Home / CARREIRAS / “Não trabalhamos negócios, trabalhamos pessoas” – Filipe Lacerda
Filipe Lacerda, fundador e CEO da HumanIT Digital Consulting
Filipe Lacerda, CEO da HumanIT Digital Consulting (Foto: Divulgação)

“Não trabalhamos negócios, trabalhamos pessoas” – Filipe Lacerda

Por: Mafalda Marques

As tecnológicas portuguesas continuam a crescer e a retenção de pessoas qualificadas continua a ser o grande desafio. Todas têm um ambiente descontraído, espaços lúdicos e benefícios acima da média, mas o recrutamento é contínuo para suprir as saídas repentinas para a concorrência. A PME Magazine procurou saber em que consiste este tipo de recrutamento e entrevistou Filipe Lacerda, fundador e CEO da HumanIT Digital Consulting, especializada nesta área.

PME Magazine – Qual o percurso do Filipe, a nível profissional?

Filipe Lacerda – Sou licenciado em Gestão pela Universidade Católica e pós-graduado em Gestão de Vendas pela Porto Business School. O meu percurso a nível profissional foi bem diversificado, passando por variadas áreas. Comecei na área industrial ao nível da gestão de produção, de seguida o meu percurso leva-me ao grupo Sonae fui responsável por vários mercados internacionais no âmbito da gestão de abastecimento. Rapidamente, percebi que o Inglês iria ser muito importante na minha carreira, tendo decidido ir viver para Londres onde realizei um curso de inglês durante meio ano. Posteriormente, mudei-me para Moçambique onde trabalhei na área de transitários, tendo assumido um escritório da empresa Transitex na cidade da Beira. A certo momento, e face a uma oportunidade muito aliciante, decidi voltar para Portugal e assumir o cargo de Gestor de Vendas na empresa Cabify. No desafio seguinte, entro oficialmente no mundo da tecnologia onde assumo a posição de Gestor de Negócios da Affinity Porto. Cerca de dois anos depois, decidi abrir a HumanIT Digital Consulting.

PME Mag. – Qual a empresa que mais o marcou?

F. L. – É difícil responder a esta pergunta, dado terem sido todas importantes para o meu crescimento enquanto profissional. Salientava talvez duas empresas: a Sonae, dado que foi neste grupo que percebi bem a importância da gestão empresarial, devido à sua enorme estrutura e pelo facto de ser uma empresa tão diversificada. Destaco também a Cabify onde entro oficialmente no mundo das vendas. Foi aqui que criei todas as bases comerciais para poder alavancar um negócio de raiz.

A oportunidade

PME Mag. – Que gap identificou no mercado para criar uma consultora tecnológica?

F. L. – O mundo da consultoria e recrutamento tecnológico está muito orientado para o negócio em si, valorizando pouco o lado humano que é, do meu ponto de vista, o input mais fulcral. O mundo do outsourcing surge aqui como uma área que, ao longo do tempo, perde muitos valores e é demasiado assente em margens e em números. A orientação transitou um pouco de lado, o mercado deixou de ter o foco nas pessoas em si, para se virar unicamente para o negócio.

PME Mag. – O que distingue a HumanIT das restantes empresas de recrutamento?

F. L. – A HumanIT surge no mercado tecnológico como uma empresa de humanos para humanos. Não trabalhamos negócios, trabalhamos pessoas! Trabalhamos na área do recrutamento tecnológico, principalmente em três modelos: Recrutamento direto, consultoria e no chamado “Set up your operation”. Toda a empresa é dirigida às pessoas, tendo em prática valores bem exemplificativos disso. Existe uma clara cultura de valorização e de retenção do talento, como uma justa distribuição dos rendimentos gerados, assente num modelo de meritocracia. Pretendemos, a partir de janeiro de 2021, tornarmo-nos na primeira consultora do mercado a pagar a 15 meses, e não a 14 meses. Isto vem do facto de querermos viver e trabalhar a cultura da partilha de lucros. Sabemos que praticamos salários e prémios acima da média do mercado, mas é assim que apostamos na retenção e no bem-estar do colaborador.

PME Mag. – Como é trabalhar na HumanIT?

F. L. – Trabalhar na HumanIT é trabalhar numa empresa muito horizontal, colocando de parte as típicas hierarquias que temos dentro das organizações. Simultaneamente, pretendemos ser uma empresa que incentiva e privilegia o sentido de autonomia e de responsabilidade. Somos orientados apenas ao output dado pelo colaborador, e não ao tempo que este dispendeu para realizar certa tarefa. Estamos cientes de que há pessoas que não se identificam com esta cultura e aceitamos isso. Somos uma empresa assumidamente horizontal com elevados níveis de liberdade.

A aposta no interior

PME Mag. – Porquê investir na zona da Beira Interior?

F. L. – Estamos a viver uma época muito difícil, quer a nível micro como macroeconómico. No entanto, estamos atualmente em forte expansão e iremos abrir uma grande operação na zona da Beira Interior orientada para tecnologias SalesforceSap Outsystems. Paralelamente, é já oficial a abertura do escritório de Lisboa no primeiro trimestre de 2021. A grande aposta que irá ser feita na Beira Interior é claramente justificada por razões sociais e históricas. No passado, quando ainda não havia empresas tecnológicas na região, havia um grande fluxo de profissionais tecnológicos para as grandes cidades, no litoral. Neste momento, com os elevados custos de vida que temos nessas grandes cidades e com o crescimento do mundo do teletrabalho, entendemos que, cada vez mais, essas pessoas vão pretender voltar ao seu local de origem. Esta zona do interior tem um grande potencial de crescimento.

PME Mag. – Quantos colaboradores tem e quantos deseja recrutar até final do ano?

F. L. – Este ano tem sido bastante positivo. Começámos, oficialmente, a 15 de março deste ano, e contamos já com 13 colaboradores em funções. Até ao fim do ano, teremos mais seis pessoas contratadas. Iremos fechar o ano com mais de 20 colaboradores, o que nos deixa, de certa forma, muito orgulhosos do caminho percorrido até ao momento. Contudo, o mais importante é a satisfação, realização e felicidade dos nossos colaboradores.

PME Mag. – Qual o vosso perfil de cliente?

F. L. – Temos, atualmente, um leque de clientes orientado para o mercado internacional. Gostamos de trabalhar com poucos clientes, a fim de trabalhar de forma mais próxima e mais orientada. Posso dar-lhe um bom exemplo de uma empresa com que trabalhamos, sediada em São Francisco, Estados Unidos. Entre os 12 colaboradores que já possuem a trabalhar na operação de Portugal, apenas duas posições não foram contratadas pela HumanIT. Estamos a falar de valores de percentagem de concretização de fecho na ordem dos 83%. É importante salientar que toda a nossa concorrência está presente, incluindo empresas como Randstad, Michael Page, Landing jobs, entre outros. Tudo isto é possível graças aos nossos elevados padrões de qualidade na entrega das soluções.

PME Mag. – Para onde aponta o futuro da HumanIT?

F. L. – O futuro da HumanIT em 2021 irá ser marcado pelas duas novas operações já oficiais: o novo escritório em Lisboa e o escritório de Castelo Branco. O objetivo, no primeiro semestre, passa pela consolidação desses novos projetos. Temos como meta atingir o número de 65 colaboradores até ao final do ano de 2021. No segundo semestre, pretendemos abrir um novo escritório, numa outra cidade da Europa como Berlim, Genebra ou Frankfurt.