pela perceção de valor de longo prazo do seu negócio. Os produtos e serviços podem sofrer modificações ao longo do tempo. Mas a marca deve ser sólida. Exemplo clássico é a Apple.
Uma das dúvidas mais comuns dos empreendedores é como construir uma marca forte o suficiente para sobreviver num mercado competitivo. São quatros os pilares que a empresa precisa de erguer para consolidar uma marca:
1. Diferenciação: o que eu faço que ninguém mais faz (proposta de valor);
2. Relevância: o quanto o meu produto ou serviço são relevantes (é o que faz com que a empresa esteja em constante evolução);
3. Propriedade: o que compõe o universo da marca, como o logótipo, cores, lettering, etc;
4. Consistência: o quão sólida a marca é. A marca mantém-se, o que se vai adaptando é o modelo de negócio.
Muitos empreendedores também fazem confusão entre marca, negócio e comunicação. Os termos referem-se a diferentes estratégias que uma empresa pode usar. A marca é a visão de valor a longo prazo. Que se constrói e que dura. O negócio é a estratégia do seu produto ou serviço, como por exemplo a promoção da empresa junto dos clientes. A comunicação é o que faz a empresa ser reconhecida, aquilo que reforça a distinção: a marca.
Para definir a marca é preciso construir um código genético da empresa, que pode ser pensado em três dimensões:
– Proposta de valor, que nada mais é do que a sua essência. É uma construção contínua e que precisa de definição dos pilares racionais e emocionais que se querem trabalhar. É o DNA: como a marca nasceu e quer ser percecionada;
– No posicionamento pensa-se o público-alvo, as referências, o nicho de mercado, a concorrência. Depois de ter todos esses dados, há que definir o que torna a sua empresa única. Em alguns casos o posicionamento pode ser de médio prazo. É o mercado que vai ditar, já que aquele compara com a concorrência e deve estar sempre ligado à proposta de valor;
– Há três vagas que moldaram o propósito de muitas empresas ao longo dos anos. A primeira era focada em surpreender e criar awareness da marca. Na segunda as empresas queriam construir relevância para o mundo, apelando a ligações emocionais e valor. A terceira é a atual, na qual as marcas têm um propósito forte e definido, com uma comunicação que procura engajamento e criar um ecossistema.
Para criar valor é preciso saber para onde ir. A marca tem de ser maior que o negócio e o empreendedor terá de torná-la ainda maior. Comunicação e marketing podem fazer toda a diferença para a sua empresa. Tem é de começar a dar atenção à marca desde o início. Não deixe que a comunicação seja o patinho feio.
Artigo de opinião ao abrigo da iniciativa Montepio Acredita Portugal, da qual a PME Magazine é Media Partner contribuindo para a disseminação de conteúdos e informação relevante na área do Empreendedorismo.