Ana Cristina Rosa ajuda pessoas a transformarem talentos e paixões em negócios de sucesso. Resultado da sua entrada no mundo do ensino online, especializou o seu trabalho no acompanhamento de empreendedores que querem criar do zero cursos digitais e lançou a primeira certificação em Portugal em Instrução Online.
Por Mafalda Marques
Fundadora da Nova Vita, empresa que fundou em 2011 e que tem hoje uma equipa especializada que presta serviços de formação, coaching e mentoria nas áreas de Empreendedorismo e Liderança, Ana Cristina responde à PME Magazine sobre o futuro do ensino online.
PME Mag. – O que é a Certificação em Instrução Online?
Antes de explicar o que é, quero explicar o Porquê, ou seja, enquadrar um como surgiu esta Certificação.
Tornei-me formadora certificada em 2009 e durante todos estes anos dei milhares de horas de formação. Em 2013 comecei a ministrar ações de Formação de Formadores e um ano mais tarde Formação de Formadores em regime B-learning.
Sempre fui apaixonada pela área multimédia. A minha licenciatura iniciada em 2004 foi em Comunicação Social e Educação Multimédia e mais tarde tirei o Mestrado em Produção, Edição e Comunicação de Conteúdos em Multimédia. Em 2011 fiz uma formação de especialização em Ensino à distância e comecei a colaborar com algumas empresas nesse formato.
O que sentia é que era tudo feito de uma forma muito distante com pouca ou nenhuma interação com os formandos e num ambiente demasiado formal.
Em paralelo continuei a dar formações presenciais através da minha empresa a Nova Vita, criada em 2011 e outras empresas parceiras. Pensava muitas vezes que gostaria de criar no online a mesma proximidade e interação que existia no presencial.
Muitas pessoas diziam-me que nunca seria igual, mas eu queria acreditar que sim, via o online como o futuro e queria mover-me nesse meio sem perder a magia da interação que conseguia criar no presencial com os meus formandos.
Comecei a frequentar alguns programas online no estrangeiro, principalmente Estados Unidos e Brasil e gostei do que descobri.
Em 2016 decidi arriscar num modelo completamente diferente de formação e apresentei no mercado português um programa 100% online, no entanto a aceitação ficou aquém do que eu tinha esperado. Decidi reformular toda a estratégia e em 2017 voltei novamente a lançar o meu programa – um programa que ajuda pessoas desmotivadas com a sua vida profissional a tornarem-se empreendedoras. A adesão foi fantástica, e hoje só esse programa tem 240 alunos online.
Em dois anos fiz 21 lançamentos de programas online e neste momento tenho 350 alunos só no online.
Trabalhando eu com empreendedores comecei a ser muito requisitada para partilhar o meu método de criar e lançar cursos online em Portugal e foi assim que nasceu o Programa TYP (Teach Your Passion) Certificação em Instrução Online que permite ao empreendedor criar passo a passo um programa online e vendê-lo no mercado português.
PME Mag. – Que entidade lhe atribuiu a certificação?
O curso atribui certificado emitido pela DGERT (Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho) e ainda o Certificado como Instrutor Empowarte, uma metodologia que desenvolvi e que está a neste momento registada a nível europeu.
PME Mag. – Em que consiste o Programa?
O programa é mesmo um passo a passo detalhado de tudo o que é preciso fazer para criar e vender um programa online com sucesso.
Numa primeira fase o aluno define com precisão qual o seu nicho e que necessidades vai resolver o seu curso. Depois passamos para a parte de construção e organização dos conteúdos. É muito importante que exista um encadeamento entre todos os módulos e que o aluno sinta que é levado numa viagem ao longo do programa. Depois aprofundamos a parte técnica de que tipo de plataformas online são necessárias para alojar o curso, dinamizar as aulas, interagir com os grupos, etc.
Numa segunda fase toda a atenção é dedicada à comunicação, ou seja, como preparar o mercado para que o curso se torne um Sucesso de Vendas. Tudo é elaborado ao detalhe e os instrutores certificados ficam com todas as ferramentas para criar um negócio de ensino online.
Orgulho-me mesmo muito deste programa e da forma como está estruturado. Sinto que vem mesmo colmatar uma lacuna no mercado.
Normalmente existem cursos que formam formadores e todo o foco é na componente pedagógica, e depois existem outros cursos em que o enfoque é no marketing.
O TYP não faz a separação entre estas duas áreas. Porque, de que adianta ao formador ter um curso fantástico se não sabe vendê-lo? Ou do que adianta ao marketeer ter estratégias de venda fantásticas se depois não sabe motivar os seus alunos?
O TYP é um programa chave na mão para todos os que querem entrar no mundo do ensino online.
PME Mag. – Quanto custa fazer a Certificação?
