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Olive Emotion na PME Magazine
Isabel Faria, CEO Olive Emotion

“O azeite é o nosso ouro líquido” – Isabel Faria

Por:  Mariana Barros Cardoso
Foto: Olive Emotion 

“A capacidade de reinventar o azeite não tem limites” é uma das frases que pode ler ao longo da entrevista dada por Isabel Faria à PME Magazine sobre a OliveEmotion, empresa que trabalha o azeite de forma distintiva. A CEO da empresa conta-nos como surgiu e ideia de criar um negócio que reinventa um produto tão característico do nosso país e garante que temos “condições excelentes para poder fazer grandes azeites”.

PME Magazine – Como é que surgiu a ideia de um negócio onde se reinventa o azeite? 
Isabel Faria – Já tinha a ideia há alguns anos, pois sempre considerei o azeite um líquido precioso, com tantos benefícios para a saúde e com tanto potencial gastronómico que era um desperdício não promover este potencial de uma forma reinventada. O azeite é o nosso ouro líquido, temos das melhores variedades de azeitona do mundo combinadas com terroirs que nos permitem excelentes azeites. Um azeite do Alentejo é muito distinto de um azeite de Trás-os-Montes, onde as características do terreno, do clima, da influência dos diferentes frutos secos podem ter no sabor do azeite. Em Portugal temos condições excelentes para poder fazer grandes azeites. 

PME Mag. – Qual a mensagem por detrás da OliveEmotion? 
I. F. – A OliveEmotion é uma marca de azeite premium que pretende despoletar ligações emocionais pela redescoberta do azeite e a atração por combinações inexploradas. E por isso potenciamos as experiências gastronómicas com chefs e experiências de viagens de azeite juntamente com parcerias que vamos estabelecendo. 

“Em Portugal temos condições excelentes para poder fazer grandes azeites”

PME Mag. – Quais são as maiores dificuldades em vender a ideia de uma maneira diferente de consumir azeite? 
I. F. – Como produto, questões como a quantidade de benefícios que tem para a saúde. O azeite, por já estar na nossa alimentação em Portugal de uma forma tão rotineira e não ter sido tão valorizado ao longo de tantos anos, torna mais difícil agora querer diferenciar num contexto atual o que distingue um azeite de outro em termos de qualidade. Acabamos por ter de ir por outras vias de diferenciação, como a forma inovadora como possamos combinar o azeite com outros ingredientes e as experiências que possamos criar à volta do azeite.  

PME Mag. – Como é que é o procedimento de “transformação” do azeite? 
I. F.  Um azeite extra virgem é “puro sumo de azeitona” sendo o processo constituído por várias etapas desde a apanha da azeitona até ao armazenamento do azeite. É o processo normal, onde temos a receção das azeitonas que passam por um processo de limpeza, lavagem e pesagem.  No seguimento, é feita a moenda, batedura e extração do azeite. É depois filtrado, armazenado em depósitos e embalado. 

“Um azeite extra virgem é puro sumo de azeitona”

PME Mag. – Como é que é feito o controlo de qualidade do mesmo? 
I. F. Trabalhamos atualmente com uma especialista em azeite que trabalha o perfil de azeite da OliveEmotion que se pretende internacional. É a responsável pelo desenvolvimento do blend. Trabalhamos sempre com azeites provenientes de azeitonas de pequenos produtores. Esse blend é depois formulado num lagar certificado e com todas as condições de higiene e segurança e permanece num depósito que possa servir a marca OliveEmotion.  

PME Mag. – Qual é a durabilidade do azeite? 
I. F. – O nosso azeite é um azeite extra virgem e, mantendo as suas características com a maior frescura possível, tem uma validade de dois anos desde que é embalado. Esta duração pode variar em função de condições como o tipo de embalagem em que é embalado e a sua preservação. À medida que vamos aprendendo mais sobre os diferentes azeites começamos a perceber melhor as diferenças entre eles. É um pouco como os vinhos.  

PME Mag. – Há uma ínfima capacidade de reinventar o azeite? 
I. F. A capacidade de reinventar o azeite não tem limites. O azeite pode ser utilizado na gastronomia de múltiplas formas, com combinações novas que normalmente não nos lembraríamos. Pode ser utilizado em tratamentos e prevenção de doenças graças aos seus mais de 100 benefícios para a saúde. E até cosmética e tratamentos de beleza têm beneficiado cada vez mais da utilização do azeite para a pele e para o cabelo. Há aqui um potencial tremendo que se pode explorar. 

PME Mag. – Há um target específico para o vosso produto?  
I. F. Trabalhamos essencialmente com um posicionamento premium em lojas gourmet, lojas especializadas de azeite e no canal de hotelaria e restauração com hotéis de quatro e cinco estrelas.  

“Até cosmética e tratamentos de beleza têm beneficiado cada vez mais da utilização do azeite para a pele e para o cabelo”

PME Mag. – Onde vê a Olive Emotion em dez anos? 
I. F. – Atualmente, é muito difícil antever onde vão estar as marcas por horizontes temporais muito largos porque o contexto atual é muito dinâmico e temos de ajustar-nos. O objetivo da OliveEmotion é ser uma marca fortemente implementada internacionalmente e reconhecida pela forma como chega aos seus consumidores, potenciando as experiências à volta do azeite e os benefícios que o azeite tem enquanto gordura saudável e tentando alavancar a sua presença através de um forte investimento digital que ajude a potenciar essas experiências.  

PME Mag. – Venceram nos prémios de melhor website e escolha do consumidor nos E-AgroAwards. Um bom website é o melhor cartão de visita de uma empresa? 
I. F. Ter um bom website, atualmente, é importante para dar visibilidade à marca internacionalmente e promover o conceito e ser diferenciador. E com o digital chegamos a todo o mundo. É preciso trabalhar uma série de ferramentas do marketing digital que nos permitam chegar aos consumidores e potenciar a venda.  

PME Mag. – De que tipo de investimento carece um bom cartão de visita dos tempos modernos? 
I. F. Nos últimos meses, vemos a importância do digital e das vendas online. É um processo que leva tempo e requer um investimento elevado, pois, em determinados segmentos, não era até agora usual comprar produtos online, como é o caso do azeite.

Artigo originalmente publicado na edição de Julho de 2020