O valor oficial do programa são 1.997€. Mas sempre que inicia uma nova turma os alunos têm a possibilidade de usufruir de todo o programa por um valor especial. Na edição de Maio o programa está a 1.297€.
PME Mag. – Qual a duração da certificação?
A Certificação tem uma duração de 3 meses. São 8 módulos centrais que ficam disponíveis ao longo de 8 semanas e mais módulos Bónus oferecidos por empreendedores meus parceiros que abordam temas como a Marca Pessoal, Website, Produtividade, Edição de Vídeo, Storytelling.
No final o aluno entrega um projeto final com parte teórica e prática, que é avaliado e posteriormente atribuída a certificação. No final do programa todos os alunos têm o seu curso online criado.
PME Mag. – Indicou ter mais de 100 formadores certificados online. Qual o vosso objetivo para 2020?
Temos neste momento 104 instrutores, com apenas duas edições da certificação. O objetivo para 2020 é duplicar estes números.
PME Mag. – Que mais valia traz esta certificação?
Acima de tudo a garantia de resultados. O TYP já existia antes de toda esta crise que estamos a atravessar. A primeira edição foi lançada em outubro de 2019, o que significa que os primeiros instrutores online certificados saíram para o mercado em janeiro deste ano. E tem sido incrível acompanhar o seu sucesso.
Com tudo o que aconteceu tive instrutores a adaptarem o seu trabalho presencial ao online em dois dias. Uma das instrutoras tem uma academia de dança e em 3 dias passou uma escola de 280 alunos para o online, com as ferramentas que tinha aprendido no programa.
Tenho alunos com cursos na área da dança, vendas, terapias, desenvolvimento pessoal, parentalidade, vídeos, produtividade, cake design, meditação, costura, maquilhagem, treino de cães, finanças, aromaterapia, defesa pessoal, alimentação, pastelaria, etc.
Como digo praticamente todas as áreas podem ser transformadas num curso online. E sem dúvida esta Certificação dá o passo a passo não só para criar um curso de sucesso mas também para conseguir vendê-lo no mercado.
O futuro do ensino online
PME Mag. – Está a acompanhar principalmente empreendedores e empresários em nome individual ou também pequenas empresas?
Ambos, mas uma percentagem maior são empreendedores em nome individual, principalmente pessoas que já têm um negócio no presencial e que querem agora chegar a mais pessoas através do online.
PME Mag. – Temos assistido à proliferação de ofertas de ensino online. “Não basta usar os conteúdos de sempre mas agora no Teams ou no Zoom. Não são as plataformas que fazem com que um curso passe a ser digital. As plataformas são apenas o meio. É necessário adaptar pedagogia, exercícios, novas formas de estimular a audiência e até de avaliação. Ensinar online requer investir tempo na utilização de novas metodologias, acima de tudo. Senão é “business as usual” mas com um ar tecnológico cool”. Quer comentar?
É importante fazermos aqui uma distinção de termos.
Em Portugal ainda não se ouve muito falar nisto, mas a nível internacional surgiu a necessidade de criar uma nova terminologia para o que está a acontecer. E em vez de Ensino Online/Ensino à distância/Instrução Online está a utilizar-se o termo Emergency Remote Teaching que em português será algo como Ensino Remoto de emergência.
E porquê a necessidade de distinguir os termos? Porque ensino online é muito mais do que marcar uma sessão no zoom e ensinar os conteúdos da mesma forma que seria feito se estivéssemos presencialmente.
Criar um curso online é algo que precisa de tempo, método, dedicação, conhecimentos.
Em média uma universidade leva entre 6 a 9 meses para criar um curso em formato e-learning. No TYP para criar um curso de 4 semanas os meus alunos investem 3 meses do seu tempo. Logo é natural que com as atuais circunstâncias e não havendo esse tempo, se assista a uma tentativa mal conseguida de ensino online. E daí a necessidade de criar uma nova terminologia para o que se está a fazer.
Na minha opinião é muito importante que todos aqueles que nas últimas semanas se viram “obrigados” a ensinar online tenham isto em consideração – reconheçam os métodos e técnicas pedagógicas que estão a utilizar como uma solução provisória e comecem em paralelo a investir no desenvolvimento de competências para criar verdadeiras ofertas de ensino online.
O Ensino Online já não é algo do futuro, é o nosso presente.
Hoje posso afirmar com a minha experiência no terreno e com a experiência de todos os meus alunos que é possível ensinar online de forma muito dinâmica e interativa. No entanto a metodologia e técnicas pedagógicas utilizadas no mundo digital são muito diferentes do presencial, e não me refiro apenas às plataformas, mas a todo o encadeamento dos conteúdos, duração das aulas, forma de comunicação, exercícios propostos, etc.
Tudo tem que ser adaptado a este ambiente. É urgente investir no desenvolvimento destas competências/conhecimentos porque o ensino online veio para ficar.